Silencioso Ruído
Salvador, 09 de junho de 2010 (02h13 AM)
Eu queria dizer de flores e luares
E de como os sonhos roubam dos diamantes
A natureza fulgaz das auroras.
Eu queria dizer sobre bem-amadas e viagens
Que os crepúsculos não trazem em si.
Eu queria dizer de sonetos e sonatas e serenatas
Que os foguetes alegram a cidade de Macau,
Enquanto as guirlandas de estrelas
Patinam no veludo do Tempo.
Eu queria dizer de elfos e fadas e centauros e djins
Que brincam sob os fogos azuis de Beltane.
Mas há na cidade um cheiro acre de silencioso ruído,
Um gosto ácido de desilusão e cinismo,
Um eclipse seco de amargura,
Que rouba de minha voz
As palavras que tanto gostaria de dizer em minhas canções.
E assim, sendo mais um tijolo na parede,
Minhas noites seguem opacas,
Sem luares ou flores
Que eu possa ninar a bem-amada.