Réquiem para uma Jovem
(M.C.R., in memoriam)
Salvador, 22 de março de 2011
Todo pássaro nasceu para ser fogo.
Todo fogo nasceu para ser canção.
Toda canção nasceu para ser estrela.
Toda estrela nasceu para paixão.
E toda paixão nasceu para ser pássaro.
Os sonhos jamais foram o limite
Quando se aspira à Ígnea Flor que vive além do horizonte.
Contudo (talvez) faltou uma mão amiga
(talvez a minha
E isso dói muito)
Que, do Destino, o laço sombrio desamarra-se.
Teu grito mudo quebrou-se no Abismo,
Anunciando a Jornada precoce….
Do seu pássaro, então, sobrou a lembrança da luz,
E do fogo, o eco amargo na parede.
Sua canção não resplandece no infinito,
Nem a estrela floresce no coração.
Paixão, suas asas de anjo agora passeiam no horizonte,
Como uma saudade de lágrimas duras.
Vá, meu anjo, percorra as searas dos deuses
E declame teus versos de fogo na amplidão.
Ocupe os palcos de nuvens que por ventura tua sombra passar,
Que daqui ouviremos tua estrela cantar, sempre.