Convivência
Acadêmica
(Ou, por que todos os cursos superiores
possuem sempre uma “diretoria” de alunos)
(Ou, por que todos os cursos superiores
possuem sempre uma “diretoria” de alunos)
Salvador, 22 de dezembro de 2011
(04h56 AM)
Para professoras Sonia Simon, Janaina
Weissheimer, Adelaide Oliveria, Undira
Fratel e Igor Rossoni; e meus colegas
das “Diretorias” da Graduação (César,
Antonio e Cristiano) e da Especialização
(Rudval, Roberta, Micheli, Vandelma,
Nabucodonossor, Dagoberto, Joelma e Rebecca)
Weissheimer, Adelaide Oliveria, Undira
Fratel e Igor Rossoni; e meus colegas
das “Diretorias” da Graduação (César,
Antonio e Cristiano) e da Especialização
(Rudval, Roberta, Micheli, Vandelma,
Nabucodonossor, Dagoberto, Joelma e Rebecca)
Dezembro de 2011, 2012 já está
mostrando suas primeiras sombras, com esta mistura de esperança e ansiedade.
Para mim, 2012 será a minha volta para casa. Fecho um ciclo e começo outro como
professor. E parafraseando Goulart Gomes, se o meu terço que delira exulta em
felicidades, o que meu outro terço que pondera tenta administrar aquelas perdas
naturais de uma transição.
Como não existem (ainda) filiais
da “Subway” e do “Rei do Mate” em Valença, já me dei por conformado. As visitas
às Livrarias “Saraiva” e “Cultura” eu posso compensar com a internet. Contudo,
se há algo que meu coração sentirá pesar serão as reuniões de “Diretorias” que
eu deixarei de ir.
Para quem freqüentou um curso
superior pensando além do diploma, sabe que as reuniões de “Diretoria” são os
momentos mais pujentes daquilo que a educação superior pode melhor oferecer a
alguém. É a Convivência Acadêmica, aquele doce exercício de intercâmbio de
vivências, sensações, experiências e leituras ocorridas no ambiente acadêmico e
que servem para o nosso crescimento humanístico.
Dito assim, dicionariescamente,
pareço que estou complicando o conceito de aula. A aula é convivência acadêmica
também. Mas transcende os limites da aula. É menos que a freqüência impecável e
fria do que alguns calorosos bate-papos na cantina. É menos que um currículo
sólido de que simples e sinceras trocas de impressões sobre textos. Pode ser os
círculos de amizade que se leva pela vida. Mas pode ser também apenas laços de
fraternidade formados em efêmeras rodas de conversas. Ele está no contínuo
fluxo de saberes compartilhado que o ambiente da academia propicia, no tráfego
de idéias dinâmico de conceitos. Deste modo que a aprendizagem se faz como algo
coletivo, mais leve e menos doloroso: as angústias são compartilhadas da mesma
forma que as descobertas. Um exemplo disso é quando penso que melhor do que
respostas prontas, lá eu posso encontrar um cardápio de opções e bibliografias
que eu possa digerir e regurgitar posteriormente como novo conhecimento.
Para mim, o mais gostoso da
universidade nem sempre estava na aula em si, porém na possibilidade de
conversar com o professor na cantina. Ou então, depois da aula, reunia eu com
meus colegas (quiçá numa mesa de bar) para alguns minutos de prosa. Era um
segundo tempo da aula, mais livre. Às vezes, até mais divertido. Era um momento
de se aprofundar um tópico. Ou tratar de outro ponto mais interessante. Ou
ainda, complementar aquilo que os limites formais de uma aula não permitiam. Ou
o melhor de tudo, tratar o mesmo assunto, só que por um viés: profano,
reverente, brincalhão, alternativo, irreverente, pervertido, intimista, crítico.
Certa vez, fui tirar uma dúvida com uma professora no corredor. A conversa boa
e fluida, cheia de digressões infinitivamente pessoais coordenados com
esclarecimentos referentes aos tópicos que eu iria abordar em minha
apresentação, esta conversa se prolongou que em determinado momento a
professora me lembrou que eu perdia mais da metade da aula de outra professora.
Sinceramente, eu não me considerei perdendo nada – ganhei mais com aquela
conversa animada.
Como corolário desta convivência acadêmica
está na formação da “diretoria”. É aquele grupo de colegas (às vezes, também
com participação professores) que são formados por afinidades e levam o
convívio para além da sala de aula. Pode parecer pretensiosa esta nomenclatura,
mas reconheço que ela possui uma razão de ser: muitas vezes é quem mexe com o
curso, direcionando e trazendo vida e cor para as aulas. E se ela se destaca
então, aí mesmo que a coisa pega fogo! Lembro-me da “Diretoria” do meu tempo de
graduação. Às vezes amados, às vezes invejados, fomos tidos como protegidos de
uma professora, mas era o grupo mais cobiçado em se fazer parte nos seminários
pela fama de apresentar bons trabalhos. Trabalhos estes que nos davam trabalho
fazer, pois implicavam em se encontrar depois da aula, reuniões aos sábados,
domingos e feriados e (principalmente) muitas horas secando a boca com
reflexões e análises para se chegar a um produto final. Mas todo o suor gasto
não nos incomodava porque fazíamos tudo de forma leve. Era a bendita
convivência acadêmica que tornava a pesquisa e o estudo superior agradáveis.
Por isso que lamento um pouco
aqueles que fazem, um curso superior apenas pensando no diploma. Engoliram a
seco e deixaram de lado o molho que tempera a vida acadêmica. Por isso que se
sentem irritados com um curso aparentemente indigesto. Mas se esta foi a
escolha feita, aceitemo-la como legítima.
De minha parte, fico feliz em ter
aproveitado esta convivência acadêmica nestes meus anos de graduação e
especialização. Isso que eu levarei para Valença em 2012, além das lembranças e
das amizades feitas. E sempre que possível, darei um jeito de participar de
algumas destas reuniões de “Diretoria”. Afinal, haverá sempre novas
experiências, sensações, conhecimentos e leituras a partilhar…