Balada Gastronômica
(para Pelegrini e Adrianovsky)
Valença; 07 de dezembro
de 2013
Quero comer o camarão
Do coração alegre de minha
amada,
Quero comer os sonhos
De um singelo sanduíche
platônico.
Quero meter meus dentes
E rasgar a noite como uma alta
profecia,
Quero deglutir as estrelas
Como treze esperanças escarlates.
Quero digerir a utopias
Numa suave toada marioswaldiana.
Quero desossar
Os altos fariseus
maquiavélicos,
Cortar lhes a carne
E dela fazer um guisado revolucionário!
Quero triturar
A pequena burguesia hipócrita
Num liquidificador,
E de sua mediocridade
arrogante
Fazer um sarapatel
Temperado com pimenta e Libertação.
Quero um banquete
Em que se regurgite Tradição
e Mentiras,
E antropofagicamente,
Beber novas constelações de canções.
Nessa orgia de sentidos,
Refundarei a minha aldeia
sentimental.
Pegarei ervas finas,
Temperarei Valença e o meu doce
Rio Una,
E escreverei com minha fome
Esse poema universal, imortal
e coisa & tal…
(E que não será menos que a perfeição).
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