Balada Amarga
Valença; 24 de maio
de 2014 (03h48)
Hoje o meu estro mergulhou em
um oceano de amargura
E passou descrê na
Humanidade. Sim, virei descrente…
Não há como olhar as estrelas
sem ficar com vergonha de nós:
Vergonha de nossos
pensamentos,
Vergonha de nossa mesquinhez,
Vergonha de nosso sorriso
impróprio,
Vergonha de nosso choro
contido,
Vergonha ter termos vergonha…
Penso, se acaso pudéssemos
cavalgar um poema
E dar um giro nesse carrossel
de cometas
Que são nossos sonhos,
veríamos o verdadeiro tamanho
Que é a nossa humanidade…
Ah, como penso na riqueza dos
exoplanetas
E no silêncio quântico da
matéria escura!
Como penso na arte como a décima
dimensão da matéria!
Como penso na filosofia como
a quinta-essência do Tempo!
E tudo que ser humano possui
é a sua pequenez.
E é gozado ver a contradição:
Pegamos nossos foguetes
Para construir um universo de
paz e ambições nobres
No qual espelhamos as nossas
falhas…
Sim, musa, meu estro está
ácido como a atmosfera de Vênus
E meus olhos amargos censuram
a cretinice da ex-amada.
Sei que também tenho meus
momentos de vilania,
Sei que também sou humano,
demasiadamente humano nos meus erros…
E não me vanglorio quando
rasgo a seda da realidade
E confesso que minhas quimeras moram no infinito.
E confesso que minhas quimeras moram no infinito.
E de lá do infinito ergo
castelos de cristais e poeira,
Zarpo numa espaçonave de
chocolate
E marinheiro de minhas dores,
cravo minha bandeiras
Nos territórios perdidos da
palavra ignota.
Sim, musa estelar com voz de
uirapuru
E cabelo negro de uma
Cleópatra hollywoodiana,
Sei que minha canção é um
delta sideral do Okavango,
Bebeu nas fontes de Bandeira
e Morais,
É filho bastardo de Nietzsche
e das flores,
E que em nada há de ser
sublime ou divina na sua pequenez.
Sei que a província é amada
por ser meu exílio,
Meu eterno refúgio das
sombras onde lanço minha nau.
Mas eu quero ser um Napoleão
das páginas em branco.
Vestir a roupa de Átila e
cruzar esse território de dragões,
Devastando as consciências
tranquilas e as hipocrisias.
Quero ser o cataclismos do “coxinhas” cegos
A desafinar o coro dos
conformados.
E com sabre de minha lira,
farei cair em si
E desesperar e descabelar e
descentrar
Tanta vida esnobe e vazia na
Teia Mundial.
Mas não há como ser uma
Poliana jogando o jogo do contente,
Quando todos os dias uma
Sheherazade carnívora
Vomita sua virulência
farisaica no ventilador.
Não, quando o rebanho insiste
em nos levar para direita,
Por o Grande Irmão assim o
quer por capricho.
Então minha crítica procura o
cosmo para refúgio,
Na esperança de que um
buraco-negro
Possa levar-me a um novo Big
Bang…
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