Farol de Amarguras
Salvador, 26 de maio de 2015 (00h37)
Em uma noite de quimeras negras,
Não quero luzes sobre minha fronte.
Quero ser um farol mudo e zombeteiro
– Velho gigante orgulhoso e altaneiro
A desafinar cinicamente o horizonte!
Quero deixar o doce oceano em paz,
Com suas ondas, sereias e tormentas.
Suas ardentias não dizem das alegrias
Das naus perdidas e nem as calmarias
Trazem canções para animar as sendas.
O que incomoda é a imensidão escura!
Sem estrelas alfas com quem dialogar,
O farol é triste! Sem nenhum sentido
Torna-se sua luz – olhar sempre perdido
Inutilmente, a algum parceiro, encontrar.
Por isso eu-farol sou delírio em faíscas
E nervosamente cavalgo essas nuvens
Que tudo cobrem e dilacero indiferente
Cetro e Altar; Coroa, Crenças e Tridentes,
Tudo reduzir a pó, limalhas e penugens.
Rasgarei o velho véu da mediocridade
Com minhas luzes, afugentarei quimeras.
E assim, quando vier despontar a aurora,
Talvez reencontre a minha paz d’outrora
Nas velas pandas dalguma nova caravela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário