Sua Majestade, O Bardo

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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

terça-feira, 26 de maio de 2015

Indrisos e Poetrix - Novos caminhos na poesia atual

Indrisos & Poetrix: Novos caminhos na poesia atual

Salvador, 29 de abril de 2015 (21H38) 

Quando se fala em literatura contemporânea, o senso comum afirma que o século XX (e por tabela, o terceiro milênio) é caracterizado pelo declínio do soneto, rondó, terza rima, balada e outros poemas de forma fixas. Todavia, isso não significou sua “morte”. Novas formas de expressão poética têm surgidos, principalmente na virada do século, para atender as novas demandas estéticas da contemporaneidade. Nesse ponto que vale a pena conhecer um pouco desses novos formatos, como o indriso e o poetrix – nascidos da nova realidade gerada pela estética minimalista e pela atual “Idade Mídia”. 

O Poetrix nasce na Bahia, em 2001, pelas mãos de Goulart Gomes. Surge derivado do Haicai – milenar forma poética japonesa que se caracteriza por ser um terceto (estrofe de três versos) de 17 sílabas, sem título e exprimindo um estado da natureza. Goulart Gomes cria um novo terceto composto de 30 sílabas poéticas, exige um título (para complementar o significado do poema) e com mais autonomia no campo temático do que o haicai tradicional. Como exemplo dessa forma, segue um poema de Goulart Gomes:

PESSOIX
um terço de mim, delira
um terço de mim, pondera
outro terço, ah!, quem dera!

Do Poetrix surgiram o duplix e triplix (dois ou três poetrix que são encadeados), grafitix (poetrix associados a uma imagem, formando um todo poético), concretix (poetrix escrito dentro da estética da poesia concreta), dentre outras variações. Esse novo poema ganhou gosto dentre parte dos novos poetas, dando origem ao MIP / Movimento Internacional Poetrix (http://www.movimentopoetrix.com/), além de um rico material teórico sobre o próprio poetrix e, por tabela, o fazer poético.

Já o Indriso nasce na Espanha em 2001, pela pena de Isidro Iturat (poeta e professor de literatura espanhola, atualmente residente no Brasil). Iturat faz uma atualização do soneto, criando um poema cuja estrutura é dois tercetos e dois monósticos (estrofe de um verso), com total liberdade de rimas e sílabas poéticas e de temática aberta. Como exemplo, há o poema DECEPÇÃO, de Sílvia Mota:

Não me decepciono aos versos mentirosos,
nem aos beijos sem gosto,
nem aos orgasmos solitários no meu corpo...

Pouco importam, se da tua nudez
protejo a pureza do meu coração
e na insipidez da tua saliva exalto meu sabor.

Decepcionam-me teus gestos insensíveis...

Teus olhares de desprezo ao próximo...

Segundo Isidro Iturat, além de ser um poema de leitura rápida, o indriso se caracteriza, simbolicamente, como uma trindade duplicada, dando vazão simbólica ao subconsciente. Também tem se disseminado (ainda que timidamente) na poesia brasileira.

Essas novas formas que surgem para o novo milênio, mostrando novas possibilidades para a poesia. E fica o convite aos poetas de Valença para usar novas formas de expressões, novas formas de versejar, dando continuidade ao velho ofício de transformar em versos as emoções e os estados do ser humano.

Farol de Amarguras

Farol de Amarguras

Salvador, 26 de maio de 2015 (00h37)

Em uma noite de quimeras negras,
Não quero luzes sobre minha fronte.
Quero ser um farol mudo e zombeteiro 
– Velho gigante orgulhoso e altaneiro 
A desafinar cinicamente o horizonte!

Quero deixar o doce oceano em paz,
Com suas ondas, sereias e tormentas.
Suas ardentias não dizem das alegrias
Das naus perdidas e nem as calmarias
Trazem canções para animar as sendas.

O que incomoda é a imensidão escura!
Sem estrelas alfas com quem dialogar,
O farol é triste! Sem nenhum sentido
Torna-se sua luz – olhar sempre perdido
Inutilmente, a algum parceiro, encontrar.

Por isso eu-farol sou delírio em faíscas
E nervosamente cavalgo essas nuvens
Que tudo cobrem e dilacero indiferente
Cetro e Altar; Coroa, Crenças e Tridentes,
Tudo reduzir a pó, limalhas e penugens.

Rasgarei o velho véu da mediocridade
Com minhas luzes, afugentarei quimeras.
E assim, quando vier despontar a aurora,
Talvez reencontre a minha paz d’outrora
Nas velas pandas dalguma nova caravela.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Soneto Melico

Soneto Mélico

Salvador, 04 de maio de 2015 (21h22)

Canção! Escrevo-te como inspiração,
Como chama fugidia na madrugada.
Escrevo-te como um soneto concreto,
Feito de sal, suor e temperado aço!

Desmonte-te em iâmbicos e dáctilos,
Vou remoendo cada peça com graxa,
Na poeira das estrelas – para depois 
Remontar os versos como máquinas!

E dentro da melopeia insone das flores,
Quando traduzo as metáforas em visões,
A melodia nasce e cresce como tufão!
A poesia (não duvides) é puro ritmo.

É quimera solta nas brumas da aurora, 
Força bruta dos todos os Elementais.

Biblioteca do Bardo Celta (Leituras recomendadas)

  • Revista Iararana
  • Valenciando (antologia)
  • Valença: dos primódios a contemporaneidade (Edgard Oliveira)
  • A Sombra da Guerra (Augusto César Moutinho)
  • Coração na Boca (Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo)
  • Pelo Amor... Pela Vida! (Mustafá Rosemberg de Souza)
  • Veredas do Amor (Ângelo Paraíso Martins)
  • Tinharé (Oscar Pinheiro)
  • Da Natureza e Limites do Poder Moderador (Conselheiro Zacarias de Gois e Vasconcelos)
  • Outras Moradas (Antologia)
  • Lunaris (Carlos Ribeiro)
  • Códigos do Silêncio (José Inácio V. de Melo)
  • Decifração de Abismos (José Inácio V. de Melo)
  • Microafetos (Wladimir Cazé)
  • Textorama (Patrick Brock)
  • Cantar de Mio Cid (Anônimo)
  • Fausto (Goëthe)
  • Sofrimentos do Jovem Werther (Goëthe)
  • Bhagavad Gita (Anônimo)
  • Mensagem (Fernando Pessoa)
  • Noite na Taverna/Macário (Álvares de Azevedo)
  • A Casa do Incesto (Anaïs Nin)
  • Delta de Vênus (Anaïs Nin)
  • Uma Espiã na Casa do Amor (Anaïs Nin)
  • Henry & June (Anaïs Nin)
  • Fire (Anaïs Nin)
  • Rubáiyát (Omar Khayyam)
  • 20.000 Léguas Submarinas (Jules Verne)
  • A Volta ao Mundo em 80 Dias (Jules Verne)
  • Manifesto Comunista (Marx & Engels)
  • Assim Falou Zaratustra (Nietzsche)
  • O Anticristo (Nietzsche)