A Quinta Profecia
Valença, 16 de julho de 2013 (04h51AM)
Desculpe-me, mas não há vinho que resista
A Fernando Pessoa(s), depois das duas da manhã.
Mesmo que todas as ninfas estejam nuas
E esperando-me no leito,
Mesmo que todas as penas estejam alinhadas
A espera da inspiração,
Mesmo que todas as canções se enfileiradas
A espera da ordem de batalha,
Mesmo que todas as ideologias conspirem
A espera do arrebol,
A vida é um sonho doce que expulsa as tempestades.
A aurora está próxima
E pinta de escarlate as utopias.
E por mais que as estrelas
Digam de revoluções e flores,
Ainda o gosto azedo do orvalho
Rasga o véu de um poema misterioso
Que instiga cruza o cabo Bojador.
Há um poema de Caierio, de Campos, de Reis,
E d'outros espectros semi-criados
Que nenhum centauro de fogo decifra.
E ainda assim leva as Pessoa(s)
A cruzarem um outro pilar de Jachin e Boaz.
Há mais mistérios e verdades
Sobre a ponte atlântica, que faz do rio Una
Um mar lusitano a receber todas as naus.
E o Tejo, irmão aquífero,
Abres-e em um grande abraço costeiro
E vai derramando, derramando estas lágrimas de sal.
Então os heterônimos se levantam do tribunal além do tempo,
E conclama ao gozo e reflexão.
E dessa verdade ctônica, observa-se
Os Leviatãs de gelo com suas várias espadas;
As Insônias amargas com suas tábuas da Leis;
OS novos Moisés a trazer poemas do Sinai;
As respostas para todas as utopias universais.
E sobre elas, uma estrela rouca paira nas consciências
Surge a vontade louca de se abrir os mares.
Mais do que todas as prosas,
Surge este poemas indecifráveis que prometem
Auroras e Alegrias e Levantes.
Surge uma ilha Baratária além do firmamento
Onde os anjos de fogo e fúria
Plantam sua morada com suas trombetas,
Enquanto os vinhos negros fecundam a felicidade.
Ah, auroras escarlates e cheias de vinho,
É dessa escola pagã que nascem as revoluções
E cortam o espaço com cometas e sonhos,
Colonizam corações com desejos e esperanças
E, como um farol negro na Eternidade,
Florescem rosas biancas tão forte,
Ressuscitam o Pessoa(s) em nossos corações,
Como uma outra aurora possível...
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