Livro das Sombras (Elegia)
Valença; 19 de setembro
de 2014 (2h41)
As fogueiras de Beltane estão apagadas
E a lua, tríplice mãe, esconde-se nas sombras.
Nada vejo mais além de trevas e tristezas
Calçando o caminho calcário do Calvário.
Não vejo jasmins orientais florescendo,
Nem a camomila forrando minha passagem.
Não vejo centauros cantando dentre as árvores,
Nem ninfas bailando lascivas dentre estrelas.
A estrada é solitária e cheia de espinhos,
E é por ela que tenho que aprender a andar,
Caso queria chegar ao meu templo interior.
Então minhas lagrimas iluminam a face minha,
E com elas eu faço meus filtros e sortilégios.
Faço minhas alquimias sentimentais e tempero
Com o vinho novo de meus versos secos
A pedra filosofal de um sol negro no orvalho.
Tento redescobrir o homúnculo que fui
E dentro da redoma, reconstruir o Golem
Que me ressuscite como um Lobisomem.
Ah, poesia triste como uma brisa no inverno,
Tu és meu Golem, minha Alquimia negra,
A panaceia universal dos corações rasgados!
É em ti que devo segurar minha alma
E subir numa escada prateada de nuvens,
Ser um arcanjo sem asas e sem pudor.
Mas a estrada continua lá, triste e espinhosa.
E é nela que devo continuar meu estradar,
Sem fé, sem sorrisos, sem consolo, sem mais nada…
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