Valença, 17 de maio de 2012 (03h28)
Ao norte, a Ordem;
Ao sul, a cerca.
E eu, aqui, preso.
Ao norte, o Muro;
Ao sul, a certeza.
E eu, aqui, em silêncio.
Ao norte, a acomodação;
Ao sul, a mediocridade.
E eu, aqui, enclausurado.
No horizonte o desejo,
A possibilidade, o talvez…
E eu, aqui, parado.
Eu quero os trezes orgasmos,
O fogo perene, a liberdade!
Romper os grilhões do tédio,
Eu quero a ambição,
De voar na imensidão.
Eu quero estar dentre as estrelas,
Galgar o Mons Olympus,
Quero tocar o Sol com meus lábios,
Quer até (se for o caso do acaso)
Tombar com as asas de Ícaro,
Mas construir meus caminhos
Com os meus passos…
Nasci para ser Gigante
E conquistar os astros.
Ser ao Adamastor de granito
De minhas tormentas.
Ser o Senhor de minhas sendas,
O imperador de meu destino,
E autor da minha epopéia.
Sei que aqui
Também há a ternura,
Também há cobertura,
Também há a abertura.
Mas prefiro correr o risco
E ir atrás de minha lenda.
Que seja o rio ou o mar,
Que seja o deserto ou a serra,
Que seja a rosa ou espinho,
Que seja mesmo até a não-rosa!
Mal mas meu, com minhas mãos
Quero plantar as léguas
Que deslumbrarei meu caminho
E fundarei meus mils horizontes!
Não adianta o muro.
Não adianta a cerca,
Não adianta as grades,
Não adianta nem mesmo a seca,
Meus olhos estão firmes
E só sei que minh’alma
É livre e quer o além…
E mesmo que no Norte
Haja a Ordem ou a Certeza.
Mesmo que no Sul
Esteja o muro ou o Não
Sei que aqui não ficarei enclausurado.
Peregrino de meus sonhos,
Continuarei livre
E andando
E andando
E andando…
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