Canção
para Minhas Musas
Valença; 18 de julho de 2012 (23h56)
Canção de todas as meretrizes e
todas as amadas,
Não sei por que quero cantar este
canto ébrio!
Canto porque o vinho existe e nada
está completo
Nesta minha vida miseranda de
poeta.
Canto porque vocês estão aí, com
tuas pernas abertas
E lembram-me um passado inventado
nos poemas!
Ah! Vejo-te agora candidatas,
casadoiras, professoras,
Vejo-te cantando uma sinfonia em
minha flauta vertebral!
Vejo-te alegres, cinzas,
taumaturgas, traídas;
Vejo-te sem mim, mas em mim estão
teus corpos
E teus perfumes e teus pecados tão
bem gozados…
Vejo-te condessas e tristes em
meus cantos,
Pois vós sóis amadas, mas não por
um poeta!
Mas há uma lembrança boa em minha
estrela
Que fulgura anil nos sonhos de
Shangri-lá!
São lembranças de beijos
escarlates na aurora
Ou de gemidos em um leito na
memória.
E nestas lembranças eu fui homem e
feliz!
Escala de sol de Nenhures, estrela
bariônica
De infinito calor e luxúria, canto
às lembranças
Das bem amadas anônimas que rasgaram
minha blusa amarela
E com ela costuraram dez
quilômetros de amanhecer.
Canto às bem-amadas que rasgaram
minha carne
E deitaram-se famélicas na
depressão no deserto de Neguev.
Canto às bem-amadas que
desaparecem
Numa noite de temporal, noite sem
Lua,
Noite em Luanda, por onde andará
minha Lua?
Lua de orgasmos obscenos no céu
arco-íris,
Diga-me: quantas bem-amadas ainda
se lembram de mim?
Castelo de sonhos doloridos, sob
nuvens construído,
Nesta sinfonia silenciosa canto a
existência delas,
Que já me olvidaram em seus beijos
e suas preces.
Mas, mesmo assim, nas trevas da noite, lembro-me
Mas, mesmo assim, nas trevas da noite, lembro-me
Como um arqueólogo que ama a
poeira do passado…
Minhas bem-amadas, beijos de
infinito,
De um pulsar azul emito meu grito,
Mayakóvisky perdido nas brumas do
espaço…
Beijos, beijos e beijos, musas
esquecidas de meu passado!
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