Rapsódia Valenciana opus 49
Salvador; 29 de agosto
de 2016 (22h27)
Esse cheiro de peixe
Que de mim exala
Mesmo quando uso
Chanel nº 5
Valença – Carollini Assis
Toda a Valença é, portanto,
um tear,
E, em seu pano grosso
de aspecto rudimentar,
Amparo, a Bordadeira,
virá aplicar fibra
Têxtil – Cadu Oliveira
Cruzo a ponte
Chego no cais,
Saudade me atrai…
Caminho pela graça
Paro na praça
Urbis, Vila Operária
Valença Una – Adriano Pereira
I
Vem, minhas ninfas do Rio Una, vem!
Traga-me a poesia de suas águas
Como o sal que tempera os mariscos.
Traga os poemas que nascem nas ruas
E rasgam a aurora vermelha como esperança.
Vem, minhas ninfas do Rio Una, vem.
Vem como amante, vem como mãe
Vem como uma azul canção selvagem
Quero-te uma etérea balada cósmica
Que acorde as estrelas com sua música.
Vem, minhas ninfas do Rio Una, vem!
Quero-te cantar esse rio de águas negras
E essas colinas da Madona do Amparo
– seios que desenham o vale de Valença.
Quero-te como poesia e fogo, sonho e mar.
II
Minha cidade de Valença, o sol te banham
Durante um rubro amanhecer atlântico.
Desperta suas casas com um sorriso
De raio de sol fulgídio quase um beijo.
A rua Marquês fervilha, fervilha as pontes.
Fervilha o Jardim Novo com as sombras
De teus sobrados se desvanecendo como
Uma memória perdida em algum sótão.
Valença é o Tento cheirando a peixe e sal,
È o Novo Horizonte rasgando sua malha.
Valença é a Vila de operárias abelhas tecendo
A manhã com dendê e algodão e cantos.
Valença são seus jardins sempre reformados
E suas velhas ruas tortas. É a Bolívia e Jacaré.
É a Graça de Nossa Senhora que nos Amparai,
Amém. É Pitanga, Jambeiro e Dendezeiro.
III
Gosto de me perder em suas artérias,
Sentir o perfume de cravo e do guaraná.
Gosto de costurar a trama de suas ruas:
Ruas do Leite e do Siri sem Molho, Triana.
Quero passear na alegre Praça da Bandeira,
Descansar sossegado na Orla do Rio Una.
IV
Valença, sonho do varão Sebastião,
Tua história é um carrossel épico.
O Barão e o Conselheiro confabulando
Nos corredores do Imperial Senado!
A fábrica primaz de tecidos e urdiduras
A Recreativa hospitaleira cheia de náufragos.
Valença coberta de sangue aimoré,
De pecados e glórias, semente da paz.
Valença um grito insano no infinito!
V
Valença, meu farol no universo, termino
Esse canto grosseiro com o desejo
De seres grandes, dentre as grandes do Brasil.
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