Sua Majestade, O Bardo

Minha foto
Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

domingo, 30 de novembro de 2014

Cartografia Boemia

Cartografia Boêmia

Valença; 29 de novembro de 2014 (23h16)

Tenho 36 anos e hoje foi noite de artes no Centro de Cultura. Exposição mais Peça de Teatro. Depois se alimentar o espírito com catarse e mimeses, o corpo pede uma boa comida. Vou ao Estação Tatiba e, enquanto o Filé Alto não vem, vou me entretendo ouvindo música e bebendo um mojito, como se logo depois Hemingway fosse aparecer na porta e apostar comigo uma partida de braço-de-ferro.
Tenho 36 anos e minha namorada está linda no seu vestido de organdi preto. Como não amar seu sorriso e seus olhos. Sei que a noite promete e por isso vamos para o Espaço Tiago Porto, comer um gostoso crepe de camarão. O vinho tinto, nas taças de cristal, é o aperitivo que prepara a língua para os beijos que nos daremos mais tarde, debaixo do chuveiro.
Tenho 36 anos e hoje é dia de voltar a ser criança. Meus pais e meu irmão chegaram de viagem e vão passar uns dias comigo. E nada como matar a saudades seguindo os velhos hábitos: ir mais uma vez à Casa Verde, sentar na mesma mesa perto do dono e pedir a mesma pizza toscana que eu sempre gosto. O garçom irá nos servir, trazendo sempre a mostarda (que papai não dispensa) e mamãe sempre deixará um pedaço de pizza a mais para que os filhos possam comer um pouco mais.
Tenho 36 anos e houve reunião na Academia de Letras. O final de sábado foi proveitoso em debates sobre artes e a cultura da nossa cidade e, para coroar o encontro, os imortais vão à Pizzaria Nossa Senhora do Amparo, contemplar a cidade enquanto saboreamos a pizza à moda da casa: Lagosta foi feita para ser degustada no Olimpo…
Tenho 36 anos e meus amigos do Clube Boêmio querem sair para se conversar. A internet pipoca de novidades e há muito que se discutir: política, cinema, livros e filosofia. Para desembaçar as ideias e excitar a língua, voltamos aos anos 80 e pedimos Lagoa Azul (a bebida, não o filme) e Vodka com Água Tônica, enquanto tramamos revoluções e reformas ara consertar o Brasil.
Tenho 36 anos e é a hora do Angelus. O Sol descansa indolente por detrás das colinas depois de um dia proveitoso na escola. Nossa Senhora do Amparo está comendo um delicioso acarajé feito por Acácio e Pelegrini está no seu Kiosk, servindo suas alquimias geladas e atiçando boas discussões sobre política junto com hambúrgueres de camarão.
Tenho 36 anos e estou só na noite de domingo. Está tudo calmo na minha cidade e vou ao Kiosk Águas de Março, comer casquinha de siri gratinada e cuscuz de camarão. Deixo que o Rio Una leve meu poema, enquanto encerro minha ronda boêmia pela cidade.
C:.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Dos livros valencianos que Valenca ignora

Dos livros valencianos que Valença ignora

Valença; 25 de novembro de 2014 (20h08)

Eu reorganizava minha biblioteca quando me deparei com um problema maquiavelicamente agradável: a quantidade de livros de autores do Baixo Sul crescera de tal forma que não cabem mais em uma prateleira de literatura baiana. Tinha que organizar uma prateleira específica para os autores de minha terra. 
Em uma análise superficial, alguém poderia creditar o fato a atual fase alvissareira, em que os autores de nossa terra têm publicado muitos livros em um período muito curto de tempo: algo como um novo livro a cada seis meses. Só em 2015 Valença viu o lançamento de oito novos livros, cinco dos quais compõe a “Coleção do Baixo Sul”. Contudo, como me referi antes, isso é uma análise superficial, pois a outra fonte de “novas” aquisições para minha biblioteca foi o garimpo nos sebos e são desses livros que eu gostaria de falar mais amiúde. Depois de horas e horas na frente do computador, conseguir achar algumas raridades de cair o queixo. Vejamos algumas:
Do Conselheiro Zacarias (cujo bicentenário de nascimento comemora-se no ano que vem) conseguir comprar duas obras: um volume com a coleção completa de seus discursos parlamentares e o seu tratado político “Da natureza e limites do poder moderador”. Seus discursos comprovam o porquê de ter recebido comentários favoráveis de Machado de Assis e Humberto de Campos: uma verdadeira aula de como debater política em alto nível, mesmo nos ataques cáusticos aos adversários. Sua obra-prima ajuda a entender não apenas o que se passou no meio do segundo reinado, como qual era mentalidade de parte da elite brasileira da época.
Igualmente interessantes são os escritos de Fábio Luz. Como o romancista, “Elias Barrão” e “Chica Maria” (1915) mostram um autor que analisa a realidade social do Brasil do início do século XX com a pena de um poeta na prosa. Mas o que esperar do erudito crítico literário que escreve “A Paisagem no Conto, na Novela e no Romance” (1922)? Basta dizer que, no último, nosso conterrâneo cita obras indianas e polonesas com a intimidade de quem conhece profundamente a literatura do mundo. Pena que é cada vez mais difícil achar seus outros livros – como suas obras-primas “Ideólogo” e “Os Emancipados”.
Durante as manhãs que passei no Memorial da Câmara (e nisso fico grato das boas conversas que tive com Janete Vomeri) descobri a indicação de três tesouros: a fotocópia do “Esboço Histórico do Município de Valença” (1918), de Manoel de Cunha Lopes e Vasconcelos; os poemas de Elmano Amorim e a prosa de Galvão de Queiroz (o jornalista, não o marechal - apesar de homônimo). De Elmano pude adquirir a edição autografada do “Luar de Agosto” (1967). Do jornalista (Inocêncio) Galvão de Queiroz consegui comprar seus livros infantis “Os Sinais Misteriosos” e “O pinguim que veio do frio”, além das suas traduções de “As alegres noites de Mont-Martre” de Maurice Dekobra e “A Besta Humana” de Émile Zola. Sei que há mais livros e traduções de Galvão de Queiroz (como os seus livros de contos “Caíva” e “Um punhal no coração”) e espero ter um golpe de sorte de acha-los nas poeiras de algum sebo… Golpe de sorte que me levou a “A Synthese Universal”, de Dr. Aristides Galvão de Queiroz. O livro de Aristides (de quem tenho dúvidas ainda se ele é tio ou tio-avô do jornalista) é um douto comentário sobre a Razão e a Fé, resgatando o papel da religião na sociedade. Consegui a edição original de 1880, com dedicatória a S.A.I Conde D’Eu. 
Fascinantes também são os livros do médico valenciano Prof. Alício Peltier de Queiroz: “A frigidez sexual da mulher” (1961) e “O problema clínico do retro-desvio uterino” (1943); o ensaio “Em busca de uma constituição: esboço de um ensaio de política objetiva” (1972) do ex-prefeito Admar Braga Guimarães e os dois volumes que compõe “Compêndio Narrativo do Peregrino das Américas”, de Nuno Marques Pereira. Esse autor teria nascido em Cairu no meado do século XVIII e escreveu o embrião do romance e da filosofia brasileira. Atualmente a Academia Brasileira de Letras edita esse livro, como parte da coleção Afrânio Peixoto.
É com um misto de admiração e tristeza que vejo quantos livros excelentes foram produzidos por valencianos (naturais ou adotados). Admiração em ver que a produção editorial de nossa terra é muito rica e possui uma tradição que até ajuda a explicar porque vivemos esse período de supernova literária. Mas é com tristeza que, descubro o quanto a nossa história e nossa memória tem sido negligenciada aqui em Valença. Diante dessa triste constatação, fica a suspeita: quais outros autores de nossa terra estão aí, esperando o momento para serem descobertos e, quiçá, serem reeditados?

terça-feira, 18 de novembro de 2014

4 Ases da poesia valenciana lancam livro


AVISO – Lançamento Adiado

O coquetel de lançamento do livro 4 Ases e 1 Coringa, que estava marcado para o dia 20 de novembro, no Centro de Cultura Olívia Barradas, foi suspenso devido a um súbito mal estar de Mustafá Rosemberg (um dos autores do livro) e a necessidade dele realizar os exames médicos de rotina. A abertura da exposição “Arte Negada” e a “Ocupação Cultural” ocorrerá normalmente, às 19h.

Ass. Adriano Pereira, Otávio Mota e Ricardo Vidal (coautores do livro).




4 Ases da poesia valenciana lançam livro



Ocorre na próxima quinta-feira, 20 de novembro, às 19h, o lançamento do livro de poesia 4 Ases e 1 Coringa no Centro Cultural Olívia Barradas. Na ocasião, também será realizada a abertura da exposição “Arte Negada” e a “Ocupação Cultural” com o tema Consciência Negra.
O livro reúne poemas dos “ases da poesia” Adriano Pereira, Mustafá Rosemberg, Otávio Mota e Ricardo Vidal (sendo os três últimos, membros da Academia Valenciana de Educação, Letras e Artes) e tem o prefácio escrito por Levi Vasconcelos, jornalista valenciano e "coringa" convidado para fazer a apresentação dos poemas. A arte da capa é assinada por Jamile Menezes. Livro e o lançamento contaram com o apoio cultural da Prefeitura Municipal de Valença, Câmara Municipal de Valença, SAAE, APLB Sindicato, LACLIV, COFEL, Casa Lacerda, Rio Mar Modas e Newton Gráfica e Recarga de Cartuchos.
Autores - 4 Ases e 1 Coringa traz para o público a produção recente de quatro nomes que se destacam na poesia valenciana nos últimos anos. Cada autor com sua linguagem e poética próprias, mas junto, formando o caleidoscópio que caracteriza a atual cena literária valenciana.
Mustafá Rosemberg é médico e publicou os livros Pétalas… também amei e Pelo Amor… Pela Vida!, além de semanalmente publicar poemas no jornal Valença Agora. Mustafá mantém vida a tradição dos sonetos construídos com milimétrica perfeição e domínio da língua portuguesa. Otávio Mota é artista visual, dramaturgo, escritor e coordenador do Centro de Cultura. Publicou os livros Pensar Fluidos e Apocalipse Man, além de ter encenado as peças Apocalipse Man, Ensaio para um Grito Brando, Bidi, Calu e o Rei Raul e Amares- Uma Saga de Todos os Ares. Ambos participaram das antologias Valenciando e Rio de Letras.
Ricardo Vidal é escritor da nova geração, formado em Letras/Inglês pela UNEB. Publicou o livro de poesia Estrelas no Lago. Adriano Pereira é outro jovem nome que se destaca nas artes de Valença, sendo o idealizador e curador da Ocupação Cultural. Atualmente estuda História na UFRB e públicos os folhetos Terço Mariano, Dez-Graças Poéticas, Dos(z)es P(r)ensadas e Primeiras Impressões – com poesias que são jogos concretistas com palavras. Os dois participaram da antologia Novos Valencianos.
Lançamento - Junto com o lançamento do livro, também será realizada a Exposição "Arte Negada", com os artistas visuais Juliano Brito, J. Pincel, Nen Cardim, Adilson da Bahia, E. Coutinho, M. Antônio, Gugui Martinez, Elias Santos, Adriano Pereira, Otávio Mota, Yara Lúcia, Luciano Freitas e outros artistas visuais do território o Baixo Sul; Performance teatral de Charles Miller e a "Ocupação Cultural", sarau multilinguagens que reúne os diversos artistas valencianos.

O quê? Lançamento do livro 4 Ases e 1 Coringa.
Quando? 20 de novembro, às 19h.
Onde? Centro de Cultura Olívia Barradas, Valença.



Biblioteca do Bardo Celta (Leituras recomendadas)

  • Revista Iararana
  • Valenciando (antologia)
  • Valença: dos primódios a contemporaneidade (Edgard Oliveira)
  • A Sombra da Guerra (Augusto César Moutinho)
  • Coração na Boca (Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo)
  • Pelo Amor... Pela Vida! (Mustafá Rosemberg de Souza)
  • Veredas do Amor (Ângelo Paraíso Martins)
  • Tinharé (Oscar Pinheiro)
  • Da Natureza e Limites do Poder Moderador (Conselheiro Zacarias de Gois e Vasconcelos)
  • Outras Moradas (Antologia)
  • Lunaris (Carlos Ribeiro)
  • Códigos do Silêncio (José Inácio V. de Melo)
  • Decifração de Abismos (José Inácio V. de Melo)
  • Microafetos (Wladimir Cazé)
  • Textorama (Patrick Brock)
  • Cantar de Mio Cid (Anônimo)
  • Fausto (Goëthe)
  • Sofrimentos do Jovem Werther (Goëthe)
  • Bhagavad Gita (Anônimo)
  • Mensagem (Fernando Pessoa)
  • Noite na Taverna/Macário (Álvares de Azevedo)
  • A Casa do Incesto (Anaïs Nin)
  • Delta de Vênus (Anaïs Nin)
  • Uma Espiã na Casa do Amor (Anaïs Nin)
  • Henry & June (Anaïs Nin)
  • Fire (Anaïs Nin)
  • Rubáiyát (Omar Khayyam)
  • 20.000 Léguas Submarinas (Jules Verne)
  • A Volta ao Mundo em 80 Dias (Jules Verne)
  • Manifesto Comunista (Marx & Engels)
  • Assim Falou Zaratustra (Nietzsche)
  • O Anticristo (Nietzsche)