Anedotas do Conselheiro e do Barão
A primeira quinzena do mês de novembro sempre foi motivos de festa para Valença. A primeira semana é o novenário que culminará com a festa de Nossa Senhora do Amparo, celebrado no dia 8. Já o dia 10 é o aniversário da elevação de Valença a condição de Industrial Cidade, ocorrido em 1849[1]. Mas a primeira quinzena de novembro também possui outros motivos de orgulho para valencianos, pois foi nos dias 03 e 05 nasceram, respectivamente, o Barão de Uruguaiana e o Conselheiro Zacarias.
Ambos nasceram em Valença no início do século XIX, antes da independência do Brasil e se destacaram como políticos ímpares, sendo que os dois chegaram à condição de conselheiros do império, senadores e primeiro-ministros do Império do Brasil. Também foram maçons.
Ângelo Moniz da Silva Ferraz, barão com grandeza de Uruguaiana, nasceu em Valença / Bahia em 1812. Diplomado em Direito e militar de carreira, presidiu o gabinete de 1859, pelo partido Conservador. Mais tarde passou para o partido Liberal. Durante a Guerra do Paraguai, foi ministro da Guerra no segundo gabinete do Conselheiro Zacarias. Participou da rendição do Gen. Estigarriba em Uruguaiana como ajudante-de-ordens do imperador Dom Pedro II, o que lhe viria a justificar seu título nobiliárquico.[2]
Zacarias de Góes de Vasconcelos nasceu em Valença / Bahia em 1815. Formando em Direito pela Faculdade de Olinda (onde foi professor mais tarde), foi presidente das então províncias (e atuais estados) de Piauí, Sergipe e Paraná (seu primeiro presidente, logo após a criação da mesma em 1853). Foi um dos três únicos brasileiros a ocupar a cargo de primeiro-ministro três vezes. Um dos fundadores da Liga Progressista (de liberais e conservadores de centro), mais tarde entrou para o partido Liberal. Conselheiro Zacarias também foi escritor, autor do livro de filosofia política “Da Natureza e Limites do Poder Moderador”, do Manifesto do Centro Liberal, Programa do Partido Liberal e de discursos.
ANEDOTAS – Apesar das suas memórias estarem esquecidas atualmente em nossa cidade, ambos foram grandes figuras brasileiras de seu tempo. Isso pode ser observado nas anedotas que existiram sobre eles e que foram recolhidas por Humberto de Campo, no livro “Brasil Anedótico” (disponível na internet). Segue alguns delas, como forma de resgatar a memória deles, além de mostrar o lado humano.
SENADORES "BARBEIROS"
Zacarias de Gois e Vasconcelos era orgulhosíssimo e fazia questão de, quando falava, ser ouvido atentamente por toda a casa. Um dia, achava-se ele na tribuna, quando notou que dois velhos colegas, o Barão do Rio-Grande e o Barão de Pirapama, que eram profundamente surdos, conversavam em voz alta, para se entenderem sobre navalhas afiadas. Zacarias parou. E como a interrupção causasse estranheza:
- Estou esperando que os Barões de Pirapama e do Rio-Grande acabem de se barbear!
PATRULHA POLÍTICA
Ângelo Moniz da Silva Ferraz, O Barão de Uruguaiana, foi, como deputado e senador, um dos oradores mais vigorosos do seu tempo.
Eleito pela Baía em 1845; dirigia ele uma oposição de três ou quatro deputados, quando, num discurso, exclamou:
- Eu, e o meu partido...
- V. Excia. não comanda um partido, aparteou um deputado governista. - V. Excia. chefia, apenas, uma patrulha!
A frase ganhou curso, ficando Ferraz, até a sua adesão ao partido liberal, com o apelido de "chefe de patrulha”.
Ricardo Vidal
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