Sua Majestade, O Bardo

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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

De Deuses e Elegias - Antonio Naud Jr.

ESTRELAS NO LAGO (2004)
de Ricardo Vidal,
(Cia. Valença Editorial, 51 págs.)


De Deuses e Elegias
por Antonio Naud Júnior (*)

Borges tinha uma teoria de que cada conto encerra um conto secreto. Talvez o mesmo aconteça com o poema. E dentro de um mesmo conjunto poético possa ser encontrado soneto, elegia, trova, canção, épico, rondó, ode, idílio, madrigal. O lírico “Estrelas no Lago”, do jovem baiano Ricardo Vidal, parece guardar esse baú de surpresas, num labirinto poético que leva a nomes, cores, rastros, admirações. Romântico, o poeta muitas vezes não disfarça influências, buscando fôlego em sopros de Byron, Vinicius de Moraes, Drummond ou no iluminado “Cântico dos Cânticos”, do poderoso rei Salomão. Poesia que dialoga com o coração, sentimentos lúdicos, emoções sentidas, fascínios mitológicos ou históricos sem nunca cair na pieguice. O trovador de Valença segue essa nau de poetas no mar da vontade de se revelar, pirata de dores e amores, de lamentos e esperanças, espadachins da palavra extraída deste mistério que faz da intuição o estopim capaz de expandir o fogo da vida por dentro do real e provocar a explosão que tudo alumia. Mas quem é mesmo esse poeta? Ele mesmo responde na página 23: “O poeta é um lobisomem solitário / Que vaga pelas sesmarias desertas / Em noite de tempestades e fagulhas / (...) / Suas garras devoram as entranhas da terra / A procura de um pouso e de uma lua / Seus versos são sua fome canina, / Sua poesia, a ânsia pela glória”.

REFÚGIO DAS SOMBRAS

Quando o último esforço, derradeiro
Sonho se esvai pelas mãos do destino;
Quando minhas verdades, no despenhadeiro
São jogadas – para o fundo do abismo;

Quando a última lágrima percorre inteiro
Caminho – na minha face em desalinho;
Quando as desgraças fincam primeiro
Marco – que me levam ao total desatino;

Só um penedo diviso – tênue – no horizonte,
Perdido nas vagas do mar da infelicidade.
É o meu último porto, abrigo, roca onde

Fica meu refúgio das sombras – Cidade
Onde ganho forças novas e cuja fonte
Descanso e consolo-me com serenidade.

(*) Jornalista e Poeta. Autor de “Suave é o Coração Enamorado” (Via Litterarum, 2006).
antonio_junior2@yahoo.com

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Banquete

Banquete

(Para Fabíola)

Salvador, 22 de novembro de 2006 (09h17)

Um banquete na cama
Quero ter contigo hoje à noite.
Quero te servir
Um manjar de beijos,
Uma moqueca de cafunés
Acompanhada de carinhos.
Quero te servir
Amor picante ao molho de Romantismo,
Filé de paixão com erotismo.
Mousse de orgasmo com mel.
Beijos, Beijos e mais beijos.

Quero te servir um banquete
Em que tu devores meu coração
Para nele tu entrares.
Quero te nutrir de abraços
E lágrimas e amor e sorrisos;
Quero neste banquete
Que meu corpo una-se ao teu,
Única alma, sermos um casal.

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

01º Aniversário

Só pra não passar em branco, o blog já tem uma ano de vida. Parece que foi ontem..

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

brasão

Carpe diem quam minimum credula postero
observação: motto substituído por "Per libri ad astra"

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Macarrão à Escritores Soviéticos

O objectivo deste blog é a literatura. A literatura é uma arte, o que implica dizer que existem outras artes. Por isso que eu coloco no blog uma receita que eu inventei e que ficou muito boa, quase um poema gastronômico. Fica o convite pra provarem o prato.

Rendimento:
01 porção.

Ingredientes:
02 colheres de sopa de vinho branco.
¼ (hum quarto) de tomate descascado, sem sementes e cortados em cubo.
¼ (hum quarto) de cebola cortada em cubos.
02 fatias de pimentão vermelho, cortadinhos.
01 fatia fina de gengibre, picada.
01 dente pequeno de alho, cortado em cubinhos.
06 azeitonas picadas.
¼ (hum quarto) de caldo de bacon ou um pacote de tempero bacon do Miojo.
02 colheres de sopa de margarina.
03 colheres de sopa de ketchup.
01 fio de azeite de oliva.
Folhas de hortelã e sal* a gosto.
Presunto cortado em pedaço, a gosto.
100 g de macarrão ou um pacote de Miojo.

Modo de Preparo

Cortar o tomate, o alho, a cebola, o pimentão, as azeitonas e gengibre. Juntar tudo numa xícara e acrescentar com o vinho branco, sal* e o azeite de oliva. Derreter em fogo brando a margarina e o caldo de bacon*. Acrescentar o ketchup, o tomate, o alho, a cebola, o pimentão, as azeitonas, o gengibre, o vinho branco e o azeite xícara e cozinhar durante dez minutos. Acrescentar ao macarrão al dente e decorar com as folhas de hortelã, o presunto picado e duas azeitonas. Servir com um bom vinho.

* dispensados da receita caso tenha preparado o Miojo. Neste caso, prepare o Miojo normalmente e acrescente o tempero pronto de bacon, e depois acrescente o molho.

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

O Beijo

O Beijo

(Para Fabíola)

Salvador, 30 de agosto de 2006 (04h30)

Como um sol da meia noite
O teu beijo brilhou nos meus lábios
Como uma sinfonia de supernovas.
Meus olhos fecharam
Para sentir neste beijo teu,
Beijo de Fada,
Beijo de Sereia
O beijo que as deusas deram quando nasceu
O Amor dentre as rosas.
Então a aurora serenou:
Amor, Tesão, Sexo, Paixão, Vida;
Foi neste beijo que descobri
Os mistérios da Criação.

sábado, 26 de agosto de 2006

Tempos de Reforma

Tempos de Reforma

Salvador, julho de 2003

Estamos em tempos de reforma. Reformas da previdência. Reforma tributária. Reforma política. Contudo, além das reformas governamentais, o movimento sindical precisar realizar uma reforma conceitual de sua práxi, que supere os modelos ultrapassados de luta e os adeqüe aos novos tempos.

O sindicalismo brasileiro ainda segue os modelos de lutas e organização utilizados no Velho Mundo no início de século passado. Inspirados na perspectiva revolucionária de mudança social (que levaram os comunistas ao poder na Rússia em 1917 e na China em 1949), o movimento sindical brasileiro continua seguindo a linha de luta econômica e de confrontação, que tem na greve o momento máximo de ação e (auto) afirmação. Na Europa Ocidental, desde a década de 60, com a vitória da socialdemocracia e o surgimento do “eurocomunismo”, o movimento sindical passou da perspectiva revolucionária para a conciliação e harmonia de classe, visando manter o “Estado de Bem-Estar Social” (Wellfare State).

Contudo, este modelo revolucionário ganhou sobrevida no Brasil com a Ditadura Militar, que impediu a ação livre dos trabalhadores nas décadas de 60 e 70. Como conseqüência desta repressão, o modelo de movimento sindical contestatório explodiu com maior vigor na década de 80. Deste período, surgiu nomes memoráveis como os de Jair Meneghelli, Olívio Dutra e Luís Inácio Lula da Silva – atual presidente da república.

Só que hoje, os tempos são outros. Não existe mais uma Ditadura sanguinária contra quem lutar. O Muro de Berlim caiu para a esquerda, sepultando em seus escombros a União Soviética e o sonho da conquista (imediata e revolucionária) do poder pelos trabalhadores. Paralelamente, viu-se o avanço avassalador da nova ordem capitalista, com o rótulo de neoliberalismo. Com ele, vieram as privatizações, Globalização, Estado Mínimo (atualmente revisto como Mínimo de Estado), desregulamentação e das perdas de direito trabalhistas.

Também, deve se considerar que os avanços da Telemática (cuja maior criação é a Internet) criaram uma nova racionalidade de mundo. A informação tornou-se uma mercadoria importante e vital no mundo dos negócios. A possibilidade de se falar com o mundo dentro do sossego do lar é vivida por todos os internautas, que através dos e-mails, websites, downloads e chats, disseminam livremente informações que antes teriam grandes dificuldades de chegarem ao grande público. Assim, organizações sociais (como empresas e sindicatos) cada vez mais precisam ter um site ou um e-mail para contato, para não correr o risco de perderem a vez para as demais organizações, que já estão conectadas com a nova realidade.

Novas demandas sociais surgiram em um cenário mundial novo. Hoje, não é só o campo econômico que unicamente mobiliza a população. Questões como direitos das mulheres, discriminação racial, causa ambientalista e dos homossexuais e transgêneros (GLS) entraram na pauta da discussão da sociedade. O Fórum Social Mundial exemplifica este novo quadro de atuação: diversificado, interligado e global.

Diante disso, que o sindicalismo deve mudar seus paradigmas. Não só a discussão por salários que deve animar as ações sindicais. Tão importante quanto construir greves e passeatas, os sindicatos deveriam investir em novas frentes de contestação, como a luta para democratizar a comunicação, a defesa dos direitos das minorias e a participação ativa em causas alternativas como a preservação do meio-ambiente ou a prevenção de doenças.

Como exemplos desta nova forma de luta, o movimento sindical já deveria: 1) Ter um “Jornal Sindical Nacional”, comparável à Folha de São Paulo ou Jornal do Brasil, para veicular notícias de interesse geral, mas com uma cobertura diferenciada a que se é dado pela “grande” impressa. 2) Transformar as sedes sindicais em espaços culturais alternativos, com apresentações de teatro e música, bibliotecas públicas e ser agente produtor de debates e seminários abertos à população, que discutam a realidade por outros ângulos. 3) Apresentar novos modelos (eficientes) de educação popular, que visem conscientizar, formar e informar um novo cidadão. 4) Realizar com mais intensidade campanhas de prevenção de doenças, que normalmente ocorram dentro da classe, mesmo que não decorrente totalmente do exercício da profissão 5) Atuar em… tantas coisas mais, em que o céu é o limite.

As possibilidades de lutas e atuações sociais são infinitas e cabe aos sindicalistas a criatividade de se fazerem inserir neste novo quadro mundial. Se não, correram o risco de perderem o bonde da História e se tornarem velhas peças de museus, como hoje são os títulos de nobrezas, as deuses da antiga Grécia e a coroa imperial usada por Dom Pedro II.

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Less than a Pearl: A Brief Essay about Short-Stories.

Less than a Pearl
A Brief Essay about Short-Stories.
(ensaio entregue como parte da avaliação na disciplina "Conto
em Língua Inglesa", ministrada pela profa. Sônia M. D. Simon
)

Salvador, 15 de agosto de 2006

Less than a pearl in a sea of stars” – Roma Ryan and Enya

By the common sense, Short-Story is a brief narrative in prose which is less than a pearl. A novel may be a diamond as big as the Ritz – never a short-story; it will have all the characteristics of a novel, however in a small scale: the time will be briefer and plot will have few events. But, how long must the short-story be? Or, is the size the only characteristic that determinates a short-story? What must other characteristics have a short-story?

About how long (or short) could be a short-story, we have different statements. Looking up the definition of Cambridge Advanced Dictionary (2nd Ed.), the short-story will have about 10,000 words in length. A group of authors prefers to determine the size of a short-story in 7,500 words; other group, in 15,000. In another word, a short-story would have 05 pages so far and the story has only chapters. But we have long short-story that have 10, 15, up to 30 pages!!! For example these long short-stories we have “Financing Finnegan” by Scott Fitzgerald that has about 10 pages, “Boule de Suif” by Guy de Maupassant that has about 33 pages and “O Alienista” by Machado de Assis that has about 38 pages. In another case, there is short-story that has less than half a page, as some texts of Inácio de Loyolla Brandão and Evandro Affonso Ferreira (Grogotó’s author). The number of pages does not determinate how short a short-story is. As Edgar Allan Poe said, this size of short-story will be the one you can read in one sit.

If the size is not an exact answer about short-story, we need to see other characteristics. In general, a short-story is a narrative as the play, the soap-opera, the myth, the novel, the fable, the news story and some chronicles. The short-story has an action or event that happens with a group of characters, in a defined place during a fragment of time. The specific point is HOW I do this narrative if I want to write a short-story. Some authors (like Cortázar) understand that the short-story must be a Polaroid, a frame of the reality portrayed in a small narration. Others writers (like Poe) think that short-story’s specificity is in your effect. Or better, in an economy of literary ways which an author use the minimum of writing’s resources to goal a maximum of effect. All these approaches give some clues and clarify the question. A short-story is cutting of the reality that the author needs to be economic with his/her pen. It can be completed indicating three more: Exactitude, Lightness and Quickness. These characteristics are used with the same meaning used by Ítalo Calvino in “Six Memos for the Next Millennium”: First, short-story must be light as agile and unforeseen jump. Its plot needs to be agile if it wants be a Polaroid. The short-story may be condensed or soft in its plot, but, always agile. Second, a short-story must be quick in your reading, like a sudden fulguration. So, the reader may read the story in one reading. Last, the short-story’s language must be the most precise and may translate all the faces of thought and imagination. So, with this language, a short-story can have the economy of literary ways.

So, a short-story may be defined as a brief, light, quick and precise narrative in prose that has one and single effect. A story is less and perfect than a peal in the sea of Literature.

Reference

GOTLIB, Nádia Batella. Teoria do Conto. 10ª ed. São Paulo: Ática, 2004 (Série Princípios).
CALVINO, Ítalo. Seis propostas pra o novo milênio. Apud. GOMES, Goulart. Poetrix: uma proposta pra o novo milênio. Iararana, Salvador: Aleiton Fonseca e Carlos Ribeiro, Ano VI, nº. 09, p. 72, ago. 2006.

(agradecimentos a profa Sílvia Sousa ao me ajudar na correção do texto em inglês)

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Um escritor em crise - parte 02 (fragmentos de um diário)

Meus dias passam calmos e normais: vou a faculdade de Letras, faço meus exércícios (ás vezes... sendo sincero, raramente), ajudo (sempre) os meus colegas, namoro. Não sou de sair e divirto-me navegando na internet. Poderia dizer que é um programa normal? Não de todo. Semana passada eu escrevi um poema - deposi de meses e meses sem produzir uma linha sequer.....

Esta entressafra poética pode ser sentida no meu blog: praticamente um ou dois textos nos últimos meses. Eu fico chateado - afinal, dedico minha vida a ser um escritor profissional. Mas como eu posso ser um escritor profissional se no Brasil a litertura é reduzida a um mero exercício de diletantismo? Se eu preciso estudar pra ter 'uma profissão séria' que banque os momentos de delírios líricos? Isso pra não falar das infindáveis desculpas e discussões sobre o acesso dos novos escritores no mercado editorial.

Estou perserverando: Leio continuamente. Aproveito os debates nas aulas de literatura pra aprimorar meus conhecimentos. Acompanho, pelo orkut, os debates da comunidade "Escritores - Teoria Literária". Reflito. Bem, só não produzo. Para que eu possa escrever melhor, tenho deixado de escrever! Paradoxo.

Bem, não queria deixar que o mês de agosto não tive um texto novo no meu blog. Vai este depoimento. Entre de férias em breve. Se eu tomar coragem, eu espero escrever o artigo sobre o Conselheiro Zacarias e mando pralgum jornal de minha terra. Sei que santo de casa não faz milagres, mas é preciso começar por algum lugar. E é melhor coneguir algum sucesso na província a ser um total fracasso. Tchau. Câmbio e desligo!

Canção das Bundas

Canção das Bundas

(um poeminha safado)

Salvador, 13 de julho de 2000 (00h23)

A bunda, que engraçada,
Está sempre sorrindo, nunca é trágica

Carlos Drummond de Andrade

As nádegas são mais que bundas,
São grandes sinos de macio bronze
No bailado balançar brejeiro
Da baiana, que passa na rua.

De nada as nádegas têm de lúdico.
É ninho inocente e luxurioso,
Que nadam na malícia pueril
Que nasce de sua imagem lunar.

Flutuam, antes, nos sonhos sonsos
Do marujo que tem sede de terra,
Do mancebo que desperta pro desejo,
Das várias cabeças varonis.

Que, vendo o badalar do traseiro,
Procuram o desejo ou o amor
E acaba se rendendo as graças
Do balançar de uma bunda.

(Podem, nas alturas do busto,
Confabular os sensuais seios:
‘E nós, frutos da vida, onde
Entramos neste belo mosaico’)

Sinceramente, o que me agrada
Mesmo, é o conjunto brejeiro,
Da bunda que rebola, da boca
Que provoca, do seio que se insinua,
Da nuca sedosa, macia e nua
Gosto corpo feminil inteiro…

quinta-feira, 20 de julho de 2006

Poema em Calda de Chocolate

Poema em Calda de Chocolate

(pra minha amada Fabíola)

Salvador, 26 de abril de 2006 (03h39 AM)

Quero-te, minha musa,
Envolta numa calda de chocolate,
De chocolate macio
E apimentando – doce
Como as estrelas na escuridão.
Quero-te um carrossel marítimo,
Carrossel de sereias e desejos,
Recoberta de chocolate à Via Láctea.
Quero-te adoçando os meus caminhos,
Construindo junto nossa morada
Num castelo de sonhos e avelã.
Quero teus beijos como chocolate branco,
Chocolate vermelho de paixão, alucinando-me.
Quero tuas carícias de mãe e de amante,
Quero sentir teu prazer
Escorrendo em minha boca
Como um chocolate misterioso e mágico.
Desejo teu coração apaixonado
Pois ele é o único chocolate
Que alimenta minh’alma
E faz como que nada mais
Entristeça meus versos…

Onde estará a Poesia?

Onde estará a Poesia?

Salvador, 28 de dezembro de 2005 (00h50)

A poesia está nas praças,
Onde está a Poesia?
A poesia está nas ruas,
Onde está a Poesia?
A poesia
Eu a quero nua,
Na minha musa,
Quero nua, na cama,
Nas alcovas, ao ar-livre,
A poesia como hóstia,
A poesia como nádegas,
A poesia deve ser limpa,
Suja, Subversiva, Pura!
Onde está a poesia?
Marginal e entronizada,
Magistral como um a Arlequim na Alvorada,
Eu quero a apenas esta coisa amorfa,
Abstrata e concreta,
Quero a poesia e
Nada mais…

sábado, 1 de julho de 2006

Entrevista

Auto-entrevista na Comunidade do Orkut "Escritores - Teoria Literária", em 01º de julho de 2006
1 - De onde você é?
Natural de Valença-Ba e moro atualmente em Salvador.
2 - Por que você escreve?
Porque é a minha vocação. Gosto de livros, de literatura, de ler, de edição de livros - por isso que também posso entrar no rol de escritores.
3 - Quais são as realizações de sua vida?
Publicar o meu livro, ganhar alguns prêmios literários, saber que alguns textos meus foram lançados em Paris e Budapeste.
4 - Quais seus maiores fracassos?
Isso é comprometedor... ter estudado jornalismo na UFBA e depois me desiludir.
5 - Defina-se em uma frase.
Eu sou Ricardo Vidal.
6 - O que lhe dá prazer?
Ler, escrever, estudar, fotografar, internet e minha namorada.
7 - O que o irrita?
Mediocridade intelectual da pequena burgueisa
8 - Se você pudesse ser um animal, qual seria? Por quê?
Uma coruja, pelo simbolismo.
9 - Se o mundo fosse acabar amanhã, o que você gostaria de fazer antes de morrer?
escrever um poema, bebericando vinho e ouvindo Enya.
10 - Qual personalidade, viva ou morta, você gostaria de conhecer ou ter conhecido?
Goethe, Friedrich Nietzshe, Karl Marx, Che Guevara, Vinicius de Moares, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Manuel Bandeira e Castro Alves.
11 - Qual o melhor autor que você já leu?
Goethe, Fernando Pessoa e Castro Alves.
12 - Qual o melhor autor que você ainda não leu?
Guimarães Rosa e Hemingway.
13 - Qual o som que você mais gosta?
Oboé
14 - Qual o som que você menos gosta?
Pagode. Na verdade, toda sub-produção cultural da industria fonológica que não dura mais que um verão.
15 - Uma palavra.
poesia
16 - O que você gostaria de ouvir de Deus quando chegasse ao céu?
"quem disse que vou iria pro inferno? Seu lugar é a Terra, volte correndo"
17 - Qual seu palavrão favorito?
paralelepípedo. Putaquepariu.
18 - Obras longas ou curtas?
As duas
19 - Tragédia ou comédia?
Drama
20 - Personagens cativantes ou odiosos?
Cativantes
21 - Clássicos ou best-sellers?
Clássicos, sempre.
22 - Prosa ou poesia?
Escolha difícil... poesia
23 - O livro ou o filme?
Um livro.
24 - Inspiração ou transpiração?
Trasnpiração sobre a inspiração
25 - Academia Brasileira de Letras ou o primeiro lugar no ranking dos mais vendidos?
Ser o mais vendido da década, membro da ABL e ganhar do prêmio Nobel.

domingo, 18 de junho de 2006

Meus Prêmios (montagem no Computador)

Escritor em Crise - parte 01 (fragmentos de diário)

*****
Ser escritor. Foi a escolha que eu fiz na vida. Então era de se esperar que eu passe o tempo todo escrevendo alguma coisa: um romance, uma peça de teatro, um tratado científico, um roteiro de filme, uma obra-prima. Ou melhor, que sempre eu teria uma idéia interessante de um super-conto ou de mega-poema. Ou ainda, que eu tivesse uma coluna de crônica regularmente atualizada. Só que nem uma nem outra coisa ocorrem na minha vida. Pelo menos não na forma que eu adoraria.
*******
Hoje mesmo, apesar de ter escrito um poema, posso me considerar que estou em crise. Crise de que? Não me falta idéias nem leituras. Vontade eu tenho. Tempo não teria do reclamar. Só que me falta o sossego necessário. O sossego d'alma, confiante, que me diga: Já pode começar a escrever tua obra-prima! Talvez um dos maiores temperos na escrita é uam espécie de sossego interior, que coadune as tormentas das possibilidades com a serenidade na confiança de seu talento.
*******
Só que quando falta este sossego..... Tudo fica chato! A tela em branco (eu falei tela em branco? já se foi o tempo do medo da folha branca...) é o carrasco. Os livros não inspiram novos textos, só expiram um que de inveja. O que fazer então?
*******
Bem, acho no fundo, isso tudo é só uma vontade de ler Pergunte ao Pó, de Fante. A história que é abordada nele fala realisticamente o que é a vida da maioria dos escritores, que ainda estão batalhando um lugar ao Sol. Longe do glamour dos grandes salões e das honrarias, o que resta são os livros que destinam ao sotão da eternidade e as carreiras disperdiçadas em quimeras.
*************
No mais? Eo só preciso é continuar na minhas busca sobre qual é o barato de ser um escritor. Garçom, mais cerveja, por favor. Au revouir!
*************
Salvador, 18 de junho de 2006

quarta-feira, 31 de maio de 2006

Escolhas

Escolhas

Salvador, 12 de abril de 2006 (23h51).

Disseram-me que devo contemplar a vida
Como um verme contempla o infinito à beira do abismo.
Ser tomado pelo espanto, dar às costas e voltar
Pelo mesmo visgo que andaram outros vermes.
Mas se a vida é o infinito na sua beleza,
Por que devo seguir a mesma trilha de vermes?
Por que eu devo ainda ser um verme?
Se estou à beira do abismo,
E a vida é cheia de possibilidades,
Deveria eu saltar e assumir meu posto de falcão
Para conquistar as nuvens e as galáxias
(ou ser um tubarão e dominar os oceanos abissais)
Mesmo que eu não tenha a certeza
Do que esteja no fundo do abismo,
Mesma que a trilha dos vermes seja segura
Por ser previsível,
Nada há de melhor
Que reinar no infinito.
Mesmo que o Sol derreta a cera de minhas asas,
E como Ícaro, eu caia no meio das sombras,
È ainda melhor tentar o salto na direção do abismo.
A visão que os falcões têm do mundo
È superior e mais gratificante:
Nela eu descortino os mistérios e evito as armadilhas,
Vejo o futuro por ver mais amplo a realidade.
E o que vêem os vermes se não o logro?
Prefiro naufragar, tentando ser um falcão
E me perder na amarga existência inútil dos vermes…

segunda-feira, 22 de maio de 2006

Noite de premiação pela Academia de Letras do Recôncavo – ALER

DESTAQUES

NOITE DE PREMIAÇÃO PELA ACADEMIA DE LETRAS DO RECÔNCAVO

Data: 21/05/2006 Hora: 00:25

Fonte: Página Um News

Academia de Letras do Recôncavo – ALER realizou na noite de 20 de maio último, a premiação aos poetas e poetisas vencedores do II concurso de Poesia da ALER, 2005, em que homenageava o poeta taperoense Oscar Pinheiro. A solenidade aconteceu no auditório da Faculdade de Ciências Educacionais - FACE, (completamente lotado), gentilmente cedido pelo Professor, Empresário e Sócio Benemérito da Academia de Letras do Recôncavo, Senhor Dário Loureiro Guimarães.

Ao ser dado início ao trabalho da noite festiva, o Senhor Presidente da Academia de Letras do Recôncavo – ALER, Almir de Oliveira, convidou para ao seu lado compor a mesa diversas personalidades presentes como podemos citar: Dário Loureiro Guimarães, Edmundo Lima, Danilo Evangelista, Bertolino de Jesus (Presidente do Poder Legislativo de Valença), Pedro Ribeiro (Presidente do Poder Legislativo de Saubara).

Concedida a palavra ao Senhor Edmundo Lima, que representava a família Pinheira, por razões de saúde de um dos seus membros. Também o Senhor Manoel Borges dos Santos, usou do momento e declamou a poesia Gabriela, que entre risos e aplausos agradou aos presentes.

O Presidente da Academia de Letras do Recôncavo – ALER, falou aos presentes dizendo da importância do concurso de poesia e anunciou os membros da comissão julgadora: Danilo Evangelista dos Santos de Santo Amaro, sendo este o presidente da comissão, Hélio Valadão Júnior, de Santo Antonio de Jesus, Judite Santana Barros, de Saubara, Manoel Borges dos Santos, de Muritiba e Onésimo Gomes, de Cruz das Almas.

Em seguida o Senhor Almir de Oliveira, Presidente da ALER, iniciou a premiação e fez questão de deixar bem claro que os sete distinguidos com a Menções Honrosas, seriam convidados para receber as suas respectivas menções por ordem alfabética do autor. Ecos – Autora Aline Oliveira da Silva – Salvador, Balança Patrimonial da Juventude – Autor José Moreira de Freitas – Salinas da Margarida, Soneto da solidão – autor José Ricardo da Hora Vidal – Filho de Valença, residente em Salvador – Chuva – Autor Luciano Diniz – Salvador, Sereia – Autor Ricardo de Oliveira – Ibitiara, Renascer – Autora Silbene de Jesus Ferreira – Saubara, A Vida – Autora Terezinha Teixeira Santos – Guananbí.

Continuando foi dada a premiação aos vencedores, por classificação. A terceira colocação geral coube a autora do poema Luz da Vida, da Cidade de Valença, residente no Bairro da Baixa Alegre – Luíza Alves do Nascimento, também o segundo lugar ficou para outra poetisa de Valença, residente no Bairro da Urbis, caminho 23, Edilena Lima dos Santos, já o primeiríssimo colocado, vencedor do II concurso de Poesia organizado pela Academia de Letras do Recôncavo – ALER, foi o poema O Poeta e a Roça, autor Renato Rocha, de Saubara, centro.

Almir de Oliveira, Presidente da ALER, convidou o Senhor Onésimo Gomes, para fazer os agradecimentos ao Mestre Dário Loureiro Guimarães. O agradecimento foi realizado, e ao mesmo tempo o orador prestou uma homenagem ilustrada num telão, com auxilio do data-show desde o nascimento, passando pelas escolas, mencionando nomes de alguns professores, na vida profissional fez referência que Dário trabalhando numa multinacional, guindou uma função após outra, chegando a diretoria. Onésimo Gomes, concluindo disse: “Bendito sejam Artur e Noemi, Bendito seja Valença que lhe serviu de berço. Naquele instante passou as mãos do Benemérito da Academia de Letras do Recôncavo, Professor Dário Loureiro Guimarães, uma placa pelos bons serviços prestados a ALER” onde todos de pé aplaudiram demoradamente.

O homenageado que é o pioneiro do ensino superior em Valença, visivelmente emocionado agradeceu, fazendo uma citação bíblica, que sua genitora sempre pedia para que fosse lida, desde a sua infância.Logo em seguida foram sorteados alguns exemplares do livro “Revista da Academia de Letras do Recôncavo – ALER, o qual foi custeado pelo Benemérito Professor Dário Loureiro Guimarães. O Presidente da Instituição, teceu algumas considerações e deu por encerrada a noite festiva”.

A imprensa falada esteve representada pelos radialistas Dorgival Lemos, pela Rádio Clube de Valença e Carlos Alberto, pela Valença FM, já a escrita só estava presente Gedel Lobão, pelo Jornal Página Um News.

Parabéns Empresários e Professor Dário Loureiro Guimarães, não só pela memorável noite de 20 de maio, mais também pela Faculdade de Ciências Educacionais – FACE, ter sido aprovada pelo MEC, sem restrições e com louvor. Ontem menino da Vila Operária, hoje empresário. “Bendito seja Dário Loureiro Guimarães”.

Gedel Lobão Página Um News.

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Fonte: http://www.paginaumnews.com.br/aler_premio.php

quinta-feira, 4 de maio de 2006

Entrega de Prêmios - II Concurso de Poesia da ALER

Entrega de Prêmios - II Concurso de Poesia da ALER
Ocorrerá no próximo dia 20 de maio, às 20 horas, no auditório da Faculdade de Ciências Educacionais (rua Maria Consuelo 123, Graça), a solenidade de entrega de prêmios do II Concurso de Poesias “Oscar Pinheiro”, promovido pela Academia de Letras do Recôncavo (ALER). Dentro os agraciados, está o jovem escritor baiano Ricardo Vidal, cujo “Soneto da Solidão” ganhou uma menção especial e fará parte da antologia composta com os poemas vencedores.

Local: Auditório da FACE (Rua Maria Consuelo 123, bairro da Graça, Valença, Bahia)
Data: 20 de maio de 2006
Horário: 20 horas.

Ode Improvisada pra minh'amada

Ode Improvisada pra Minh'amada

Salvador, 03 de maio de 2006

Minha Fabíola é linda,
Como noite de luar
Que surge atrás da serra
Num carrossel de estrelas
Belas para nos encantar.
Tua boca fulgura sonhos
De valsa num sorriso prateado,
Que fazem o poeta delirar
Ao sonhar com teus beijos
Doces como a flor do maracujá.
Teus olhos ternos de esmeralda
São como a ressaca do mar:
Envolve-nos com tua beleza
E malícia para dentro dele
Queremos nos afogar
Dentre tuas carícias e encantos.
Por isso que tu és a minha rainha,
Por quem morro e vivo por ti.
És a fada da lua, a sereia verde
Que me inspira todos os poemas,
E cujo sorriso avassalador
Eleva-me para além das tristezas.
Amo-te, sereia linda, sereia bela,
Sereia vinda das estrelas cadentes
E que ilumina o Brasil
Com teus encantos.
Vem, minha fada e sereia,
Vem pra Bahia de todos os sonhos,
Para que o poeta possa te encher
De beijos e carícias e amor!
Para juntos, cruzarmos o horizonte
E sermos felizes na eternidade dos sonhos...

quarta-feira, 19 de abril de 2006

Lamentos do Velho Druida

Lamentos do Velho Druida

Salvador, 30 de janeiro de 2000

“Estrela do crepúsculo (…) O que procura teu olhar na charneca?”
Verso ossiânico citado por Goethe em Werther.


(O Choro do Druida)

Oh! Grande mal se abatera na terra!
Não mais se acende as fogueiras de Beltane;
Não mais se colhe o visco dos carvalhos!
É o fim de Avalon!!

As velhas pedras, a hera se faz dona!
Não mais meus irmãos se reúnem
E saúdam a Grande Deusa Mãe!
É o fim de Avalon!!

Oh, mãe Morgana! Oh!, grande Merlim!
Onde estão as vossas forças, o vosso poder?
A ilha se perderas nas brumas para sempre!
É o fim de Avalon!!


IIº

(Oisím)

O velho bando já não mais se reúne
Debaixo do antigo carvalho.
Não mais o Fianna Éireann
Se encontram nas charnecas.

Oisím, onde se encontra Fingal?
De Ryno? De Alpim?
Onde se encontram os nossos irmãos?
A nossa Alegria?

O que foi feito de nossa Vida?



IIIº

(Cromlech)

Venho ao sagrado círculo de pedra;
De ancestrais tradições.
Sobre este antigo, velho cromlech
Coberto de hera,
Trago minhas parcas oferendas
A grã Deusa.

Venho ao sagrado e antigo henge
Trazer meu presente.
“Não mais os bardos se reúnem
“No Samh’in.
“Não mais, não mais se ateia
“O sacro fogo.

“O povo se esquecera dos vossos favores,
“Ó grande Deusa!
“Não mais se lembram dos feitos
“De Fingal e Oísin.
“Esqueceram o estandarte do dragão
“E de Excalibur.”

Venho, sob a luz da velha lua,
À esquecida
Mesa das minhas ancestrais tradições
E queridas visões
E pedir a velha e ignota deusa
A minha ida à Avalon.

Martelo dos Ídolos (Nietzscheniana opus 10)

Martelo dos Ídolos

(Nietzscheniana opus 10)

Salvador, 15 de maio de 2001

Meus versos são como tambores de guerra no tempo e na Realidade,
Martelando todos os ídolos e crenças;
Todas as Verdades e Dogmas;
Todos os Deuses e Filosofias.

Meu canto é dinamite no Parnaso,
Destruindo todos os conceitos.
Implodindo sonetos metrificados.
Dilacerando carnes de criança e corações.
Descartando todas as iniqüidades na poesia.
Não haverá de restar mias nada!

. . Só uma túnica inconsútil
. . Que envolverá a Vida
. . E lhe dará uma nova
. . aurora…

terça-feira, 18 de abril de 2006

Um Soneto ao Dous de Julho

Um Soneto ao Dous de Julho

02 de julho de 1996

…………………………
Uma voz se elevou clara e divina
Eras tu - liberdade peregrina
Esposa do porvir - Noiva do Sol! (…)

Eras tu que, com os dedos ensopados
No sangue dos avós mortos na guerra,
Sagravas livre a nova geração.
Tu que erguias………………………
……………………………………………
Um trapo de bandeira - n’amplidão.
Ode ao Dois de Julho - Castro Alves


Salve, Ilustre Povo da Bahia
Em sua festejada data.
Nunca da batalha, de medo fugia,
Em seu peito a coragem nunca falta.

Desconhecida lhe é a Cobardia,
Sua sede de Liberdade nunca se mata.
No Pirajá, um novo porvir surgia,
A melodia da Independência era cantada.

Dois de Julho, sobre as ruas da liberta cidade
Uma nova geração de bravos agora trilha,
Co’o archote de quem não teme a sorte.

Dois de Julho, fulge o sol forte;
Sobre os patriotas mortos brilha
O novo porvir, o porvir da Liberdade.

sexta-feira, 7 de abril de 2006

Balada Militar para Maiakóvisky

Balada Militar para Maiakósvy

00h42 Salvador, 23 de maio de 2003

Valente soldado,
Levante e vá!
O Brasil espera que cada um
Cumpra o seu dever.
Pegue sua pá e construa cidades,
Redes de computador
E semeei cultura
Pelo país afora.

Com teus braços
Edifique firme
Saber e Nação.
Pegue um livro e leia.
Discuta o que não entender.
Escreva se discordar.
Promova assaltos
Ao sábio cristalizado
E derrube (pré)conceitos.
O Brasil te espera.
Que cada um cumpra com o seu dever.

Se ti pedirem
que pegue em armas
que destrua barragens,
que mate o inimigo,
que aniquile inocente;
Esqueça! Desobedeça!
Ignoro este absurdo!
Finja-se de surdo!
Tu és um ser humano,
Não uma máquina.
Soldado – lembre-te:
O Brasil espera
Que cada um
Cumpra o seu dever:
O de fazer da pátria-mãe,
Um paraíso terreno…

quarta-feira, 5 de abril de 2006

Canção de Valença

Canção de Valença

7 de novembro de 1994

‘Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá.
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá’
Canção do Exílio — Gonçalvez Dias.

Valença tem camarão e dendezeiros
E a exuberante Serra do Abiá.
O rio Una, Candengo, Guaibim
- Só em Valença posso encontrar.

Valença, a decidida,
Das cidades é a mais garrida.
Terra deveras, assaz bela,
Única e divina aquarela.
Sírius na miríades de estrelas.

De suas plagas receberam
As reses primevas que formaram
Nosso nacional rebanho.
Nos tempos de antanho,
Fora tu, Valença decidida,
A Terra mãe de nossos
Imperiais estadistas.

Rogo-te Madona do Amparo!
Não me deixe dormir a campa,
Sem que reveja tua sacra colina,
O Guaibim e seu mar,
As morenas e a Serra do Abiá.

Walpurgisnachstraun

Salvador, 31 de outubro de 2002

“Figures dance around and aroundto
drums that pulse out echoes
of darknessmoving to the pagan sound
(…)
I can see a light in the distance
Trebling in the dark cloak of night.
Candles and lanterns are dancing, dancing
A waltz on All Soul’s Night”

All Soul’s Night – Loreena McKennet

Aqui afloram brumas, ali há exalações,
Surgem chamas do fumo, ardentes fluorescências.
Corta o ar um filete de luz em evoluções, (…)”
Fausto, 1ª parte – Goethe

Eu vejo luzes dançando nos pauis,
Fogos bailando céleres na escuridão.
As bruxas passeiam pelo mágico luar
Na Noite de Todas as Almas.

As corujas, os morcegos, gatos e leprechauns
Dançam em espiral em volta do caldeirão.
Os lêmures saem de seus túmulos negros
Na Noite de Todas as Almas.

Virgens desmaiam em transe em volta da fogueira,
Ogros surgem em meio aos vapores espectrais.
Duendes e bruxas e fadas celebram o Sabat
Na Noite de Todas as Almas.

Druidas colhem o agárico mágico em pleno Samh’in,
Cisnes encantados se metamorfoseiam em donzelas
Para amar e amar os jovens poetas enamorados
Na Noite de Todas as Almas.

Fogueiras de espíritos crepitam na clareia alva
E a lua cheia se embriaga com vinhos e tambores.
Sortilégios e demônios são evocados nas brumas
Durante a Noite de Todas as Almas.

Sombras e fantasmas surgem nas paredes
Do velho Henge; as chamas azuis, os incensos
Formam pilares da sagrada sabedoria de outrora
Na Noite de Todas as Almas.

Minh’alma vagueia livre, livre pela floresta,
Em conjunto com unicórnios, fadas e centauros.
Entrego-me a orgia inebriante dos sentidos
Na Noite de Todas as Almas.

Cinjo minha fronte co’os louros dos antigos bardos,
Sigo indolente entre os braços e os seios das bruxas,
Sinto fluir em meu corpo o doce feitiço pagão
Da Noite de Todas as Almas.

Sigo sozinho dentre as frias brumas na florestas,
Cantando meus versos bucólicos e lascivos,
Evocando deuses esquecidos, antigas magias
Durante a Noite de Todas as Almas.

Bruxas e Feiticeiros continuam dançando
Até que o sol surja no alto horizonte. Cansados,
Todos nós ficamos esperando a próxima
Noite de Todas as Almas.

Princesa Hebréia

Princesa Hebréia

"Como és bela, graciosa,
amada, cheia de encantos!
Teu porte se parece com o da palmeira,
de que teus seios são os cachos."
Cântico dos Cânticos 6,4;7,7-8 – Salomão

Princesa, filha de Sion, que lânguida descansa
Ao pé da velha fonte de Siloé.
Teus olhos nacarados encantam
O peregrino que veio além de Gaza
Para descansar a sombra de teus pés.

Princesa formosa, filha de Salomão, sou
O triste peregrino que veio do Poente,
O filho dos reis exilados de Tartessos,
Sou o teu escravo apaixonado,
Apaixonado pela filha morena do Oriente.

Ah, cândida filha de Israel! Por ti
Derrubaria dez mil muralhas de Jericó
Com minhas mãos nuas. Lutaria contra
Um exército de Golias, para o teu amor
Conquistar, filha de Abraão, Isaac e Jacó.

Por ti, serei poeta e guerreiro, tecelão
E imperador para ti agradar, princesa
De Jerusalém. Enamorei-me pelo sorriso
Teu, pelo teus cabelos negros e lisos,
Pela tua doçura recheada de Graça e Beleza.

Teu colo é refúgio do sol inclemente,
Teus lábios frescos tem o doce rubor
Do vinho distante. Beijá-los é sentir
A melodia etérea das harpas do David,
é sentir da brisa do crepúsculo o frescor.

As filhas de Moab e Edon são belas
E lascivas. É mui rica, suave e poderosa
A filha do faraó do Alto e Baixo Nilo.
Porém, Javé te fez ainda mais linda e rica.
Fez-te encantadora e inda mais virtuosa.

Princesa, filha de Salomão, que em Siloé
Refresca-as e repousa do sol de verão.
Como peregrino do teu amor venho
Para entregar meu coração a mais bela
Das mais belas princesas, filha do Rei de Sião.

Promontório da Aurora

Promontório da Aurora

(para Professor Jorge Aguiar)

Salvador, 27 de junho de 2002

Quem dantes ousou dobrar
O negro Promontório da Aurora,
O sombrio colosso que adentra as ondas
Como um tritão impávido, vencedor,
Que volta para triunfar novamente?
Ah! Negro promontório da aurora,
Última galáxia entre Deus e o desconhecido,
Tua sombra nos banha, com a doce promessa
De um futuro grandioso, sublime…
Tua pele de granito e ferocidade beija
O calor das furiosas vagas, o deus–tormenta,
Qu’inda guarda do velho Adamastor
O orgulho sagrado e os tesouros
Para aquele que ousar vencê-lo.
Tua espada – cometa que arrancaste do firmamento –
É a tua cólera soberba, teu desafio impertinente
Que ganha o infinito e vai atiçando
Nos homens a chama divina,
A centelha única, flamejante,
O qual impele a humanidade
A galgar os abismos e – a juntar-se a Deus…
Quem dantes ousou ultrapassar
O velho promontório, a muralha de tormentas
Que o Destino colocou na imensidade?
Não se iludam os que crêem ser fácil a empresa.
O sombrio penedo de quimeras
Sabe guardar suas lendas.
Tem que ter n’alma a fibra de um Vasco da Gama
Ou a perseverança de um Colombo ou Elcano.
Vários os que ficaram amaldiçoados
A ter suas naves, com as velas pandas,
A cruzar eternamente o promontório por subestimá-lo!
Vários foram os capitães que encontraram
Nos escolhos pontiagudos
Como presas do demônio o último
Porto de suas naves naufragadas
Por não serem dignos de enfrentá-lo!
Quantos marinheiros dormem no ventre de tuas ondas
– Colosso imaculado da Aurora, Cabo último da terra –
Por serem pigmeus ante a tua grandeza?
E quantos mais ousarão a ti desafiar
Para ser o dono de teu poder,
Para ser o senhor de tua glória e de teu ouro,
Que guardas em tuas entranhas?
Quantos, sublimes rochedo da aurora? Quantos?
Feliz daquele que te vencer, Colosso do fim do mundo!

quarta-feira, 22 de março de 2006

Ricardo Vidal na Revista Iararana # 08

Iararana - revista de arte, crítica e literatura, № 08.

Capa, página com dos vencedores do Prêmio Iararana de Poesia 2001/2002 e a página com os meus poemas premiados. Fiquei em 03º lugar. Esta edição da revista foi lançada também em Paris (França) e Budapeste (Hungria). Digamos que eu comecei minha carreira literária com o pé direito....

El Desdichado - español

El Desdichado

Salvador, 24 de octubre de 2002

“Je suis le tènèbreux - le veuf - l’inconsolè
Le prince d’Aquitaine à la tour abolie;
Ma seule étoile est morte - et mon luth constellè
Porte la soleil noir de la Melancolie”
El Desdichado – Gerald de Nerval

Soy el conde exilado de Galiza,
El rey sin reino y sin caballo.
Soy aquel que fue olvidado
Por la vida y por la muerte,
Soy la sombra gris del desdichado.

Besado fue por el negro soño muerto
Y por la vieja y mala quimera.
Mía carretera és sin vuleta, sin suerte,
Tuve perdida todas mías esperanzas,
Míos castillos, míos libros, mía honra.

No tengo más amores, los besos dorados
Que tenía en mía dulce juventud.
Hoy, tengo solamente la Soledad
Y la Hambre; la noche de lluvia como verdugo,
La desdicha de todavía estar vivo.

Lira Gallega - español

Lira Gallega
Hórreos
(Fonte: www.vigoenfotos.com - J. Albertos)

Salvador, 29 de mayo de 2003
(Salvador, 31 de marzo de 2004)

. Olas que vienen de Vigo,
Y que camina por l’alba agitada:
¿Donde anda mía amada?

. Olas que vienen de Vigo,
Y trillan cielos, leyendas y corazón:
¡Es mucho triste la inmigración!

. Olas que vienen de Vigo,
Corriendo lista en la azul inmensidad
¡Es mucha dolorosa la Soledad!

. Olas que vienen de Vigo,
Y traen mía canción en el viento,
Traen también el dolor, corriendo…

. Olas que vienen de Vigo,
Trayendo en l’alma la primavera,
E yo vivo llorando mías quimeras.

. Olas que vienen de Vigo,
Lejo yo dormiré en la campaña,
¡Nunca te olvidé, mía madre España!

Canto para Avalon - español

Canto para Avalon

11h49 Salvador, 22 de enero de 2000
(Salvador, 09 de abril de 2003)

Una isla olvidada en las nieblas,
Un paraíso perdido en el lago.
¡Allá me gustará de habitar!

Una isla misteriosa y hechizada,
Una isla gobernada por hadas,
¡Allá me gustará de quedar!

Una isla oculta de sueño y seguridad,
Inmortal reposo del sangre ancestral.
¡Allá me gustariá de vivir!

Isla oculta de eterna musica,
Tierra de los celtas y de las magía - ¡Avalon!
¡Allá donde iré morir!

La Colera de Aquiles - español

La Colera de Aquilles

Salvador, 18 de marzo de 2000
(02h01 Salvador, 09 de abril de 2003)

Nueve años estaba Troia sitiada,
Desde que el pomo de la Discordia lanzado
Fuera, haciendo intriga en el monte Olimpo
Y sembrando sangre en los campos griegos.

Si fue la vanidad de trés diosas
Y la hermosura de la hija de Jove qu causó
La madre de todas las batallas; hubo aun
Otra mujer que creó nueva disputa entre los griegos:

Tenendo el general-jefe Agamenon tomado
Del caudillo Aquiles la sierva Briseida, a quién
Habia cabido en el reparto de la pillaje,
Recusó Aquiles de lo seguir en el bloqueo.

Nascía la colera del valeroso guerrero,
Nascía la gloria y la fama del viejo Homero.

A Jangada Partiu

A jangada partiu

Praia do Guaibim, 24 de outubro de 1994 (21h09)

Evocação
Oh! Reino de Tétis e Netuno!
Quantas vezes serviste
De último e líqüido leito?

A jangada partiu!
Valentes nautas do Ceará
Singram o negro-verde mar
Enquanto a Luã beija
As cálidas ondas na praia.

A jangada partiu!
Mais uma vez foram
Colher os frutos das ondas,
Debaixo das imperiosas vagas
Em uma constante faina.

A jangada partiu!
O azul cristalino voga inclemente
nas areias da praia. As ardentias
Iluminam a doce senda, para
A célere jangada passar...

A jangada partiu!
Deixando Marias esperando,
Famílias a rezar aos santos e Iemanjá
Para que o pescador
Possa, vivo com Deus, voltar.

A jangada partiu!
"Amanhã, com certeza, vão chegar"
Desta vez, não voltaram.
Sem pescado, os valentes nautas
Ficaram para sempre no mar.

A Jangada partiu!
Mas ninguém voltou.
Sem o pescado de sustento,
Sem José, sem pai, sem marido,
Só a jangada cearense
Sozinha, do verde mar, regressou.

Exilium

Exilium
Fachada da Câmara Muncipal de Valença
Fotografia e Arte no Computador - Ricardo Vidal


Salvador, 15 de outubro de 1998

Tu choras, eu sei. A saudade não é
Fruto que se degusta sorridente
Quando, ao peito — e no peito mormente —
Encrava acampamento, bandeira e pé.

Sei que tua cidade, minha pátria
Tem ditosos campos, flores e cachoeiras;
Tem formosos amores, festas, brincadeiras;
- Cousas que aqui nos são contrárias.

Aqui a noite é sem lua, sem serenata,
Não encontramos bailes ao luar.
O Sol, cansado, é um mero carro a puxar
A claridade. Felicidade, aqui? Nada!!

A noite ainda procuro pelo luar
Um só sorriso, uma só risada
Que nos lembre aquelas serenatas.
Porém nada, só um triste soluçar.

Aqui há não um só dia, manhã
Que acordo sentido falta dos sabiás;
O Sol, duro, é antes ferro a gritar,
Diferente daquelas auroras de maçãs.

………………………………………………………………

E assim vivo, puxado pela saudade
De ti, Valença, doce e querida cidade.

Balada do Belo Amor

Balada do Belo Amor

Valença, 31 de maio de 1996 (00h35)

Brilhante centelha,
Cálida estrela,
Fogo eterno, luz.
Noite de febre.
Canto de cisne.

Beijo molhado,
Corpo suado,
Rubra dor, lágrima.
Vôo de pássaro.
Magia de crepúsculo.

Vento de tormenta,
Cheiro de menta,
Toque maroto, língua.
Flor de campina.
Banho de orvalho.

Festa celestial,
Brisa musical,
Brilho azulado, clarão.
Aurora encantada.
Poema romântico.

Verso ardente,
Soneto quente,
Ondas da praia, marulho.
Musica angelical.
Melodia de querubim.

Dourada nuvem,
Macia penugem,
Gosto de Outono, doce.
Luar de Primavera.
Sonho de Verão.
Sol de Inverno.

……………………………………………

Que é e será,
Move e moverá
Este mistério da Vida? Sonhos?
Nada mais que sempre
É tudo o AMOR.

Entardecer no Inverno - Jornal Costa do Dendê

Um poema meu publicado no jornal Costa do Dendê (Ano V, Ed. 45 - 30 de setembro de 2004), de minha cidade. Isso me lembra que eu preciso publicar mais textos lá...

Anúncio de meu livro - Revista Iararana #10

domingo, 19 de março de 2006

Rosa & Tigresa

Rosa & Tigresa

(para Fabíola)

Salvador; 04 de dezembro de 2005

Tigresa com uma rosa no seio,
É o sonho de amor que anseio
Viver na mais alta eternidade.
Tigresa de corpo belo e perfeito,
Desejo os teus doces beijos
O sumo único da felicidade.
Tigresa com olhos esmeraldas,
Tu és a minha rainha das fadas.

Rosa rainha sempre rosa,
Felina linda e maravilhosa
Que brotou alegre no jardim;
Tu és a minha estrela formosa
Que brilha assim, toda prosa,
Somente, somente para mim.
Rosa com lábios sorridentes
A bailar no vento, contente.

Fado Brasileiro para Lisboa

Fado Brasileiro para Lisboa
(Após ouvir Amália Rodrigues)

Salvador, 18 de maio de 2004

Ai, Lisboa! Boa Lisboa que povoas meus sonhos!
Apesar de nunca meus pés terem balançado
Pelas ruas da Alfama e do Chiado, ou meus
Olhos jamais terem bebido o Tejo que se despede
Antes de, no mar, levantar velas para o infinito,
Ainda assim eu carrego em meu coração
Este nome como uma guitarra carrega o doce fado.

Às vezes, com a lua reinando nos trópicos
E descendo seu manto sobre o farol da Barra,
Meus olhos cerrados preferem divisar a branca Torre de Belém.
E minhas mãos instintivamente acenam
P’ras as naus de Vasco da Gama que para Índias caminham
E constroem no infinito o quinto Império.
O vento caminheiro sussurra o fado melancólico,
Em que uma saloia relembra os versos de Pessoa,
Ou o estudante coimbrão, dentre garrafas do porto,
Vêem as floradas belas que d’alma surgem na Sra. Espanca.
Então um ramalhete de rosas brancas é como uma taça
De vinho Verde – embriaga os sentidos e as rimas
Brotam como quiméricas saudades. Como Ulisses,
Eu fundo meus amores em uma terra fértil e boa,
Nesta cidade que nunca vivi e sempre amei – Lisboa.

quarta-feira, 1 de março de 2006

Pequeno Poema Sensual

Pequeno Poema Sensual

Valença; madrugada de 05 de setembro de 2004

Vendo tuas formas bailarem
Com volúpia e êxtase, sinto
Minha virilidade explodir
Como orgias divinas de estrelas.
Teus seios túrgidos e teus glúteos
Giram rápidos numa dança
Pagã e sensual – expressão
Das magias eróticas do coração
E dos sonhos angelicais de sedução.
Como gostaria de sentir
Tua cona, todas as conas do mundo
Bailando lassas nas minhas entranhas,
E ver bailar teu corpo de Afrodite
Nos meus sonhos impuros de poeta.
Quero sentir o teu corpo feminil,
Sentir e possuir todas as mulheres
Do mundo em um doce sonho
de lassidão…

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Vertigo

Vertigo

(Dedicated to Miss Silvia Sousa)

Salvador; February, 24th 2006

I want the vertigo on a sea cliff
When I have my muse next to me
And her leaving may appease my heart.
I want the passion deep abyss,
The eternal perdition that I find
My darling in my daydream.
I want the unreal storms
Of Spanish music, that put me
In front of the definitive jump.
I do not want to leap. I prefer
The vertigo of lovers in face of Eternity
I want the stars under my feet
When my muse guides me to the edge
And, while her look meets up with mine,
I can see in the eye of my muse
The sweet vertigo of love…

Winter’s Twilight

Winter's Twilight

(Dedicated to Misses Adelaide)

Salvador; February, 24th 2006 (00h18 AM)

The leaves dance in the air,
kissed by the frosty wind.
A flock of dreams and melancholy
Blows on the wild plains,
Like a polar dawn.

They are my autumn’s flowers,
My shadows of moonlight
Misty of a sweet lake,
A kiss of snow during twilight
In the
Winter…

Shy Moon

Shy Moon

quadro de Junior da Hora

(Dedicated to Misses Adelaide)

Salvador; February, 24th 2006 (01h12 AM)

Shy moon that shines in the sky,
You are a lonely luminary of darkness.
You are the singular goodness
That bathes me, a sad traveler
Who walks alone in the nightly ways,
Gloomy, naked and ghostly ways.

Timidly, you follow me
Obscured by gray clouds,
And spills your moonlight on me
(Ethereal and silver tears).
Shy moon, you kiss me,
Caress me, Console me
This dark beast called
Loneliness.

The Werewolf

The Werewolf

(Dedicated to “Aunt” Sonia)

Salvador; February, 23th 2006 (01h38 AM)

The poet is a lonely werewolf
Who roves through desert prairies
In the night of storms and thunderbolts.

His claws devour the land’s guts,
His verses are his canine hunger,
His poetry, the anguish for glory.
He constructs gradually his books,
Step by step, satisfying his guts,
While the glory escapes him, like Tantalus.

He roves, lonely like a coyote,
Through the gray prairies,
Looking for a resting place.
His lacerated body wants to sleep.
Dead, his arms desire the end.
But his soul rules: go on and on!

Poor poet! Poor lonely werewolf
Who keeps walking in the darkness.
His curse, however, is humankind redemption.

(thanks to my dear teacher, Misses Adelaide, in the correction)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Little Poem

Little Poem
Salvador; October, 18th 2005 (at night)

Forget my love.
Forgive my life.
Forbidden are my dreams
Forever all the times.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Textos, Vinhos & Surpresas (Esboço de uma teoria de criação literária - ou um mero depoimento)

Textos, Vinhos & Surpresas
(Esboço de uma teoria de criação literária - ou um mero depoimento)

Salvador, 20 de fevereiro de 2006

Sinceramente, eu sei que estarei falando um chavão, mas aprendi a lidar com meus textos da mesma forma como eu trato os vinhos: deixo decantando-os. Escrevo, e pronto! às vezes sou tomado pela euforia de achar que o texto está uma maravilha, às vezes eu e o texto nos estranhamos. Por isso que deixo os textos descansar algum tempo depois de escritos.

Sei que a minha emoção inicial com os textos é passageira. Quando eu os deixo de lado por um tempo, eu acabo vendo nele, com mais clareza, seus defeitos e qualidades. Emendo, se for o caso ou o abandono nos meus arquivos. Pode ser que tempos mais tarde, eu releia estes textos esquecidos no arquivos e acabe me surpreendendo (como já me aconteceu com um poema, que eu achei mediano e o que foi mais bem aceito em concurso e publicações).

Continuando a comparação, há texto que são um Beaujolois que só interessa quando jovens (depois de um tempo ficam fracos por serem circustanciais), outros são como os Chianti, precisam de poucos anos para amadurecer serenamente e há finalmente os Riesling alsacianos, mais complexos, que precisam de décadas para serem apreciados.

Pois bem, este é o meu depoimento.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Balada para o Progresso de Valença

Balada para o Progresso de Valença
Valença, 09 de fevereiro de 2005 (02h33)

Valença, amo-te como mãe e amante
E em teu seio quero fecundar glórias.
E por amá-la desesperadamente,
Insurjo-me contra tuas mazelas.
Como pode uma cidade rainha
Ver teus filhos imersos no mangue
Da miséria e da ignorância?
Como pode uma cidade pioneira
Na industria e no progresso
Estar assim tão pobre, sem futuro?
Como pode uma natureza tão exuberante
Ser depredada e mal gerida,
Ver seus frutos apodrecerem
Por falta de oportunidade?
Como pode um passado tão singular
Ser olvidado e descartado como lixo?
Como pode uma Níobe de pensadores
Visionários ver nascer agora
Uma geração bastarda incapaz de olhar
Para ti, minha mãe, e nada fazerem
Para que brilhes mais uma vez
Na constelação brasileira?
Por isso que pena se faz de flagelo
E açoita tuas mazelas e descaminhos,
Pois não posso –sem lágrimas nascer–
Ver a cidade em que nasci e sempre amei,
Ver tuas glórias e prosperidade
Esvair na cauda do rio Una
E dissiparem-se no Mar do Esquecimento
E no deserto inclemente da Eternidade.
Valença, meu amor violentado,
Reaja de tua inércia e do teu letargo,
Refloresça tuas flores e veja teus frutos
Romperem a aurora e ganhar o Futuro
Com suas garras e sua astúcia.
Pois uma cidade tão doce e bela,
Formosa como uma Deusa Hindu,
Fecunda como a Esperança,
Não pode nem deve ser mal cuidada…

O Meu Menino de Valença

Meu Menino de Valença
Salvador, 17 de fevereiro de 2005 (22h46)

Meu menino de Valença
Não subiu em árvore,
Porque no cume de seus livros
Tornou-se senhor do Himalaia.
Não fez ginástica,
Não andou de bicicleta,
Não montou em burro bravo,
Não jogou bola pelas ruas
Nem tomou banho de mar.
Contudo conquistou o mundo
(primeiro pela voz de sua Tia Vera,
Depois nos seus olhos pueris de alfabetizado).
Meu menino de Valença,
Quando inocente infante,
Foi companheiro do Capitão Nemo
Em suas viagens no Nautilus;
Conheceu os irmãos Franchi da Córsega;
Conheceu os vulcões da Islândia
Onde residia o palácio encantado
Da valquíria Brunhilda.
Conheceu a Roma da Loba,
Roma das Sete Colinas
E das colunas de Trajano e César.
Conheceu a Tróia de Aquiles e Heitor
E do cavalo maravilha de Odisseu.
Ah, meu querido menino de Valença!
Quão felizes foram seus dias de infância
Que o sol, dentre acerolas e graviolas,
Vinha avistar sobre os ombros
Seus sonhos e fantasias impressos no papel.
Não desejava uma senhora Robinson
Nem conhecia os reality–shows da moda,
Muito menos as cifras e os cifrões vinham-lhe
Roubar o sono e o sossego.
Mas meu menino de Valença
Cresce o corpo e envelheceu
A voz, a barba e a malícia.
Ficou mais triste e carrancudo,
Não viaja mais com Nemo
Nem passeia a cavalo pela Córsega.
Porém continua amando os livros
E em meus versos ele ri,
Escondido como matreiro saci,
A brincar com meus sonhos
E trazer-me uma alegria antiga
E esquecida…

Soneto em Bossa Nova

Soneto em Bossa Nova
(após ouvir Tom Jobim)

Salvador; 03 de maio de 2005 (03h30 – 03h33)

Copacabana é um suave beijo salgado
De um samba novo, macio, desafinado.
É um piano dedilhado por um mestre,
É um copo de uísque, sozinho, à beira-mar.

Copacabana é uma bossa querida de violão
Que calmamente vem encantar um coração,
E massageia Ipanema com teus cantores,
Com teus poetas devotos, boêmios trovadores.

Copacabana tem um sol poente que faz
Rir teu sorriso melancólico e chorar tuas
Lágrimas de amor e tuas belezas nuas.

Copacabana; Ah Copacabana! Eu falo assim,
Sem te conhecer além das canções de Jobim,
Mas com um não sei quê, de u’a tristeza sem fim…

English Absinthe


Natureza Morta - quado de Junior da Hora
(http://www.rrtv.com.br/juniordahora)

Salvador; May, 31th. 2005 (02h12 PM)
[Salvador, 25 de fevereiro de 2002]

Your scent, green emerald rich
Is the invitation to orgy.
Your fascinant lips oof hot breath
Are the fire of the gods,
Are the fatal game of the lust and pleasure,
Are the silence where
The devilish fetish of souls
That burn minds and eyes:
Ilusions weaving a sweet and tragic poetry,
Magic poetry of the green star absinthe…

Ação e Conceito em 07 minutos


Quadro de Junior da Hora
(
http://www.rrtv.com.br/juniordahora)

Salvador; 16 de fevereiro de 2006 (23h24)

Não quero o amor, mas o Amar.
Não quero o amor enquanto ente
Ontológico de ficções e teses.
Quero o amor como ação humana:
Frêmito de virgem e soluços de orgasmos,
O toque de pele e a palavra
Cruzando as nuvens párea encontrar-se
Com a amada distante.
Não quero o amor como ser teológico
Distante da vida e da arte.
Quero o amor que surge do pincel
Massageando uma aquarela
Ou da lira vibrando sonetos eróticos.
O Amar que eu quero é o dos dedos d’amada
Fazendo cafuné depois do prazer.
O Amar que eu quero é do Verbo novamente
Se fazendo em carne, num novo
Ato de Criação…

Da Profissão do Escritor

Anjo Azul - quadro de Junior da Hora
(
http://www.rrtv.com.br/juniordahora)

Salvador; 21 de julho de 2005

Não sei porque ainda escrevo.
Os arautos dos dogmas e das mentiras explodem suas algaravias,
Como que grávidos de um super-homem nietzschiano:
Ora, se queres sonhar, sonhe algo útil como ser pedreiro,
Ou então sonhe calado como os mortos no esquecimento.

Mas meus sonhos de poeta não são covardes nem inúteis.
É com ele que eu trago a luz para os cegos mentais,
Trago a sabedoria para os fariseus e para os jovens,
Trago o verde para o cético e para arcanjos,
Trago coragem para o fraco e o combatente,
Trago vida para o suicida e para os leprosos,
Trago o amor para o descrente.
São meus sonhos que curam minhas feridas e regeneram
Minha força para continuar a batalha do pão-nosso da existência.

Mesmo assim, eu ainda não sei porque escrevo.
Talvez eu escreva para alegrar minha prima distante,
Ou porque eu possa criar um novo mundo,
Ou porque eu passe meu tempo e me divirta.
Se eu escrevo, é porque (talvez) um mistério se realize pelas minhas mãos
E um novo ser brota de minhas entranhas
E expõe as mazelas dos arautos dos dogmas e das moedas,
Denuncia a passagem diária do cortejo do sanatório,
Açoita a mediocridade alheia e o inspire a mudar.
Eu ainda escrevo porque eu não estou fora da realidade onírica
E tenho um mundo de lirismo para contar para meus irmãos.
Escrevo porque o instante exige que eu brade a espada de Mishima
E corte as iniqüidades do não-ser e da não-vida.

Não sei porque ainda escrevo,
Quando os comandantes das desilusões atacam com suas naus de invejas,
Quando os fazendeiros da insensatez dizem: não vale a pena lutar!
Quando os mercadores da desgraça ficam seu marco de posse na consciência,
Quando os narcotraficantes do medo imperam com seus cajados torpes,
Quando os profetas do ódio galvanizam as massas contra os poetas.
Eu estou sozinho contra este exército do mal absoluto,
Mesmo assim, uma voz na caverna de meu espírito ordena:
Prossiga. Persevere!
Sim, por isso que eu ainda escrevo e teimo em escrever.
Meus sonhos são maiores que o mundo…

Vertigem

Vertigem

Salvador; 16 de fevereiro de 2006 (23h17)

Eu quero a vertigem da falésia
Quando ao lado de minha musa
Meu coração repousar. Quero
O abismo insondável da paixão
Avassaladora, a eterna perdição
D’encontrar n’amada meus devaneios.
Quero a féerica tempestade
Da música espanhola, que coloca-me
A um passo, no limiar do salto.
Não quero o pulo, prefiro a vertigem
Dos apaixonados frente à eternidade.
Quero as estrelas debaixo de meus pés
Quando minha musa levar-me ao parapeito
E, ao cruzarmos nossos olhares
Diante das tormentas de andares acima
E do paraíso de andares abaixo,
Quero encontrar nos olhos dela
Esta doce vertigem do amar…

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

O Poeta e a sua Musa


Eu e Elisabete P. Barbosa, aquem dediquei meu livro "Estrelas no Lago"

The Uncle Simon’s Folk Tales


The Uncle Simon’s Folk Tales
(Dedicated to “Aunt” Sonia)

Salvador; Jan, 24th .2006



Uncle Simon was a tailor that told folk tales. He liked to tell them stories very much, maybe, because his life had been very adventurous. When he was younger, he had been a painter and made friends with Pablo Picasso, Joan Miró, Tristian Tzara and Salvador Dali. Afterwards, he fought with the Republicans in the Spanish Civil War and with the French Partisans in the World War II. He ended up being imprisoned by the Nazis in the same concentration camp Jean Paul Sartre escaped from. After the wars finished, he lived in a Benedictine Monastery in West Germany, where he read some interesting books of History, philosophy and Arts in the library and learned his job. Because he was accused of being a communist, he was exiled. Then he went to the Isle of Man, where he has been living so far.


Every afternoon, Uncle Simon was visited by his young friends Anthony, Barbara, Charles, Christian, Edison and Richard. The “Six Fabs” – as Simon used to call then – went to his workshop to shoot the breeze a lot until the night came on. Sometimes, they helped the tailor; buying a thrade rolls or handing out clothes at the counter. At twilight, the tailor ended his work and began to tell his amazing stories. They were stories of Asian kings, Greek monsters, Muslin sailors, Africans sirens and Russian fairies; or, he told Jewish legends, Hindi fables or Chinese short stories. The Six Fabs’ favorite story was “The Fable of the Angry Lion”. Let the Uncle Simon tell us the story.


“— Once upon time there was a Lion. He was the jungle’s king and all the animals respected him. The Lion was a violent but fair ruler. However, one day, he woke up angry because he had a lot of nightmares at night. All the animals were scared and go together at clearing. Who could calm down the King? Then, the Camel remembered that his king liked to hear amazing fables and legends. “Who is courageous enough to tell an excellent story to ours king?” asked the Elephant. A dreading silence involved the meeting, until the Fox shoulded proudly: “I know three hundred amazing fables, legends and fairytales of world wide. I believe that our king is going to love one of then”. All the animals were satisfied with the fox’s confidence and they walked to the King Lion’s Den. In the middle of journey, the Fox stopped frightened. “Dear friends! Unfortunately I forgot a hundred of my fables”. “No problem” said the Raven “One of two hundred fairytales and legends left may appease the angry lion”. The animals continued the journey. The Fox was a little worried. Well, a quarter of a league up the King Lion’s Den, the Fox stopped again the committee and said, bursting into tears: “My, oh my. I forgot another a hundred of my legends. I can only remember my fairytales”. “No problems, valiant Fox”, the Raven consoled hers “You still have a hundred of fairytales that may make our king happy”. The Fox continued the journey. He was very sad and scared. When the animals arrived at the King Lion’s Den, the Fox fainted. Preoccupied, the animals awaked the Fox. When he woke up two hours later he told that he had forgotten the last hundred stories that he still remembered. The Lion was too impatient and the rest of animals did not know the solution for the question, until the Jackal said to the Camel: “You know that I am not as so smart as the Fox. But, I heard a little story when I was a cub. I could tell it to ours king, the Lion”. All the animals agreed on the new plan, though they were skeptical about that the Jackal could be a new impostor like the Fox. The Jackal went into the Den. Again a new dreadful silent involved the Jungle. After half an hour, the Jackal returned to the animals, with the Lion. The Jackal was wearing the medal of the Premier. “What story would the Jackal have told the Lion that made him became the second most important ruler of the Jungle?” The Camel asked to new Premier. “Dear friend” said the Jackal “I only told the Lion the Fox’s trick. The Lion laughed loudly and gave me a wise advice: ‘Only in Danger you can separate Courageous men from the Impostors’”.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

Lendas do Amparo

O rio Una seguia plácido dentre Valença enquanto um sol alaranjado do crepúsculo cobria de escarlate e vinho a cumeeira de dois montes no horizonte. Por que cumeeira? Os montes surgiam como dois seios túrgidos e lúbricos de morena sensual cujo rio era o seu ventre lascivo e fecundo. E no alto de uma das colinas o sol era uma casta coroa criselefantina a rodear a santa e veneranda igreja de Nossa Senhora do Amparo.

- Pai, por que igreja foi construída lá no alto? - perguntava o filho caçula enquanto comia um pastel no calçadão da Orla do rio Una.

- Bem, diz minha avó materna, que quando criança ela ouviu de um mascate em Sarapuí, que um rico fazendeiro da região, valente como um bandeirante e arrogante como um coronel, deu para cavalgar furiosamente pela colina, como a desafiar a Deus e o Diabo com sua correria. O cavalo corria como corisco a cortar cataclismos com suas crina de carvão e coragem por força do castigo inclemente da chibata cortante do centauro que o cavalgava. Pulava os arbustos como se brincasse com um fogo, a subir pelas escarpas. Até que, lá no alto, como a vingar dos acoites, deu um coice e derrubou bruscamente seu cavaleiro. Queda feia e seria morte certa se o fazendeiro não tivesse clamado amparo a Nossa Senhora, com toda a humildade do coração (embora já estivesse entregando a alma ao destino). Acordou lá embaixo, horas depois, já às margens do rio, tendo o corpo coberto com alguns arranhões - apesar de ter rolado de uma grande altura. Dizem que depois ele se tornara um homem piedoso repleto de fé, e que construiu com suas mãos uma igreja para sua protetora.

* * * * * * *
- Que nada! - dizia, da janela de um dos casarões na praça da República, uma comadre fofoqueira para seu amigo, Dr. Mustafá Rosenberg - Não teve queda de cavalo. Segundo minha tia freira carmelita, ela ouviu de uma madre superiora cuja família é amiga da família do professor Jorge Aguiar, que a igreja foi construída ali porque, muito antigamente, havia uma imagem de Nossa Senhora que, posta no altar mor da Matriz do Sagrado Coração de Jesus, projetava sua sombra no alto do morro, como a indicar o local de sua moradia. Foi assim que povo daqui construiu seu templo lá em cima.

* * * * * * *
- Foi milagre sim, mas não de sombra no altar! - Replicava o magarefe no Mercado Municipal para seu cliente - a verdade meu amigo, contada pelo meu padrinho, professor Martiniano Costa, que ouviu das bocas dos pescadores do Tento (amigos deles), foi que há muitos anos um barco de pesca daqui da cidade havia se perdido em alto mar durante uma tormenta. A tripulação, vendo o naufrágio iminente, começou a rezar para Nossa Senhora. E estava uma onda enorme a abrir sua boca de demônio e a devorar o barco, quando ela apareceu com seu manto azul e branco. A onda fechou suas mandíbulas e o tempo serenou. Nossa Senhora estava lá no alto do monte como um farol, indicando com seu dedo a foz do rio Una. Chegando são e salvos, eles em gratidão construíram a capela do alto do morro onde ela amparou seus filhos pescadores. Mais tarde o povo a expandiu o castelo da rainha de Valença.

* * * * * * *
- A história dos pescadores que se salvaram no naufrágio realmente aconteceu - contradizia o sacristão dentro do salão da Casa Paroquial, enquanto conversava com as professoras Dinalva Teles, Ana Franco e Rosângela Figueiredo - mas a igreja já existia. O que professora Macária me contou foi que encontraram nos arquivos da arquidiocese de Salvador o relato de um viajante que falava de um grupo de escravos fugidos afilhados de Nossa Senhora. Estes, tentando escapar daquele rico fazendeiro da primeira lenda, teriam se dirigido para a colina, achado a imagem da Santa Mãe de Deus e orado para ela. Foi então que ela apareceu e os amparou, escondendo os escravos em seu manto e ludibriado o dono feroz e o capitão do mato que os perseguiam. Mais tarde, foram pedir refúgio ao bom pároco da Matriz. Este, devoto da Virgem Maria, ao ver a imagem e ouvir contado do milagre da fuga; percebeu que ela era madrinha destes negros e fez que Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana comprasse a liberdade deles, que depois construíram o santuário para sua Benfeitora.

* * * * * * *
Do alto de sua torre de marfim, o doutor professor de História ri baixinho, pensando: pobres ignorantes, tudo lenda, pura lenda, só lenda...

Mesmo que sejam simples lendas, o poeta não deixa de bebê-las em êxtase (junto com seus amigos Cristiano, Flamínio e Pablo e seu primo pintor Junior da Hora) enquanto o sol coroa a Igreja de Nossa Senhora do Amparo e o rio Una de águas negras corre como um ventre fecundo que divide o horizonte em dois seios femininos...

quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

Sabedoria Bagdali

Uma nação sem grandes poetas jamais chegará a ter grandes políticos”

*** Frase pintada em placa de madeira na entrada do Sindicato dos Escritores Iraquianos, bairro de Karada, periferia de Bagdá


Fazendo um comentário marginal a esta citação, dois pontos curiosos devem ser notados:

01} Mesmo num país com problemas de organização política (agravados com a invasão norte-americana) como o Iraque, os escritores estão organizados em um Sindicato. Por que a nossa democracia brasileria ainda não conseguiu um feito desse?

02} Tudo bem, que os escritores tenham o direito de se enclausurarem numa Torre de Marfim. Mas que não se esqueçam que também SOMOS cidadãos e que a poesia TAMBÉM foi feita para revelar e transformar a realidade.

terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Baile de Máscaras Mortas

. Este encontro poderia ter sido numa recepção de casamento ou num velório – mas aconteceu numa mesa de boteco meio vagabunda. E os nossos personagens poderiam ser os Três Mosqueteiros (ou os Três Patetas) – mas são somente três amigos de infância: Aquiles, Jonas ou Nero. Jonas era professor de geografia, trazia uma pasta com livros, usava calça jeans e camisa pólo. Nero era um obscuro redator de telejornal e usava bermuda e camisa regata, pois estava no seu dia de folga. Aquiles era advogado e acabara de voltar do tribunal de pequenas causas.

. Era um final de tarde de uma sexta-feira estafante e a mesa de bar fora o porto inseguro para afogar as pequenas decepções diárias. Várias garrafas de cerveja no chão e pratos de petiscos refletiam rostos vermelhos e sorrisos alcoólicos de nascimentos fugazes. Recordavam agora os tempos de escolas:

. — Lembra-se do professor Carrasco da Cicatriz?

. — Claro! E os seus bordões? “Enquanto os outros estão perdidos em conta um por um os ângulos, você aplica este macete de colocar menos um em evidência e pronto! Podem dizer que mataram a pau a questão e eliminou concorrente”.

. — Sim, e ele continuando dramaticamente: “Mas é claro que eu não precisava dizer este macete. Vocês já sabiam disso por você são alunos astutos! Alunos… inteligentes. São alunos…”.

. — … do professor Wellington! — concluíram em uníssono e às gargalhadas.

. Era bom relembrar estes tempos tão estranhamente prazerosos! Claro que se perguntassem aos três na época, eles diriam que esta era a pior fase de suas vidas. Mas agora que tinham carreiras sólidas e inúteis, levavam uma vida adulta tão vazia existencialmente, aqueles anos passados era vistos com falsa nostalgia… ou como ponto de partida para ironias.

. — Aquiles, lembra-te do que você queria fazer na vida?

. Aquiles se recordou amargamente dos seus ideais. Frívolo quando jovem e aluno mediano, seguiu a carreira jurídica por imitação ao padrinho, que era desembargador e professor de Direito Romano. Fez um curso regular, mas nada de diferente da maioria de seus colegas arrivistas e pedantes. Mesmo assim fora arrebatado pelo ideal da Justiça e gostaria de ser um grande juiz penal a serviço do bem da comunidade. Sonhava com a glória e a notoriedade de condenar um grande criminoso – mesmo que isso custasse a sua própria vida. Passou a ter a juíza Denise Frossard como musa de seus devaneios. Só que acabou prestando exame para OAB. E seus ideais de servir ao bem comum transformaram-se em modorrento trabalho de ora a defender um bêbado arruaceiro, ora a processar o cachorro de um vizinho. Ficava enfurnado no seu escritório. Os rendimentos são razoáveis que permitem uma vida sossegada. Contudo, há dias em ele se pergunta: de que vale este sossego? Seria melhor uma vida curta e gloriosa do que este longo ocaso da existência?


. — Claro que eu me lembro? Ser vir a Justiça pela bem da comunidade! E é isso que estou fazendo, aceitando as pequenas causas. No mais, gosto de minha vida calma, mesmo longe dos holofotes — E Aquiles bebeu vorazmente seu co-po para afogar a mentira que dissera a pouco.


. — E o seu livro, Dom Nero! Quando ele será lançado e ser aclamado como membro da Academia?

. À medida que Nero alargava seu sorriso amarelo ele se recolhia constrangido no fundo da cadeira. Nero gostava de ler e de escrever. Queria ser escritor – por isso optou em cursar Jornalismo. Mas se decepcionou com a faculdade. Longe de formar novos literatos do porte de um Lima Barreto ou de um Olavo Bilac, o curso formava repórteres e apresentadores de TV. Fez um curso regular e longo por odiar fazer reportagem e trabalhar com meios eletrônicos. Nesses anos penosos tivera algum alento quando publicou alguns contos promissores – O que o levou a prometer a escrever seu grande livro – algo que o projetasse no mundo literário. Assim que se formara, ainda pensou em trabalhar em no caderno cultural de algum jornal impresso. Para sua frustração, ficou pulando de assessoria em assessoria de imprensa até ser contratado como redator de um telejornal sensacionalista. Felizmente não aparecia de frente das câmeras, mas não lhe agradava redigir noticiários policiais ou fofocas de artistas. Nem suportava assistir a programação vulgar e medíocre da empresa onde trabalhava. E o livro ia sendo procrastinado, procrastinado…

. — Minha obra prima? Vai bem obrigado. Ontem redigir algumas páginas. Bem, uma obra prima não é feita assim, de uma hora para outra. Sabem quanto tempo levou Goethe para escrever seu monumental Fausto? Por hora, contente-se em ouvir meus textos sendo lidos na televisão… — Nero acendeu seu cigarro. Tragava-o como um dragão, como a sufocar sua melancolia de não poder se de-dicar unicamente à literatura.

. — Jonas, cadê a gostosa da Rosinha?

. Foi então a vez de Jonas sentir o seu desconforto. Sua ambição era viver um grande amor. Estudioso e tímido, passou a adolescência inteiramente virgem, sem um namorico sequer. Durante os anos na Faculdade de Geociências chegou a freqüentar uns bordéis com os colegas e uns teve uns dois casos rápidos. Em compensação o curso foi espetacular. Seu sonho de valsa só apareceu fugazmente na pessoa de Rosa Bianca. Durante um ano e oito meses ele viveu seu idílio, que terminou melancolicamente com uma briga. Três meses ela se casara com um ex-namorado (o mesmo que anos antes havia traído Rosa com um amigo). Para o sentimental Jonas isso foi um desastre. Vogou dentre prostíbulos até conhecer a enfermeira Maria do Socorro. Ela se afeiçoara com o boêmio romântico. Ele sentia atração e carinho por ela. Depois de namoro morno e de um noivado sem tempero, casaram-se por inércia. Em lugar de uma paixão avassaladora, viviam os dois um casamento sem graça, com filhos a pagar e contas por criar. Como alternativa ao sexo bissemanal e burocrático, Jonas continuava a freqüentar esporadicamente os bordéis. Ele nunca pediu divórcio, pois no final sabia de sua carência afetiva e Maria o socorria perfeitamente quando o vazio resplendia em sua alma.

. — Sei lá! Só não cometem sobre ela para minha amada–idolatrada–salve–salve esposa — E ele correu para o banheiro a fim de enxugar u ma lágrima teimosa que insistia em descer e o envergonhar em frente aos amigos. Voltou com o rosto molhado e os olhos levemente inchados.

. — Amigos, sabem de uma coisa? O único que estava certo era nosso amigo Pierre Truffaut.

.Um silêncio de morte desceu sobre a mesa. Há exatos dez anos, o mais brilhante, o mais talentoso, o mais inteligente, o mais sincero e o mais sedutor dos amigos, não suportando a dor da doença, preferiu adiantar sua entrada no grande mistério da vida.

. Pierre nunca pediram licença para ser feliz e levou sua alegria aos extremos, mesmo que isso chocasse seus amigos. Tinha uma cultura invejável e permitira fazer seus cursos superiores com distinção. Amou as mulheres como o romantismo dos franceses e o ardor dos italianos. Ousou compor uma ópera bem sucedida e deixara alguns volumes de poesia e ensaios. Era sempre solícito e so-lidário com os amigos e sempre respondia um ato mesquinho com um sorriso e uma palavra de confiança. Escondia suas tristezas e dificuldades para levar conforto ao amigo. Tinha suas loucuras, seu opiniões extravagantes em relação à vida. E assim que recebeu o diagnóstico da doença fatal, resignou ao suicídio. Não queria sofrer nem fazer sofrer a quem amava. Antes, deixou um último pedido aos seus amigos queridos: Pedia que eles tivessem uma vida acima da mediocridade e digna de seus talentos e aspirações.

. Com o fantasma da promessa não cumprida ao amigo morto, os três procuravam encher seus vazios existenciais com fumaça de cigarro, porres alcoólicos e altas taxas de colesterol. Não demoraram muito para os três se despedirem deste baile de máscaras; e cada qual levava sua máscara morta de volta para sua mediocridade.

Biblioteca do Bardo Celta (Leituras recomendadas)

  • Revista Iararana
  • Valenciando (antologia)
  • Valença: dos primódios a contemporaneidade (Edgard Oliveira)
  • A Sombra da Guerra (Augusto César Moutinho)
  • Coração na Boca (Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo)
  • Pelo Amor... Pela Vida! (Mustafá Rosemberg de Souza)
  • Veredas do Amor (Ângelo Paraíso Martins)
  • Tinharé (Oscar Pinheiro)
  • Da Natureza e Limites do Poder Moderador (Conselheiro Zacarias de Gois e Vasconcelos)
  • Outras Moradas (Antologia)
  • Lunaris (Carlos Ribeiro)
  • Códigos do Silêncio (José Inácio V. de Melo)
  • Decifração de Abismos (José Inácio V. de Melo)
  • Microafetos (Wladimir Cazé)
  • Textorama (Patrick Brock)
  • Cantar de Mio Cid (Anônimo)
  • Fausto (Goëthe)
  • Sofrimentos do Jovem Werther (Goëthe)
  • Bhagavad Gita (Anônimo)
  • Mensagem (Fernando Pessoa)
  • Noite na Taverna/Macário (Álvares de Azevedo)
  • A Casa do Incesto (Anaïs Nin)
  • Delta de Vênus (Anaïs Nin)
  • Uma Espiã na Casa do Amor (Anaïs Nin)
  • Henry & June (Anaïs Nin)
  • Fire (Anaïs Nin)
  • Rubáiyát (Omar Khayyam)
  • 20.000 Léguas Submarinas (Jules Verne)
  • A Volta ao Mundo em 80 Dias (Jules Verne)
  • Manifesto Comunista (Marx & Engels)
  • Assim Falou Zaratustra (Nietzsche)
  • O Anticristo (Nietzsche)