Sua Majestade, O Bardo

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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Fabio Luz: Um escritor valenciano a serviço do povo


Fábio Luz: Um escritor valenciano a serviço do povo


Ricardo Vidal, 30 anos, escritor.
Autor do livro “Estrelas no Lago”.
Estuda Letras/Inglês na UNEB-Salvador.
Blog:
www.bardocelta.blogspot.com.
E-mail: cve_livros@hotmail.com


No mês que se comemora o Dia do Escritor e numa época em que a literatura valenciana cada vez se destaca (com lançamento de livros em praça pública, escritores ganhando prêmios de literatura ou sendo membros de Academias de Letras), vale a pena lembrar de nomes dos outros escritores valencianos que construíram este caminho. Nomes como o de Fábio Luz.


Fábio Lopes dos Santos Luz nasceu em Valença/BA no dia 31 de julho de 1864 e faleceu no Rio de Janeiro/RJ no dia 09 de maio de 1938. Foi escritor, médico, educador e ativista social; colocando sua inteligência e talento a serviço das camadas mais pobres a população.

Dr. Fábio Luz viveu toda sua infância e adolescência em Valença, de onde saiu aos 19 anos para estudar Medicina em Salvador. Suas lembranças de como se vivia então a maioria do povo valenciano o levaram a participar ativamente dos movimentos abolicionista e republicano – ao acreditar que os problemas sociais eram causados do regime imperial. Formado como médico higienista em 1888, Dr. Fábio Luz mudou-se para o Rio de Janeiro (então capital brasileira), aonde viria trabalhar como médico e inspetor escolar. Seu desvelo com que tratava os doentes pobres fez com que ganhasse o respeito e admiração do governo.


No Rio de Janeiro, entra em contacto com o Anarco-comunismo e passa a militar na imprensa operária, escrevendo para jornais como “A Plebe”, “Spartacus” e “Voz da União”. Junto com outros intelectuais de esquerda (como Rocha Pombo e José Veríssimo), Fábio Luz chegou a organizar uma “Universidade Popular de Ensino Livre”, experiência de alguns meses que levou educação científica e política aos trabalhadores. Intelectual respeitado pelas elites e querido pelo povo, dedicou os últimos anos de sua vida na luta pela revolução social e à crítica ao Bolchevismo. É considerado um dos maiores intelectuais do anarquismo brasileiro, representante da pedagogia libertária e um dos precursores da luta ambiental, sendo reverenciando não só no Brasil como no mundo.


LITERATURA SOCIAL: Além dos artigos que publicou na impressa operária, Fábio Luz escreveu vários romances e novelas. Ele é autor dos livros Novelas (1902), Ideólogo (1903 - romance), Os emancipados (1906 - romance, sua obra-prima), Virgem-Mãe (1908), Elias Barrão e Xica Maria (1915), Nunca! (1924) Manuscrito de Helena (1951 – publicação póstuma). Nos seus textos se destaca a temática de crítica social e a propaganda dos ideais anarquistas. Na apreciação do seu amigo José Veríssimo, Fábio Luz é citando, junto com Graça Aranha, como um dos representantes do romance social. Dr. Fábio Luz foi eleito membro da Academia Carioca de Letras.


Bibliografia
FENERICK, José Adriano. A literatura anarquista dos anos 1900/20: um estudo da recepção em dois quadros críticos. In MNEME – Revista Virtual de História, nº 10, V. 5, abr/jun. de 2004.
FÁBIO LOPES DOS SANTOS LUZ. Wikipedia. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A1bio_Lopes_dos_Santos_Luz. Acessado em 29 de junho de 2008, às 02h02.
FÁBIO LUZ – Dados biográficos. Disponível em http://www.nodo50.org/insurgentes/textos/brasil/17fabioluz.htm. Acessado em 29 de junho de 2008, às 02h08.
ANARCOEFEMÈRIDES DEL 31 DE JULIOL. Luz – Mahé – Simon - Bianco. Disponível em http://anarcoefemerides.balearweb.net/archives/20070731. Acessado em 29 de junho de 2008, às 02h06.
BRASIL-CELIP: Foi fundada a Biblioteca Social Fábio Luz. Disponível em http://www.ainfos.ca/02/aug/ainfos00234.html. Acessado em 29 de junho de 2008, às 02h02.


Salvador, 28 de julho de 2008. (04h30)

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Apostolo Santiago Mayor



O poema em espanhol, do post abaixo, foi uma forma de deixar passar em branco do Dia do Apóostolo Santiago Mayor, padroeiro de Espanha. Imagino como deveria ter sido a festa lá em Compostella. Um dia eu ainda estarei lá na catedral, rezando à Deus Todo-Poderoso e para meus santos de devoção.


Aliás, se ontem eu fiz a boa apresentação do meu trabalho durante o Seminário de Estágio de Letras (SELETRAS) da UNEB, só posso agradecer à Santiago Mayor e a Santa Teresa D'Ávila.

Atardecer en el Invierno - espanhol

Atardecer en el Invierno

Salvador, 26 de noviembre de 1997
(01h30 Salvador, 09 de abril de 2003)

Las hojas bailán en el aire
Al beso del viento gelido.
El frío del revuelo
De Sueños y Nostalgía
Venteando en las llanuras
Como albas polares.

Son semillas del Otoño,
Son sombras de la Luna,
Noches blancas sin fuegos,
Besos puros de nieve negra
De un anochecer
. en el
. invierno.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Sob o signo de Toth

SOB O SIGNO DE TOTH / Uso e tipos
de textos no ensino da língua inglesa

“Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe — que faz a palma,
É chuva — que faz o mar”
Castro Alves

O Papel do Texto. A presente comunicação surgiu como fruto do relatório apresentado na disciplina Estágio I, realizado sob a supervisão de Profa. Dra. Janaína Weissheimer, no final de 2006. A escolha inicialmente era para saber se eram usados textos escritos paradidáticos no ensino de língua inglesa. Contudo, achou-se de bom alvitre estender a pesquisa, observando antes se textos escritos (ênfase) ERAM USADOS na sala de aula para depois averiguar a tipologia dos textos usados. Contudo, por que pesquisar se os textos são usados?

Teoricamente, como o uso de um idioma envolve o uso das habilidades audiovisuais, aprender um idioma implicaria em aprender também a ouvir, a falar, a ler e a escrever. E da mesma forma que uma pessoa só aprende a falar bem se ela aprendeu a ouvir bem; ela também só escreverá bem se ela ler bem e muito. Como resultado desta tautologia, qualquer aulas de um idioma deveria fazer uso regular de livros didáticos e paradidáticos. Isso é, deveria ser a realidade na práxis do ensino de qualquer língua.

Para reforçar o uso dos textos no ensino de língua, há também a importância social que a escrita possui.. A escrita representou a primeira grande revolução tecnológica, a ponto de servir como marco zero da História e, durante muito tempo, o único suporte onde a fala pudesse viajar através do continuum espaço-tempo. Da mesma forma, a alfabetização ajudar a marcar as diferenças sociais. Exemplo está na exploração colonial na África e nas Américas, ideologicamente justificada porque estas populações autóctones, por serem ágrafas, não teriam “cultura” e assim, precisavam “tutelados” dos “civilizados” europeus… Se, como disse o filósofo inglês, Sir Francis Bacon, “Saber é poder”; saber ler e escrever torna-se contitio sine qua non par’ascensão social.

Contudo, se, por um lado há todos estes argumentos, o ensino da leitura e da escrita (ou seja, o uso de textos) é imperioso, especialmente no ensino de língua estrangeira, que aumentaria ampliar as fronteiras cognitivas do aluno; por outro lado não se pode negar que a recente revolução tecnológica que atingiu a comunicação, com o aparecimento da radiodifusão e da telemática, baseados numa audiovisualidade dinâmica e interativa, de certa forma quebra a hegemonia que a escrita tinha na sociedade. E seguindo estas tendências sociais, percebe-se que o ensino de línguas (principalmente a estrangeira) volta-se a agora para outras abordagens e metodologias menos livrescas e mais “comunicativas”, focadas (com certo exagero, diga-se de passagem) na oralidade.

Sendo assim, pegando o signo de Toth (o deus egípcio da escrita e do saber), a pesquisa, ao voltar sua análise para o uso dos textos num mundo multimídia, não só procurava, inicialmente, compreender o lócus desta ferramenta dentro da nova realidade como tentar apontar novas direções para seu uso dentro da sala de aula – mormente no ensino de língua inglesa. Para tanto, foi observado 10horas/aulas nas 07ª e 08ª série da rede estadual de ensino e 06 horas/aulas num curso particular de idiomas.

Big Crush da Galáxia de Gutenberg. Antes de entrar na discussão pedagógica propriamente dita do ensino de língua inglesa, é preciso entender que admirável mundo novo é esse que se apresenta na contemporaneidade.

Os modernos teóricos da comunicação, como Marshal McLuhan, Albino Rubim, Sérgio Bairon, André Lemos et caterva costumam chamar de Idade Mídia, ou seja, a era em que sociabilidade humana é perpassada principalmente pelas redes telemáticas e a comunicação de massa. É uma era caracterizada pelas multimídia, instantaneidade, televivência, interatividade, interfaces e audiovisualidade. Como diz Albino Rubim, no ensaio “Comunicação, Política e Sociabilidade Contemporâneas: subsídios para uma alternativa teórica”: A contemporaneidade apresenta como uma de suas marcas mais características a (oni) presença tentacular de comunicação midiática (…). Como um deus e sob as mais diversas formas, ela aparece na quase totalidade de lugares e tempos sociais. (…) Seu aparente imediatismo, sua instantaneidade e simultaneidade reinventam vivências, alteram percepções, sensibilidades e processos cognitivos. Isso pode observado, por exemplo, na convergência tecnologia que faz do telefone celular, hoje, também num aparelho de rádio e TV, tocador de MP3, câmara fotográfica, estação de acesso à internet etc. Ou nesta apresentação, com um computador apresentado simultaneamente imagens, texto e música. Mais multimídia, impossível!

Diante desta nova ordem mundial que Sérgio Mattos, no seu ensaio “Meios de Comunicação a serviço da Educação (pedagogia dos meios)” fala da importância de se incorpora as outras mídias além do livro na sala de aula, inclusive não só para integrar o aluno a este novo mundo como para facilitar a própria aprendizagem. Como ele mesmo diz: A utilização do rádio e da televisão em sala de aula tanto auxilia o professor no desempenho de sua função de ENSINAR, como ajuda o aluno no seu papel de APRENDER. Aliás, não é a toa que hoje surge o campo da Educomunicação, interface da Pedagogia e a Comunicação de Massa.

Dialética do Papiro e da Oralidade. Sendo, pode-se imaginar então a morte do texto como elemento didático? A Galáxia de Gutenberg, construída a partir da linearidade estática da escrita, entrou na fase de contração e caminharia para seu fim? A resposta é não. Pelo menos pr’alguns teóricos, como Christina Smart, Mark Augustine, Gail Ellis e Cheron Verster. Eles apresentam uma nova síntese, reabilitando o uso dos textos no ensino de uma língua.

Christina Smart escreveu dois ensaios, chamados “Uso de poemas para desenvolver habilidades receptivas” e “Uso de poemas para desenvolver habilidades produtivas”. Neles, ela defende o uso de poemas tanto para o desenvolvimento da leitura e da escrita, como da fala e da audição. Aliás, ela disse que “Poemas são, afinal, textos autênticos. Por isso são motivadores. São ricos em referencias culturais e criam muitas possibilidades de aprendizado”. Gail Ellis compartilhar mesma opinião, no ensaio “Estimulando os alunos a lerem”. Quando diz que “Motivação é um das chaves para o sucesso do aprendizado de um outro idioma” e que o uso de literatura autêntica como complemento ao material-base é uma das vias para motivar o adolescente.

Seguindo esta linha, Mark Augustine fala das vantagens do uso de poemas no ensino de língua estrangeira (no caso, através do haikai) e Cheron Verster propõem uma maior interação com textos, a partir de Atividades Dirigidas relacionadas com os mesmos.

Analisando as aulas. Essa é a teoria. Mas o que foi visto na prática o uso de textos, comparando as aulas regulares na rede pública de ensino e num curso particular de idiomas. As observações foram feitas entre o final de novembro e o início de dezembro de 2006. Em ambas as situações, os professores possuem o curso superior de Letras.

No curso de idiomas, as turmas eram menores, as salas de aulas em boas condições, com os alunos disposto em semicírculo, o ambiente estava bem equipado (computador conectado na internet nos corredores, salas com TV e DVD, etc). Também usava um método mais “moderno” (o áudio-lingual). Ora, mais no que foi observado, foi feito pouco uso do livro didático (menos de 15 minutos num total de 06 horas de observação). O resultado disso (que não pode deixar de ser notado) foram que as turmas estavam um pouco apáticas em relação à aula. Sem querer entrar no mérito da metodologia (o qual não estava no foco da pesquisa), considerando também que a observação não estudava motivação dos alunos (e assim não forma vistas outra variáveis) e apesar do talento e do esforço do professor em evitar a apatia do curso, a impressão passada foi que a repetição mecânica de frases prontas e a inexistência de um texto didático que ancorasse para aula deixavam os estudantes a deriva no mar multimidiático de informações. Também parece indicar a importância dos textos paradidáticos, com textos autênticos, na consolidação do ensino de uma língua estrangeira.

Já na escola pública, as turmas são maiores, salas de aulas em condição regular (como no caso de laboratório desativado que foi transformado sem ala de aula a toque de caixa), havia disposição irregular dos alunos, presença de poucos recursos didáticos, metodologia mais clássica (Gramática e Tradução). Os recursos didáticos praticamente se limitavam ao aparelho portátil de som, giz e quadro-negro. Praticamente todos os alunos não possuíam o livro didático indicado pela escola. Contudo, apesar das adversidades, estes alunos não só usaram mais textos (paradidáticos) e como mostraram mais criatividade.

A empolgação e conseqüente sucesso dos alunos da rede pública em atingir os objectivos propostos corroboraram a afirmação de Christina Smart de que o poema é um grande motivador, por serem, antes de qualquer coisa, textos autênticos. Também foi a oportunidade de que os alunos, ao utilizar a letra de música (que, sob certo aspecto, tem parentesco com o poema), pudessem exercitar tantos as habilidades receptivas e produtivas, retomando as idéias de Chiritna Smart nos ensaios “Using poems to develop productive skills” e “Using poems to develop receptive skills”. Ou seja, puderam ler o poema, recitá-lo, coreografá-lo e dramatizá-lo, interagir com o texto, estudar e exercitar a gramática.

Igualmente despertou nos alunos a criatividade de apresentar os trabalhos. Uma equipe dramatizou a música “More than Words” em mímica e depois explicou o conteúdo na letra, parafraseando texto. Outra equipe fez um jogral para apresentar a tradução da música “One last cry”. Uma terceira equipe cantou um trecho da música “Three little birds” de Bob Marley. Além da gramática, foi trabalhada a questão de tradução, sendo apresentado não só exercício de passar o idioma estrangeiro para o idioma nativo como também o inverso, fazer uma “back-translation” e comparar a tradução feita pelos alunos com o texto original.

Uma coisa que precisa ser observado é que, como a escolha das músicas ficou a cargo dos estudantes, isso comprovou a sugestão de Gail Ellis, quando sugere na primeira parte do artigo “Motivanting pupils to read”, quando ele diz que se deve envolver o educando na seleção dos textos, se possível. Isso deu a eles um “sense of ownership and resposanbility”, dando mais empenho para a realização do trabalho. Isso possibilitou que os textos ficassem mais próximos à realidade cultural do estudante, fazendo que a aprendizagem tornasse mais significativa.

Conclusões e inquietações. Apesar de ser reconhecida a importância do texto escrito e do exercício das habilidades da escrita e leitura durante o aprendizado, isso não quer dizer o texto escrito esteja presente sempre no ambiente educacional, tão pouco ocorre o exercício satisfatório das habilidades supracitadas. Como surpresa agradável, no que pese os problemas, foi no sistema público de ensino que se usou mais e de forma criativa os textos.


Como observação marginal, também foi na escola pública que se notou mais sensibilidade à arte. Não só a convergência do teatro e da dança, como a percepção da inter-relação da mesma com a literatura. Foi no meio de umas aulas que o estagiário em questão ouviu um comentário marginal na conversa entre alunas, na qual uma lembrou a outra que poema também é texto e que se poderia ser utilizado um na execução do trabalho final.

Isso demonstra que o engano de outro senso comum de que a literatura e o ensino prático de um idioma devem ser tratados como compartimentos estanques ou que os resultados podem ser muito aquém do esperado. Mark Augustine, no seu texto, demonstrou o sucesso de se utilizar poemas (no caso, o “Haikai-hokku”, forma típica e epigramática da poesia tradicional japonesa) no ensino de Inglês. Christina Smart apontou quanto os poemas podem ser úteis nos desenvolvimento das quatro habilidades lingüísticas – e isso foi corroborado pela observação. A arte é algo inerente à condição humana e, por mais que os espíritos pragmáticos possam negar, ela é importante no processo de formação do homem – como pode ser observado na aquisição do idioma.

Mas porque ainda se tem resistência em usar a literatura no ensino de uma língua estrangeira? Porque ela se apresenta ainda como uma Medusa que petrifica, apavora e imobiliza alguns professores? Algumas pistas poderiam ser levantadas: O nível e a variedade de leitura dos profissionais de ensino da língua, a formação literária do mesmo (o quanto ela é diminuída ou relegada em segundo plano em detrimento a uma maior formação lingüística e baseadas em métodos “científicos e certeiros” de ensino), a pouca abertura dos educadores em experimentar outros caminhos para manter a segurança de alguns métodos. Essas questões podem ser o ponto de partida para uma pesquisa futura na área de Literatura e Ensino de Idiomas.

Outro dado que se observa é a adaptação da Educação com a nova realidade gerada pelo avanço das tecnologias midiáticas. Não se podem negar que as mídias fundadas na audiovisualidade implicaram numa outra visão de mundo, similar ao impacto que a invenção da imprensa por Gutenberg gerou na sociedade feudal, baseada na oralidade. O mundo ver o nascimento de uma outra forma de sociabilidade, uma outra percepção de mundo, um novo paradigma, uma nova racionalidade, que alguns pensadores chamam de rizomática e multipolar. Cedo ou tarde a educação absorverá estas mudanças. Mas como será esse processo? Essa é outra linha de pesquisa, que poderia ser analisada no futuro.

Finalmente, este relatório deixou a semente de esperança de que literatura não é só apenas o deleite estético de alguns poucos iniciados. Ela tem um lugar importante no ensino de qualquer idioma e que a contemporaneidade ainda não está sabendo explorar. Os poetas concretistas (liderados por Décio Pignatari e os Irmãos Campos), nos anos 60, vislumbraram que a poesia deixaria de ser linear para que ela pudesse se adaptar ao nascente mundo cibernético da telas de TV. Eles puderam ver a revolução da informática e reinventaram seus poemas para caberem no “Power-point” e no HTML dinâmico. Por que não o aprendizado de um idioma não pode reivindicar esta nova literatura como seu instrumento de trabalho e assim se reinventar, tornando ainda mais agradável? Fica assim esta derradeira provocação.

Para finalizar, há essa citação de Castro Alves, que foram usados como epígrafe. Fica o convite para se semear livros na alma de um aluno. Livros que, como já dizia Monteiro Lobato, fazem partem na construção de um país.

Salvador, 24 de julho de 2008 (00h05/12h25)

BIBLIOGRAFIA
BULFINCH, Thomas. Mitologia geral – a idade da fábula. Trad. Raul L.R. Moreira e Magda Veloso. Belo Horizonte: Itatiaia, 1962. (Coleção descoberta do mundo. Vol. 21)
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. 10 ed. Trad. Décio Pignatari. São Paulo: Cultrix, 1995.
BAIRON, Sérgio. Multimídia. São Paulo: Global, 1995 (Coleção contato imediato)
RUBIM, Antonio Albino Canelas. Comunicação, política e sociabilidade contemporâneas: subsídios para uma alternativa teórica. In: RUBIM, Antonio Albino Canelas (Org.). Idade Mídia: Salvador: Edufba. 1995.
MATTOS, Sérgio. Meios de Comunicação a Serviço da Educação (Pedagogia dos Meios). In: RUBIM, Antonio Albino Canelas (Org.). Idade Mídia: Salvador: Edufba. 1995.
VERSTER, Cheron. Interacting with texts – Directed activities related to texts (DART’s). Disponível na página http://www.teachingenglish.org.uk/think/read/darts.shtml, acessada no dia 06 de janeiro de 2007, às 20h17
ELLIS, Gail. Motivantig pupils to read (1). Disponível na página http://www.teachingenglish.org.uk/think/literature/motivate_read1.shtml, acessada no dia 06 de janeiro de 2007, às 21h09
SMART, Christina. Using poems to develop receptive skills. Disponível na página http://www.teachingenglish.org.uk/think/literature/poems_recep.shtml, acessada no dia 06 de janeiro de 2007, às 21h00
SMART, Christina. Using poems to develop productive skills. Disponível na página http://www.teachingenglish.org.uk/think/literature/poems_prod.shtml, acessada no dia 06 de janeiro de 2007, às 21h00
AUGUSTINE, Mark. Complete poetry resuscitation. Disponível na página http://www.teachingenglish.org.uk/think/literature/haiku.shtml, acessada no dia 06 de janeiro de 2007, às 21h21
VIDAL, Ricardo. Tempos de Mudança. Texto disponível na pagina http://bardocelta.blogspot.com/2006/08/tempos-de-reforma.html. Acessado em 26 de agosto de 2006 às 19h45.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Poema Muerto - espanhol

Poema Muerto

Valencia, 19 de abril de 2003
(Salvador, 22 de abril de 2003)

Hizo un día que alguien me escribió un poema, que diría:
¡Yo te amo!
Es extraño como el poema se perdió en el tiempo.
¡En el Espacio, no!
É continua vivo. Fuerte y Vivo.
El hogar fue en…
(¿Que importa dicer donde
He escribido el poema?
Es recuerdo mío que ninguien necesita saber…)
¡Sé que el poema ge lindo!

Ahora ha otros caminos,
Ha otros corazones que pertiencén
A la bien amada que está leja de mi…

Poema, yo te perdí en el Tiempo.
Usted murió como el cristal dulce
En el verano de guierra
En tu copa yo no más beberé
Tus besos de otrora,
Tus senos de otrora,
Tus cariños de otrora.
Yo no veré más las dulces albas
Que ha acordado coloradas.
Solamente la nostalgia persigue
Mi corazón, mi catedral de Compostella
En que te encerré, amado poema
De cuerpo gallego,
Sonsira ancha como el sueño de Pandora,
Lindos ojos de perla
Del mar de Vigo.

Mis sueños, jamás os veré
Desde que te perdí, poema de alba,
Inmortal y muerto poema de Pandora.

domingo, 20 de julho de 2008

Luz Noturna - da série "Fogo-Fátuo"

Luz Noturna

Salvador, 22 de outubro de 2000. – 00:26h

O Sol deita–se no horizonte – Lânguido;
As estrelas vão despontando – Lúbricas.
E cautelosa, aparece a Lua – Mágica;
Como os pirilampos dançando – Patéticos

Mas, nas campinas, os duendes cantam – Trágicos;
As corujas voam de suas tocas – Náufragas.
Os fantasmas percorrem as ruas – Lógicas;
Como os soldados rubros – Soviéticos.

E as Bruxas, em seu esplendor – Único;
Realizam seus conclaves – Orgiásticos,
Nesta lua nova no céu vermelho – Sôfrego.

E como se vida não passasse de um Sábado,
O Tempo corre para completar o seu Tráfego
E noite se finda, calma, ébria, serena – Báquica.

Não tem preço, por Ricardo Vidal 02

Texto 02

Quando se tem 15 anos, normalmente o bichinho da vaidade começa dá os primeiros passos numa pessoa. Uma roupa mais transada, um acessório da moda, um tênis de marca. Mas não foi o que aconteceu comigo no Natal de 1993. Naquele ano meus pais deram de presente uma mochila de marca e, de quebra, dois cadernos com papel apergaminhado. Em lugar de ficar entusiasmado com a mochila nova e de grife cara (afinal, eu estudava numa escola de elite), esta eu não dei muita bola. Sinceramente os cadernos me atraiam mais, porque pareciam quase que livros de capa-dura, por conta do acabamento. Achei um desperdício usá-los no dia-a-dia escolar. Reservei-os para passar a limpo os meus primeiros contos e poemas. Hoje, 15 anos depois, hoje sou escritor, com livro publicado. Poemas e contos participando de antologias e alguns prêmios ganhos. E quem diria que tudo começou com dois cadernos ganhos num Natal…

Não tem preço, por Ricardo Vidal 01

Não tem preço, por Ricardo Vidal

Salvador, 20 de julho de 2001

Texto 01

Cena 01: Natal de 1993, um casal maduro está parado e indeciso. De um lado, uma loja com uma mochila moderna e de grife. No outro, uma papelaria em cuja vitrine há um caderno com capa de couro. Olham entre si, com dúvida.
Narração: Mochila da moda – R$ 127,00

Cena 02: Ambiente familiar, o filho adolescente abre os presentes. Ao abrir o embrulho, ver a mochila. Parece sorridente. Abre a mochila e descobre que dentro dela está o caderno de capa de couro. O adolescente está com a respiração suspensa e olhos magnetizados pelo caderno. Os pais trocam olhas discretos, porém desconfiados. O filho adolescente pega o caderno e corre para seu quarto.
Narração: Caderno capa-dura – R$ 29,70

Cena 03: Madrugada, o filho adolescente está com o caderno aberto e o fundo de uma caneta encostada nos lábios. Parece meditar sobre algo quando seu rosto ilumina e começa a escrever as primeiras linhas no caderno.
Narração: Começar uma carreira de escritor…

Cena 04: O adolescente, já um pouco mais velho, ganha um prêmio literário. Recebe os parabéns de escritores famosos, numa sessão da Academia de Letras.
Narração: … e ganhar prêmios literários, não tem preço!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Luz Mágica - Da série "Fogo-Fátuo"


Luz Mágica


Salvador, 22 de outubro de 2000. – 00:26h


Chegando a vida em seu limiar,
No qual fenecem as luzes d’archote,
E a sinistra sombra, negra e forte,
Começa o trabalho, a gargalhar.


No meio do caminho, entre galgar
A escada do paraíso – ou outra sorte
Fatal lançada pelo triste corte
De Átropos, ao inferno for parar;


O importante é ter a certeza
De que a vida inteira muito bem gozou
Como a maior das grandes belezas.


Assim, tal quem a senda, um dia trilhou,
dirá: “Importa vivir la vida de tal suerte
Que quede vida mismo en la muerte
.”

Fragmentos de um diário - Um minuto de fé



Ultimamente a minha vida está tão atribulada, tão cheia de desgosto, tão cheia de estafa. Por isso que achei bom ter encontrado no blog de Renata Belmonte a oração de São Expedito (e a de São Jorge no blog de Kátia Borges). E como não custaria nada, por que não colocar a oração dos santos de minha devoção, Santa Teresa D'Ávila e Apóstolo Santiago Mayor, no meu blog? Admito que eu não sou dos católicos mais praticantes e que deixo meu lado de livre-pensador falar alto inúmeras vezes em minha vida. Mas não nego que Santa Teresa D'Ávila cada que passa ganha mais afeição e carinho de minha parte. Ela já ganha ponto sendo espanhola e escritora (admito, há uma verve corporativista nesta devoção). Já Santiago... Ele é a padroeiro da Espanha e seu santuário maior fica na Galícia, tierra onde nasceu meu avô. A devoção veio no sangue. Assim, segue as duas orações, como um minuto de fé e reflexão...



**********


Oração de Santa Teresa:
Nada Te perturbe
Nada te espante
Tudo passa
Deus não muda
A paciência tudo alcança
Quem a Deus temNada lhe falta
Só Deus basta !...



**********



Oração de Santiago
Apóstolo Santiago, escolhido entre os primeiros, tu foste o primeiro a beber no cálice do Senhor, e és o grande protetor dos peregrinos; faz-nos fortes na fé e alegre na esperança, em nosso caminhar de peregrino seguindo o caminho da vida de Cristo e alenta-nos para que finalmente, alcancemos a glória de Deus Pai, Assim Seja.

domingo, 13 de julho de 2008

Novos poemas em Jornal

Só para constr, nos últimos dias foram publicados mais dois poemas meus no jornal Valença Agora: "Poema em Calda de Chocolate" e "Balada para o Progresso de Valença", nas versões mais atualizadas. Fica então o convite para lê-los, cliclando nos links.

E assim vou construindo minha carreira literária, tijolo por tijolo num desenho mágico, com meus olhos embotados de cimento e tráfego...

Enquanto isso (só para citar outra música), meu artigo sobre Fábio Luz caminha igual a humanidade, com passo de preguiça e sem vontade.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Do Exílio no Ponto

Do Exílio no Ponto

Salvador, 27 de outubro de 1999

Close to home – I cannot say
Close to home – Felling so far and away

Evening Falls – Lyric by Roma Ryan and Melody by Enya.

Longe de casa, em bárbara terra,
O poeta lê suas cartas.
Criador e criatura, Mestre que mergulhou
Na própria arte sua vida,

Contempla agora o mar. Ponto, longe porto
Limite do eterno Império;
Longe da cidade magna das sete colinas,
Longe de casa e dos amigos,

Ovídio Nasão, cantor das Metamorfoses,
Dos Fastos e dos Amores;
Contempla o porto como a gaivota
À terra distante.

Por que, Ovídio, por que este exílio?
Que infâmia, qual crime
Leva-te a dormires aí, distante
De tua Cara Roma?

Perdiderint cum duo crimina, carmen et error
E o silêncio profundo…
Se pelo teu erro inconfesso morreste no exílio
Ganhaste, contudo, a posteridade.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Luz Errante - Da série "Fogo-Fátuo"

Luz Errante



Salvador, 22 de outubro de 2000. – 00:26h




Nos penedos distantes, do fim do mundo,
Nas rocas perdidas no reino de Neptuno.
Nos clarões do céu nublado e distante,
Nas ardentias pelas ondas errantes

Um sentimento esquecido, da canção ancestral,
Ouve-se nas vagas preguiçosas um palor austral
Que voga ao sabor da suave, suave viração,
Que voga na célere e morna imensidão.

E nas nuvens, em sua maldita caravela,
Suspensa no firmamento, a nau vai partir
Triste, as Desgraças com pandas velas.

É o fantasma do Holandês Voador, a cumprir
A sina da maldição. Em vão vencer a besta fera
Das Tormentas, sem poder parar, sem poder desistir

Biblioteca do Bardo Celta (Leituras recomendadas)

  • Revista Iararana
  • Valenciando (antologia)
  • Valença: dos primódios a contemporaneidade (Edgard Oliveira)
  • A Sombra da Guerra (Augusto César Moutinho)
  • Coração na Boca (Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo)
  • Pelo Amor... Pela Vida! (Mustafá Rosemberg de Souza)
  • Veredas do Amor (Ângelo Paraíso Martins)
  • Tinharé (Oscar Pinheiro)
  • Da Natureza e Limites do Poder Moderador (Conselheiro Zacarias de Gois e Vasconcelos)
  • Outras Moradas (Antologia)
  • Lunaris (Carlos Ribeiro)
  • Códigos do Silêncio (José Inácio V. de Melo)
  • Decifração de Abismos (José Inácio V. de Melo)
  • Microafetos (Wladimir Cazé)
  • Textorama (Patrick Brock)
  • Cantar de Mio Cid (Anônimo)
  • Fausto (Goëthe)
  • Sofrimentos do Jovem Werther (Goëthe)
  • Bhagavad Gita (Anônimo)
  • Mensagem (Fernando Pessoa)
  • Noite na Taverna/Macário (Álvares de Azevedo)
  • A Casa do Incesto (Anaïs Nin)
  • Delta de Vênus (Anaïs Nin)
  • Uma Espiã na Casa do Amor (Anaïs Nin)
  • Henry & June (Anaïs Nin)
  • Fire (Anaïs Nin)
  • Rubáiyát (Omar Khayyam)
  • 20.000 Léguas Submarinas (Jules Verne)
  • A Volta ao Mundo em 80 Dias (Jules Verne)
  • Manifesto Comunista (Marx & Engels)
  • Assim Falou Zaratustra (Nietzsche)
  • O Anticristo (Nietzsche)