Sua Majestade, O Bardo

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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

sexta-feira, 22 de maio de 2009

16 de maio de 2001, oito anos depois


Quando comecei no movimento estudantil secundarista, lá na minha cidade de Valença nos idos de 1994, ficava sonhando com a década de 1960. Bem, para nós, militantes, o movimento estudantil possuia então duas referências claras: Os cara-pintadas de "Fora Collor" e a resistência à Ditadura Militar.

Sobre o "Fora Collor" não era preciso comentários - era algo recente, o gatilho que acendeu o gosto por política estudantil. Já a resitência à Ditadura Militar... Essa tinha o gosto da mitologia. 1968... Passeata dos Cem Mil... O Congresso da UNE em Ibiúna... Os estudantes que optaram participar da luta armada... Visto sob o prisma da história, parecia feitos ciclópicos e aqueles que tombaram na luta pela democracia, eram horados como mártires. Admito que sentia inveja daqueles que enfrntaram a polícia, a tropa de choque, que continuava na luta mesmo que sob a mira dos torturadores. Para piorar, os livros que retratavam aquela época era sedutores: "O que é isso, companheiro?","1968- o ano que não terminou", "Lamarca - O Capitão da Guerrilha".

Não sei... Achava que o fato de vivermos uma democracia tirava um pouco desta alegria, porque podíamos andar com bandeiras vermelhas do socialismo ou bandeiras negras do anarquismo, cantar a "Internacional" ou "Para não dizer que não cantei das flores" sem a sensação do proibido. às vezes, tinha até a impressão de que os policiais militares que iam na frente organizando o trânsito para passagem da manifestação, também cantavam baixinhos estes hinos esquerdistas. Tudo indicava que a minha geração não enfrentaria a polícia, nem sentiriamos o cheiro do gás lacrimogênico, muito menos haveria uma história para contar. Tudo seguirá anormalidade democrática: Passeata pelas principais ruas da cidade com escolta da polícia, panfletagem, carro de som, comício no final da passeata, em frente a um orgão público ou em uma praça principal. Após a caminhada cívica, todos se dispersariam ordeiramente, alguns iriam para boêmia da esquerda festiva, outros partiriam para as intermináveis reuniões de esquerda, com seus "capa-pretas" fazendo análises e mais análises de conjutura... Sinceramente, emsmo eu sendod e esqeurda, às vezes essa rotina era chata! às vezes sonhava com um pouco de ação.

E esta ação chegou com as "Jornadas do Maio Baiano", de 2001. Para recordar, o senador baiano "Toinho Malvadeza" (que agora deve dar ordens ao Diabo, no Inferno), viola o Painel Eletrônico do Senado, abrindo uma crise política no governo FHC. 10 de maio de 2001: após alguns ministos de vacilação de alguns dirigentes (ligados ao PC do B), a passeata que seguia em direção à Praça Muncipal muda de rumo para o Edifício Stella Maris - residência do senador, para realziar uma lavagem simbólica da política baiana. Na altura da Casa di Itália, a tropa de choque da PM Baiana tranca o acesso. E do alto de carro de som, quando eu fotografava para o SINTSEF, a polícia militar lança uma bomba de gás lacrimogênico e inicia o tumulto. Seria essa a bomba que daria adeus a inocência de minha geração? Não, como vi depois. 16 de maio de 2001. Nova passeata. Desta vez, o estrategema era singelo: usar a próprio campus da UFBA (àrea federal que "teoricamente" a PM Baiana não poderia entrar) como via de acesso ao apartamento de Toinho Malvadeza. O que se viu naquele dia é que a PM da Bahia deixou de ser um instrumento de segurança para ser um bando de jagunços de um "coroné". Desrespeitando a lei, invadiu um território federal, ignorou uma ordem judicial entregue por policias federais (acho que foi a única vez que vi estudantes esquerdistas batendo palmas para um corpo policial), atacou estudantes indefesos e destruiu patrimônio alheio. O que me lembro? Barulho de bombas, fumaça, uma tentativa de resistência dos estudantes, eu saindo pelo fundo da Escola de Administração para chegar à Faculdade de Pedagogia, os olhos ardendo, uma diretora do SINTSEF me ajundando a colocar água e deixando eu ficar na biblioteca da FACED para minimizar o ardor. Mais tarde, os estudantes se reorgizando em passaeta para um ato de desagravo, a visão dos entãos deputados Jaques Wagner e Pinheiro recém-chegados de Brasília atravessando a multidão, alguns estudantes da UFBA (eu entre eles) voltando para reitoria e forçando Heonir Rocha a tomar uma atitude drástica. Nâo vi do 17 de maio, porque queria descanso. Quando Malvadeza renunciou, participei ainda do 31 de maio, como fotógrafo do SINTSEF. Dessa passeata de 31 de maio que mais tarde descobri que há imagens minha no filme "Maio Baiano" de Carlos Pronzato.
Relembrar isso tudo, oito anos depois, é ver as ironias: ACM faleceu, sendo derrotado em vida. Jacques Wagner é governador da Bahia, Pinheiro é Secretário de Planejamento. César Borges, então governador e pau-mandado de ACM, agora é senador e dar um apoio discreto à Lula e Wagner. Hoje, trabalho na Secretaria de Educação, cujo 04ª andar eu acompanho a manifestações dos estudantes. Mas antes de mais nada, já não sinto mais inveja da década de 60, nem do Maio de 1968. Já tive minha aventura, uma história para contar. E, principalmente, não há nada melhor que viver num regime socialista-democrático, em todos podem fazer sua passeata sem medo da repressão. E no final, passar em algum bar ou participar nas intermináveis reuniões de esquerda, com suas longas análises de conjuntura.
Viva a Democracia!

Maiores informações: http://pt.wikipedia.org/wiki/Passeata_de_16_de_maio

Palestra na Academia de Letras da Bahia - Renata Belmonte


"Intimidade e Confissões na literatura feminina", com a participação de minha querida escritora Renata Belmonte. Se a mesa já de peso, imaginem ainda com a presença de Renata? Farei de tudo para estar lá. E convido os leitores deste blog para também estarem lá

domingo, 17 de maio de 2009

Vestigios Poeticos e Existenciais de Renata Belmonte


Disponível no site da revista "Verbo 21"
http://www.verbo21.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=412&Itemid=141

maio de 2009

Vestígios Poéticos e Existenciais de Renata Belmonte

Ricardo Vidal*


Uma cama. Um vestido. Um livro. Três indícios de um sonho. Três flagrantes de uma vida. Três momentos que resumem os questionamentos da personagem-título de “Vestígios da Senhorita B”, o mais recente livro lançado por escritora Renata Belmonte pela coleção “Cartas Bahianas”. Mas quem será a misteriosa senhorita B, do qual se lê vestígios de poesia e existência?

As 50 páginas do livro dentro da capa em formato de envelope contam a história da protagonista, conhecida apenas pelas letras “R” e “B”. A narrativa não-linear apresenta três capítulos soltos, em que a autora mergulha poeticamente na alma da personagem, devassando suas angustias e a dialética de amadurecimento, ao contrapor a busca pela afirmação da sua existência com a realidade cotidiana e prática.

A história é narrada em primeira pessoa, o que leva a uma dúvida: seria a Senhorita B a própria Renata Belmonte? As letras que a identificam são as mesmas que compõe as iniciais da autora. A história também parece indicar flagrantes reais da vida da própria autora, tornando a obra numa espécie de ficção autobiográfica. Mas o livro vai mais além deste exercício. Os três instantâneos da vida da personagem conduzem o leitor pelos labirintos da existência humana e lança luz sobre questões mais profundas como solidão, sentimento de culpa e a busca da identidade. Renata Belmonte parecer retomar um pouco a questão de Jean Paul Sartre, de que a existência precede a essência: o ser humano é jogado na vida e depois molda sua personalidade ao longo de sua vida. E uma personalidade sensível como é a Senhorita B sabe que esta tarefa é difícil: há a dialética da vida, com seus meandros e armadilhas, com suas contradições que não admite conceitos absolutos. Pelo contrário, o ser humano aparece mesclado, onde anjos e demônios convivem numa mesma pessoa confusa. Assim, numa noite de São João perdida na infância, B experimenta a inocente crueldade infantil misturada com um sentimento de culpa. O amor não chegará puro na noite de debutante – deixará uma mácula para o resto da vida. Diante destes fatos que a senhorita B se constrói como ser humano, a “mulier sapiens” que reflete sobre suas fragilidades e ainda assim não deixa de sonhar – mesmo que o sonho seja efêmero.

Mas a construção da identidade como mulher se dá em meio a tormentas. E este turbilhão de lembranças se reflete nas curvas no texto – este reinventa as palavras e redireciona a sintaxe, fazendo que o mesmo ganhe ares de poema em prosa – como se pode observar nas palavras iniciais do livro “Com a mala cheia de insultos, ela guardou as dores do mundo e vestiu um poema barato”. E os capítulos, apesar de seguirem uma ordem cronológica clara (infância, 15 anos, início da juventude), estão soltos, como se contos fossem (o que não seria estranho, considerando que os dois livros anteriores de Renata são de contos). Pode-se lê-lo fora da ordem, e ainda assim o resultado final é o mosaico do amadurecimento de B. Mosaico que se fecha com blog e no curta-metragem homônimos.

“Vestígios da Senhorita B” é um livro cativante, poético e experimental que retrata a busca poética e existencial de uma jovem na busca de seu lugar no mundo. É a mesma busca que todos nós, seres humanos, fazemos e que também deixamos vestígios neste longo estradar da vida e que nunca se sabe a que destina…

*O autor mantém o blogue: www.bardocelta.blogspot.com

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Noticias do Reino de Jambom - O Vazio (twittado)


O Castelo do Bardo, no Reino do Jambom, está vazio. Sua torre de Menagem está sem alma, sem livros voando entre prateleiras, nem passos noturnos de um pensador. Onde está R Vidal? Ele viajou para a Bienal Nacional de Livros e depois tomou um navio, um cruzeiro pelas nuvens. AnaC foi vista em seus braços, dizem as gaivotas que enviam este avigrama. Estaria a visitar sua prima Rosa Ana, Duquesa das Rías de Vigo? Não se sabe... A única certeza é que o castelo ainda é a residência do Bardo Celta.
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Na ficção da vida civil, meu novo trabalho está me ocupando o tempo. Responsabilidade. Nos raros momentos, um novo post twittado...

Biblioteca do Bardo Celta (Leituras recomendadas)

  • Revista Iararana
  • Valenciando (antologia)
  • Valença: dos primódios a contemporaneidade (Edgard Oliveira)
  • A Sombra da Guerra (Augusto César Moutinho)
  • Coração na Boca (Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo)
  • Pelo Amor... Pela Vida! (Mustafá Rosemberg de Souza)
  • Veredas do Amor (Ângelo Paraíso Martins)
  • Tinharé (Oscar Pinheiro)
  • Da Natureza e Limites do Poder Moderador (Conselheiro Zacarias de Gois e Vasconcelos)
  • Outras Moradas (Antologia)
  • Lunaris (Carlos Ribeiro)
  • Códigos do Silêncio (José Inácio V. de Melo)
  • Decifração de Abismos (José Inácio V. de Melo)
  • Microafetos (Wladimir Cazé)
  • Textorama (Patrick Brock)
  • Cantar de Mio Cid (Anônimo)
  • Fausto (Goëthe)
  • Sofrimentos do Jovem Werther (Goëthe)
  • Bhagavad Gita (Anônimo)
  • Mensagem (Fernando Pessoa)
  • Noite na Taverna/Macário (Álvares de Azevedo)
  • A Casa do Incesto (Anaïs Nin)
  • Delta de Vênus (Anaïs Nin)
  • Uma Espiã na Casa do Amor (Anaïs Nin)
  • Henry & June (Anaïs Nin)
  • Fire (Anaïs Nin)
  • Rubáiyát (Omar Khayyam)
  • 20.000 Léguas Submarinas (Jules Verne)
  • A Volta ao Mundo em 80 Dias (Jules Verne)
  • Manifesto Comunista (Marx & Engels)
  • Assim Falou Zaratustra (Nietzsche)
  • O Anticristo (Nietzsche)