Cartografia Boêmia
Valença; 29 de novembro
de 2014 (23h16)
Tenho 36 anos e hoje foi noite de artes no Centro de
Cultura. Exposição mais Peça de Teatro. Depois se alimentar o espírito com
catarse e mimeses, o corpo pede uma boa comida. Vou ao Estação Tatiba e,
enquanto o Filé Alto não vem, vou me entretendo ouvindo música e bebendo um mojito, como se logo depois Hemingway
fosse aparecer na porta e apostar comigo uma partida de braço-de-ferro.
Tenho 36 anos e minha namorada está linda no seu
vestido de organdi preto. Como não amar seu sorriso e seus olhos. Sei que a
noite promete e por isso vamos para o Espaço Tiago Porto, comer um gostoso
crepe de camarão. O vinho tinto, nas taças de cristal, é o aperitivo que
prepara a língua para os beijos que nos daremos mais tarde, debaixo do
chuveiro.
Tenho 36 anos e hoje é dia de voltar a ser criança.
Meus pais e meu irmão chegaram de viagem e vão passar uns dias comigo. E nada
como matar a saudades seguindo os velhos hábitos: ir mais uma vez à Casa Verde,
sentar na mesma mesa perto do dono e pedir a mesma pizza toscana que eu sempre
gosto. O garçom irá nos servir, trazendo sempre a mostarda (que papai não
dispensa) e mamãe sempre deixará um pedaço de pizza a mais para que os filhos
possam comer um pouco mais.
Tenho 36 anos e houve reunião na Academia de Letras. O
final de sábado foi proveitoso em debates sobre artes e a cultura da nossa
cidade e, para coroar o encontro, os imortais vão à Pizzaria Nossa Senhora do
Amparo, contemplar a cidade enquanto saboreamos a pizza à moda da casa: Lagosta
foi feita para ser degustada no Olimpo…
Tenho 36 anos e meus amigos do Clube Boêmio querem
sair para se conversar. A internet pipoca de novidades e há muito que se
discutir: política, cinema, livros e filosofia. Para desembaçar as ideias e
excitar a língua, voltamos aos anos 80 e pedimos Lagoa Azul (a bebida, não o
filme) e Vodka com Água Tônica, enquanto tramamos revoluções e reformas ara
consertar o Brasil.
Tenho 36 anos e é a hora do Angelus. O Sol descansa indolente por detrás das colinas depois de
um dia proveitoso na escola. Nossa Senhora do Amparo está comendo um delicioso
acarajé feito por Acácio e Pelegrini está no seu Kiosk, servindo suas alquimias
geladas e atiçando boas discussões sobre política junto com hambúrgueres de camarão.
Tenho 36 anos e estou só na noite de domingo. Está
tudo calmo na minha cidade e vou ao Kiosk Águas de Março, comer casquinha de
siri gratinada e cuscuz de camarão. Deixo que o Rio Una leve meu poema,
enquanto encerro minha ronda boêmia pela cidade.
C:.
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