Poema em Bossa Nova
(após ouvir Vinícius de Moraes)
Salvador, 03 de janeiro de 2003
A lua nasce em Ipanema
Com as ondas embalando a praia.
O Sol se despede do mar
E o violão, por enquanto, ensaia
Na sala um lamento novo,
Tranqüilo, aguardando o olhar
Que queria ser um beijo.
O ar se enche de ternura
E um velho amigo
Conta suas amarguras
Na mesa boêmia do bar.
A vida tem destas coisas:
Na falta da voz divina de Edith Piaf,
Ainda temos um verso de Vinícius
para consolar.
A lua continua lá fora, companheira,
E um violão se une ao piano.
E quando um samba carioca,
Pela noite, distante no morro, toca;
É porque existe um coração apaixonado
Que sofre por seu amor.
E onde tem um coração solitário,
Existe um copo de cachaça e uma trova,
Existem litros de poesia e melancolia,
Existe um pouco de Bossa Nova.
Bossa boa, canção nova pelo ar
Que caminha solitária em Ipanema,
Que faz do sofrimento uma paisagem,
Do amor e da boemia uma viagem
E da Vida, um brejeiro poema.