Sua Majestade, O Bardo

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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Viola de Minha Terra

Viola de Minha Terra

Vera Cruz (Praia do Sol); 21 de dezembro de 2013 (02h12)

Tenho a viola e todos os amores do mundo.
Tenho nos meus dedos o futuro de uma nação
E o sorriso de uma mulher,
As sementes de um sonho incerto
E as riquezas de minha pátria.
Tenho em meu sorriso uma seresta das estrelas
Que eu construí entre a enxada e as lágrimas.
E por ter minhas mãos abençoadas pela terra,
Minha viola teimosamente canta essa alegria dura.
Canto com meus dedos rachados pelo trabalho
E meus olhos sinceros, feliz por ser humano…

Era uma vez um tablet

Era uma vez um tablet que resolveu ressuscitar. Depois de misteriosamente deixar de funcionar (e por passar quase um ano esquecido dentro do armário), eis que, do nada, ressuscitou do limbo. Voltou a funcionar e assim o escritor retornou ao seu mister de brincar com as palavras...

Caminho entre as Ondas

Caminho entre as Ondas

Vera Cruz (Praia do Sol); 21 de dezembro de 2013 (01h39)

Pela madrugada encontrei o caminho que me levará ao sonho.
Esse caminho passa pelas ondas,
Morada das sereias celestes e das fadas marinhas.
Do abismo chegarei aos paraísos mágicos
E no firmamento plantarei as minhas quimeras
-­ Guardiãs dos segredos e dos elementos,
Das alegrias e dos tormentos.
Serei o bravo marujo sem porto ou sem medo
E nas ondas que cavalgo como centauro de sal,
Esfinge aquática e verde abissal.
Serei o bravo marujo
A seguir minha trilha infinita que levará aos sonhos.

Colar de Diamantes

Colar de Diamantes
(para Diana e Lilian)

Vera Cruz (Praia do Sol); 21 de dezembro de 2013 (01h15)

As nuvens são um cobertor de lã que envolve a Lua
E tece o luar - escada prateada onde subirei ao céu.
E ao subir pelo firmamento,
Recolho as estrelas como pérolas
Em que farei um colar de marfim
Para enfeitar o sorriso da minha bem amada.
Recolherei Antares e Aldebarã,
Supernovas e quasares de diamantes.
Pesco com meus versos esses sorrisos etéreos,
Escondidos no cobertor de nuvens a envolver minha bem amada…

sábado, 16 de novembro de 2013

Des-Amparo 2013: O Milagre da Divisao da Cidade

(Des) Amparo 2013: O Milagre da Divisão da Cidade

A festa em louvor a Nossa Senhora do Amparo, realizada em 2013 na cidade de Valença, entrou para história. Não pela sua tradicional alegria e clima de união que sempre a caracterizou. Entrou pelo motivo inverso – como a festa da discórdia e da desunião, gerada pela intransigência do pároco e da omissão da prefeitura. E o celeuma causado por essa polêmica pode causar a decadência de um dos maiores marcos identitários e culturais de Valença.
Quiseram forjar a celeuma em cima da (falta de) segurança causada pelas vendas de bebidas em barracas e da desorganização dos vendedores ambulantes para se justificar uma atitude equivocada. Ora, ninguém é imbecil de ser contra a segurança e organização dos ambulantes para que a Festa do Amparo brilhe. Quem ama essa cidade e luta para sua grandeza quer isso. O cerne da questão, no entanto, é outro – cousa que o Sr. Padre Josival Lemos pareceu se recusar a compreender e a prefeita não teve a devida sensibilidade para contemporizar.
Querendo ou não algumas correntes (retrógradas) da Sancta Madre Igreja Católica Apostólica, a festa do Amparo seguiu os rumos normais as grandes festas populares: deixou de ser uma mera missa solene para se tornar num patrimônio cultural e marco identitário para Valença. Surgida a mais de cem anos, animada e alimentada pelo povo valenciano (operários, marítimos e magarefes) e com tradições sedimentadas por décadas e décadas de história, a festa do Amparo ganhou uma grandeza que transcende a sua condição de mero “evento religioso” (como pretende os pretensos “verdadeiros” católicos). A festa é um momento ímpar de confraternização e orgulho para o cidadão valenciano. Para os valencianos que emigraram, esse pode ser o momento de visitar a cidade (e rever os amigos e parentes que cá ficaram). Quem não pode vim, alegra-se em ver as fotos pelas redes sociais. Para os católicos mais desgarrados, é o momento de ir para igreja. E por que não dizer, também é a melhor ocasião para que as pessoas mais humildes possam ganhar seu sustento, com o comércio que NATURALMENTE aflora em torno dos eventos religiosos. Êxtase religioso e alegria sincera caracterizam a festa, que é rica com suas tradições – como as barraquinhas com petiscos (maçã-do-amor, batata-frita, cachorro-quente, etc.) e com lembrancinhas. E isso não nenhuma “degeneração”! Pelo contrário, coisas similares aconteceram em Bom Jesus da Lapa, com a Festa do Bonfim em Salvador e com o “Ano Santo Xacobeo” em louvor ao apóstolo Santiago Maior na cidade galega de Compostella. E lá as pessoas souberam aproveitar essa co-existência de sagrado e profano não só para cimentar a identidade cultural da cidade como para auferir lucros com o turismo. (para mais informações, ver o texto no seguinte link: http://pelegrini.org/politica/24819)
Claro, para um evento dessa magnitude, é natural, imperioso até que se procure disciplinar e garantir sua segurança. È forçoso repetir que ninguém é favor da desordem dentro da festa, pelo contrário! Isso é um anseio de toda comunidade valenciana – até dos não católicos que respeitam e/ou também frequentam da festa. O motivo de tantas críticas está NA FORMA como isso foi gerido nesse de 2013. Infelizmente, em lugar de se tentar uma solução consensual e pactuada, o que ocorreu foi este festival de intransigência e soberba. A postura que o padre-secretário (através da comissão organizadora) teve foi muita diferente do que se espera de verdadeiro sacerdote de Jesus Cristo. Em lugar de respeitar as tradições centenárias da cultura popular e atuar como elemento de concórdia e harmonia, ele simplesmente quis sequestrar a festa e tratá-la como se fosse uma invenção pessoal dele.
Os dois argumentos centrais que justificavam a proposta “oficial” da igreja era como se TODAS AS BARRACAS que se estabelecidas durante a festa SÓ VENDESSEM BEBIDAS ALCOÓLICAS, o que provocavam o clima de insegurança e que elas atrapalhavam o tráfego. Sobre o segundo argumento, bastava que a igreja e a prefeitura organizassem áreas pré-determinadas e fiscalizassem. Quanto ao primeiro, há de considerar é uma meia verdade. A maioria das barracas que s estabelecem lá costuma vender petiscos e lanches. E para o caso das que vendessem bebidas, que se pactuasse a venda – ou limitando à bebidas em latas e criando um cinturão de lei seca. Em todo caso, se preservasse a tradição, afinal é a maçã-do-amor e não a bebida que caracteriza a festa do Amparo. Que se permitisse que as pessoas pudessem ganhar seu dinheiro honestamente, vendendo as bolas de plásticos para as crianças e lanches para os demais frequentadores. Que a festa continue a ter suas luzes e aromas para alegrar aquele que se sobe a colina para louvar Nossa Senhora. Isso que todos querem!
Só que não foi a postura do padre. Como se só tivesse lido o evangelho de Maquiavel e o breviário do Cardeal Mazarino no seminário, aproveitou-se da condição mundana de secretário para querer impor seus caprichos. E como discípulo de Goebbels, usou do altar para semear o pecado capital da ira contra seus críticos, acusando-o com a falácia de que só querem a bebida. Pobre padre… Tivesse aprendido melhor as lições de Lucas 18,9-14 e de João 4, 1-15; e lido com calma as críticas, veria que a maioria de seus críticos é de pessoas honradas, esclarecidas e devotas que não estavam satisfeitas com a radicalidade das medidas impostas. O que muitos queriam é uma festa viva, com a alegria de louvar Nossa Senhora e depois comer sossegadamente sua maçã do amor, como sempre se fez! O que muitos advogados, professores, engenheiros, intelectuais (que criticaram as decisões do Sr. Josival Lemos) desejavam é uma festa popular, não uma missa segregacionista para poucos fundamentalistas! Lamenta-se que num altar de onde os padres Lino Trezzi e Edegar Silva proferiram tantas perolas de sabedorias em suas homilias degenerou-se no palco de pregação de um Jihad inclemente contra as pessoas… que apenas queriam o bem da festa, mas discordaram do que se considerou um equívoco do padre! Se não houve humildade e bom senso por parte do Altar, que a Prefeitura, no momento que foi acionada, tivesse o equilíbrio laico de preservar as nossas tradições. Infelizmente, na minha humilde opinião, pouco contemporizou para chancelar (na prática) os descalabros do padre. Antes, quase lembrou a postura de um certo procurador romano na Judéia, quando teve que escolher entre libertar um inocente e Barrabás…
O resultado foi uma festa fraca, triste e uma cidade dividida. Muitas pessoas que costumavam ir às novenas e na festa se sentiram desmotivadas a comparecer (eu mesmo não me senti desanimado a participar da festa e minha tristeza maior foi minha mãe depois que o melhor era eu não ter ido para lá, pois teria passado raiva). E pelos comentários nas redes sociais, a festa estava longe de ter o brilho dos outros anos. Já não era mais a festa que reunia a cidade. Já não era mais a festa onde se pregava a harmonia e união pela fé. Já não era mais a festa de todo o povo valenciano. Já não havia mais o clima de acolhimento para qualquer pessoa que quisesse comungar. Era uma missa elitizada para os auto-proclamados “verdadeiros católicos”, muito diferente que se via nos outros anos. Talvez, por ter se tornado uma festa vazia, houve a alegada “tranqüilidade” – afinal, não havia realmente um povo lá, apenas a “turma” que concordava com o pároco. E pela primeira vez, a festa do Amparo se tornou motivo de discórdia e divisão na cidade. E mais, não estranharei que se continuar assim, a igreja venha perder fiéis, insatisfeitos com atitudes extremadas e fundamentalistas de um sacerdote(?) que deveria pregar a harmonia e a união. E pergunto: é isso que quer Santa Madre Igreja Católica quer?
Pois bem, a festa do Amparo de 2013 acabou (não obstante a polêmica continue, com mais pessoas criticando a festa do que elogiando). Rogo que Nossa Senhora do Amparo ilumine a próxima comissão organizadora e que o padre tenha a humildade de refletir sobre as críticas feitas (embora eu não acredite muito quanto a esse último ponto…) para que na próxima festa se chegue a um consenso em que se garanta não só a tradição e a beleza da festa como a segurança e a organização da festa. Espero que a prefeita ouça mais o povo e menos o seu secretário de educação (que deveria ler o Sermão da Sexagésima), para que se garanta uma festa popular e que continue sendo um motivo de orgulho e união da cidade. Caso contrário, persistindo a intransigência e o capricho de um padre (que segundo as hodiernas práticas, não costumam se eternizar em uma paróquia), corremos o sério risco de que a festa do Amparo  perca seu caráter de festa que una os corações valencianos para ser uma lembrança do passado, uma missa morta e invisível.

Ricardo Vidal
Escritor e Professor valenciano de nascimento e que ama apaixonadamente essa terra, 
Especialista em Estudos Lingüísticos e Literários pela UFBA.

Valença, 16 de novembro de 2013

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Soneto para Maria Clara

Soneto para Maria Clara

Valença, 30 de outubro de 2013

Clara - como a Ave-Maria dos sinos;
Clara - como a lua cheia dos estetas;
Clara - como os jasmins prata dos poetas;
Clara - como Maria dona do próprio destino.

Maria - como o verde vago das velas;
Clara - como a aurora esplendorosa;
Maria - como as mais perfumada rosa
Clara de suaves e mágicas pétalas.

Maria Clara, que mais uma primavera
Coleciona e enfeita tua venturosa vida,
Ganhe sempre as bençãos de todas esferas.

Seja teus anos uma constante sinfonia
De saúde perene e felicidades sortidas,
Sonhos realizados e eterna alegria.

sábado, 28 de setembro de 2013

Balada do Rio Una

Balada do Rio Una

Valença, 16 de agosto de 2013 (18h13)

A noite deitou pesada
E carros engarrafados
Cruzam o rio Una
Com suas sombras
De fumaça metálicas.

Valença respira insegurança
E as luzes escondem-se de medo.
A Boemia refugiou-se
Nos claustros e nos silêncios,
Enquanto a poesia errante
Cambaleia  por ruas tortas.

É noite em Valença
Uma neblina de medo
E indiferença cobre
As ruas como um véu morto.
Só treze estrelas vermelhas
Resistem - guerrilheiras
Esperando a aurora redentora,
Em que canções brotem
Nos sorrisos de crianças
E lágrimas felizes inundem
O rio Una com Vida.

Ah, treze estrelas vermelhas!
Como o poeta sonha
Que Valença se ilumine
Com suas esperanças!
E que desperte o lobisomem
Vingador que limpe
E regenere o velho Una
De tantos versos e vinhos!
Lobisomem, traga a aurora

Das treze estrelas vermelhas…

Soneto Forjado

Soneto Forjado

Valença, 16 de agosto de 2013 (18h37)

Como um soneto negro e metálico,
Escavo a aurora dentro da lama.
E como diamantes, cravo estrelas
Que irão romper os horizontes.

Como um soneto forjado no aço,
Cosendo esperanças no veludo,
Trago moldado na seda iônica
Os mistérios da poesia nua e pagã.

Como um soneto antropofágico,
Redescubro os olhos e as almas,
Que fundiram as poesias da esferas.

Como um soneto, explodo as artes
E irradio suas fagulhas pelos corações,

Acendendo estéticas e a revoluções…

Balada Revolucionaria

Balada Revolucionária

Valença, 16 de agosto de 2013 (18h06)

Recorto com minhas lágrimas
A aurora escarlate.
E com estrelas, pinto as esperanças no arrebol.
Às margens do rio Una
Deito meus sonhos como harpas.
Fúria e Sinfonia, Tormentas e Poesias;
É com estes elementos
Que fundo meus delírios
E explodo a mediocridade burguesa
E os imperialismos moribundos.
Firo minhas harpas como lanças
Afiadas e brado no infinito
Este poema, esta ira,
Esta canção revolucionária.
E com minhas lágrimas cortantes
Vejo implodir todos os concretos,
Todos os bancos,
Todos os dragões monetários,

E no horizonte, espero chegar minha utopia…

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Angelo Moniz da Silva Ferraz - biografia

Ângelo Moniz da Silva Ferraz
Barão (com grandeza) de Uruguayana
  


Talvez de todos os homens de Estado da monarquia tenha sido o único apto a ocupar qualquer dos postos com a mesma proficiência e mesmo, se as circunstâncias o obrigavam a tanto, todos a um tempo. A sua atividade era igual à sua capacidade.Joaquim Nabuco, sobre o Barão de  Uruguaiana[1]

Contando com apenas treze anos de emancipação civil do município e onze anos de emancipação eclesiástica, a então Vila de Nova Valença era um município em franco desenvolvimento: a população já superando a casa dos 5.000 habitantes desde 1808 e em 1811 já com uma escola de primeiras letras - criada por decisão de D. Marcos de Noronha e Britto, o Conde dos Arcos. E sua economia estava baseada no corte de madeiras e lavouras de café, arroz e mandioca (para fabrico da farinha), destinadas ao abastecimento de Salvador. E contava com uma estrada que ligava o porto de Valença ao Rio Doce[2].
Reflexos da mudanças que passava o Brasil na época? Talvez. As guerras napoleônicas fizeram que a corte portuguesa transferisse a sede do Império para o Rio de Janeiro, e com ela a então colônia começou a respirar os primeiros ares cosmopolitas: portos abertos às nações amigas (leia-se, Inglaterra), surgimento do Banco do Brasil, das Academias Militar, Naval e de Medicinas (Salvador e Rio de Janeiro), dos primeiros jornais, da Biblioteca Nacional e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Como represália à invasão franco-espanhol do Portugal Continental, os luso-brasileiros invadem a Guiana Francesa e a Cisplatina, entendendo o litoral do Brasil da foz do Prata até às margens do Caribe. Não tardaria que até o status político do Brasil mudasse para algo digno da nova capital de um grande império colonial lusitano[3].
E no rastro das radicais mudanças que esse início de século promovia nas margens do Atlântico, um pouco dessa aura respingou na Vila de Nova Valença, freguesia do Sagrado Coração de Jesus. entre 1807 e 1815, uma geração pródiga nascia sob os encantos dos rios Una e Jequiriçá. Na família do Capitão-Mor Bernadino Madureira nasciam os meninos Bernadino, Cassimiro e Izidro[4] (respectivamente os futuros Comendador responsável pela construção da fábrica de tecidos Nossa Senhora do Amparo, o Desembargador do Tribunal de Justiça e o Barão de Jiquiriçá, fundador da Santa Casa de Misericórdia de Valença). Na família Vasconcelos, os meninos João Antonio e Zacarias[5], [6] (respectivamente os futuros presidentes do Supremo Tribunal de Justiça e Conselheiro do Império) nasciam em 1807 e 1815. E na família Muniz da Silva Ferraz nascia o menino Ângelo em 03 de novembro de 1812. Batizado na fé católica, a intenção da família é que Ângelo ouvi-se as vozes angelicais e seguisse a carreira eclesiástica. E, mesmo não dispondo de grandes posses materiais (contudo, possuindo inteligência,coragem e energia que o levaria longe), é enviado para Salvador, onde é aluno de humanidades do Fr. João Quirino Gomes, no colégio da Palma. Mas, como observou Sébastien Auguste Sisson[7]:

A elevação do Brasil à categoria de Reino, e a mudança da sede da monarquia portuguesa para a América, tinha despertado ambições, e fortalecido esperanças, de modo que a mocidade principiou a aspirar a um futuro mais lisonjeiro, e próspero. Muitos jovens votados ao serviço dos altares, desfizeram os planos de suas famílias. As novas idéias, e a abertura de cursos jurídicos no país (1828) libertaram as inclinações forçadas.

Assim como outros, Ângelo Moniz da Silva Ferraz, com 18 anos, segue em 1830 para Olinda, a fim de estudar na recém criada Academia de Direito. Viria ser colega dos jovens José Nabuco de Araújo (pai) e João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, seus futuros pares Senado como . Nos anos passados em Pernambuco começou a militar na imprensa, defendendo um Conservadorismo Moderado. Em 1833, outro valenciano viria estudar Direito em Olinda: Zacarias de Góis de Vasconcelos, já amigo de um certo jovem chamado João Maurício Wanderley, o futuro barão de Cotegipe. Túlio Vargas lembra que aquela turma de bacharéis do norte viria se torna a "flor da inteligência daqueles tempos"[8]. Veio a se formar em 1834. Com 22 anos e o diploma de Direito nos braços, as asas do menino Ângelo não esperariam muito para mostrar na águia que se tornara o bacharel Silva Ferraz.
Recém formado em Direito, partiu junto com o colega Cansanção de Sinimbu para lutar ao lado das tropas legalistas na Cabanagem, participando na retomada do povoado de Jucuípe[9], [10]. Em 1835, foi promotor público em Salvador, sendo transferido em 1837 para Jacobina, onde assumiu o cargo de Juiz de Direito. Sua reputação de juiz íntegro e honesto deram-lhe os méritos para ser eleito Deputado Provincial em 1838 pelo Partido Conservador, sendo reeleito para o cargo até 1843. Na sua primeira legislatura, envia uma petição ao Poder Moderador pedindo anistia aos revoltosos que participaram da Sabinada. Apesar de ter sido contrário ao movimento revoltoso, tinha amigos pessoais entre os vencidos e não admitiu que as perseguições aos fossem abusivas, censurando-as com veemência[11], [12].
Em 1842 é eleito Deputado Geral até 1848. Nessa época passa a liderar um grupo oposicionista. Tido com um a grande orador, Sebastien Sisson louvou sua cultura e seus dons como tribuno, capaz de dar orgulho ao partido e fazer tremer os adversários[13]. Contudo, segundo Humberto de Campos registra que, pelo menos uma vez, isso não o salvou de um divertido aparte[14]. Em 1843, foi removido da Comarca de Jacobina para a vara de Juiz de Feitos da Fazenda da Bahia e depois, para a 1ª Vara de Crime da Corte. Há suspeitas de que essas mudanças de cargos no Poder Judiciário uma retaliação aos seus posicionamentos de deputado oposicionista.
Em 1848, já morando na capital do Império, assume a Inspetoria da Alfândega do Rio de Janeiro (cargo que ocupou por cinco anos, antes de assumir a Procuradoria do Tesouro Nacional. Fora do parlamento durante os anos de 1848 e 1853. Curiosamente, seu conterrâneo Zacarias de Góis e Vasconcelos fazia sua estreia no gabinete conversador do Visconde de Itaboraí, como Ministro da Marinha (antes, Zacarias presidiu as províncias do Piauí e de Sergipe). Ferraz retornaria como deputado geral, em 1853, coincidindo com sua nomeação como Conselheiro de Estado em outubro do mesmo. Curiosamente, a sua volta à Câmara de Deputados coincidiu com a nomeação de Zacarias de Góis como primeiro presidente da recém criada província do Paraná. Os dois valencianos viriam a disputar a vaga de senador vitalício pela Bahia em 1856, com a vitória de Ferraz sobre o conterrâneo[15]. Mais tarde, o próprio Conselheiro Zacarias, em discurso na sessão de 30 de maio de 1870 relembrará essa a eleição, inclusive, comparando os currículos de ambos na época, que o futuro Barão de Uruguaiana só tinha como currículo sua boa e ilibada folha como juiz, ao passo que Zacarias já tinha sido ministro da Marinha e presidente três províncias…
Em 1857, o Marquês de Olinda o nomeia presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul,ocupando o cargo até 1859.Durante sua gestão fundado o primeiro banco comercial gaúcho, o "Banco da Província", em 1858. Também foi na sua gestão que um grupo de luteranos vindo da Pomerânia (região germanófona atualmente dividida entre a Alemanha e a Polônia) instalaram a Colônia de Santo Ângelo - futuro município de Agudo.
Como era costume na época (conforme observa Túlio Vargas na biografia de Zacarias de Góis e Vasconcelos), a nomeação para a presidência de uma província servia de preparação para os grandes cargos do Império e em 10 de agosto de 1859, assume a presidência do Conselho de Ministro, juntamente acumulando os cargos de Ministros da Fazenda e do Império. Compõe o gabinete conservador seu velho amigo e ex-colega de Olinda João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, como Ministro dos Estrangeiros, João Lustosa da Cunha Paranaguá como Ministro da Justiça, Francisco Xavier Pais Barreto como Ministro da Marinha e Sebastião do Rego Barros como Ministro da Guerra. As principais realização desse gabinete foram: criação da Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicas; organização das Caixas Econômicas; regulamentação dos bancos de emissão e do meio circulante; introdução da tomada de contas dos responsáveis perante a Fazenda Nacional; obrigatoriedade de concurso para ingresso no serviço público[16]. Foi responsável por uma forte política protecionista da economia nacional, com restrição às emissões e reformulação das regulamentos fiscais e tarifas aduaneiras. Com isso, visava enfrentar um déficit de 10 mil contos de réis que o Estado Brasileiro tinha nas suas contas p. E no plano político, reformou a lei eleitoral aprovada pelo gabinete Paraná, ampliando os então "círculos eleitorais", permite que eles elegessem três deputados, em lugar de um[17]. Em 02 de março de 1861, o gabinete é desfeito e Ângelo Moniz Ferraz entrega a presidência para seu então correligionário (e depois, inimigo figadal) Marquês de Caxias formar seu segundo gabinete.
Quando Caxias forma seu segundo gabinete, o partido Conservador já tinha mais de 10 anos de predomínio na política nacional. Essa hegemonia será quebrada quando dissidentes moderados do partido conservador se unem aos liberais para formar a Liga Progressista. Ângelo Moniz Ferraz e seu conterrâneo Zacarias de Góis aderem o novo partido e será o último a liderar o gabinete que sucederá Caxias em 24 de maio de 1862 (que durará apenas seis dias). A Liga Progressista viria fazer mais dois gabinetes ainda: um, liderado pelo Marquês de Olinda (aliás, seu terceiro gabinete) e o de Zacarias de Góis, reconduzido ela segunda vez à presidência. Com o fim do segundo gabinete de Zacarias, a Liga é dissolvida e seus membros passam a fazer parte do Partido Liberal, em 1864
No final de 1864, o governo de Assunção começa as agressões bélicas que irão redundar na Guerra do Paraguai. Os próximos gabinetes liberais tiveram que lidar com esse conflito. Em maio de 1865, o marquês de Olinda assume pela quarta e última vez a presidência do Conselho de Ministro (o famoso "Gabinete das Águias[18]"). Para a pasta da Guerra convoca Ferraz, que irá administrar um momento crítico da guerra, em que a ofensiva inimiga colocava o Paraguai em vantagem (a ponto de em 5 de agosto de 1865 o exército inimigo liderado pelo General Estigarribia capturarem a cidade gaúcha de Uruguaiana). Foi nessa época que é formada a Tríplice Aliança e esta reverte o cenário, começando o contra-ataque. O resultado disso foi que, em 14 de setembro o general invasor capitula ante ao Imperador Dom Pedro II e no dia 16 ocorre a Rendição de Uruguaiana. Ângelo Moniz, na condição de ordenança de Sua Majestade e Ministro da Guerra, juntamente com os presidentes aliado Bartolomeu Mitre (da Argentina) e Venâncio Flores (do Uruguai) assiste ao episódio.
Em 3 de agosto de 1866, Zacarias é chamado para formar o seu terceiro Gabinete e mantêm seu conterrâneo como Ministro da Guerra. Contudo, a animosidade que existia entre Ferraz e o comandante em chefe das forças brasileiras, Marquês de Caxias criavam um impasse político. Caxias era da oposição conservadora ao gabinete liberal, mas um excelente soldado e peça chave na guerra - principalmente depois da Derrota de Curupaiti em setembro de 1866. Era necessário que o comando das forças brasileiras de terra e mar estivessem na mãos de um grande estrategista e nenhum outro nome superava ao do Marquês (ainda que os militares tivesse nomes de peso como os Almirantes Tamandaré e Barroso, além dos Generais Osório. Zacarias, sabendo disso, convoca a sua primeira reunião de gabinete, para orientar seus companheiros a deixar de lado ânimos pessoais em prol da unidade do governo e a indicação do Marquês de Caxias para assumir o comando da guerra. Todos concordam, exceto Ângelo Moniz Ferraz, que não pode participar da reunião devido a uma enfermidade.  Os ministros Sousa Dantas e Martim Francisco Ribeiro de Andrada são mandados para sua residência, a fim de negociarem o impasse. A resposta que os emissários receberam não foi que todos esperavam: Ângelo Moniz aceitava a indicação do General Caxias, mas renunciava ao cargo de Ministro da Guerra[19], que passaria a ser ocupado por João Lustosa da Cunha Paranaguá - o mesmo que fora ministro da justiça no seu gabinete de 1859. Era o ocaso da Águia. Em 9 de outubro daquele mesmo ano, é feito Barão com Grandeza de Uruguaiana.
O senador, que também era conselheiro do Império, membro da Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, grã-cruz da Real Ordem de Cristo portuguesa e comendador da Imperial Ordem de Cristo brasileira, dignatário da Imperial Ordem da Rosa brasileira, viria falecer em Petrópolis (RJ) em 18 de janeiro de 1867, aos 54 anos de idade, deixando viúva D. Francisca Eulália Lima Ferraz. Em 1891, surge o município catarinense de Angelina, assim nomeado em homenagem póstuma ao Barão.

Referências Bibliográficas

Livros
CAMPOS, Humberto de. O Brasil Anedótico. Frases históricas que resumem a crônica do Brasil-Colônia, do Brasil-Império e do Brasil-República. 2ª ed. Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre: W.M. Jackson Inc, 1945.
GALVÃO, Araken Vaz. "Ângelo Muniz da Silva Ferraz - Barão de Uruguaiana - 1812-1867'. In: GALVÃO, Araken Vaz. Valença / Memórias de uma Cidade. Valença: Edição patrocinada pela Prefeitura Municipal de Valença, 1999 (cópia em pen-drive, gentimente cedida pelo autor).
OLIVEIRA, Edgard Otacílio da Silva. Valença: dos primórdios à contemporaneidade. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 2006.
VARGAS, Túlio. O Conselheiro Zacarias. Curitiba: Grafipar, 1977.
VASCONCELOS, Zacarias de Góis e. Zacarias de Góis e Vasconcelos. Discursos Parlamentares. Sel. e Intr. de Alberto Venâncio Filho. Brasília: Câmara dos Deputados, 1979. (Perfis parlamentares 9).
Jornais
VIDAL, Ricardo. "Anedotas do Conselheiro e do Barão". Valença Agora, Valença, 05-11 nov. 2009. p.29
VIDAL, Ricardo. "Bicentenário Esquecido do Barão". Valença Agora, Valença, 15-21 nov. 2012. p.33
Internet
"AGUDO". Wikipedia. A Enciclopédia Livre. Wikipedia Foundation. Disponível em >. Acesso em 04 de agosto de 2013, às 22h00
"ÂNGELO Moniz da Silva Ferraz". Wikipedia. A Enciclopédia Livre. Wikipedia Foundation. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Angelo_Moniz_da_Silva_Ferraz>. Acesso em 04 de agosto de 2013, às 22h00
BRASIL. Ângelo Moniz da Silva Ferraz. Barão de Uruguaiana. Ministério da Fazenda. Disponível em <http://www.fazenda.gov.br/portugues/institucional/ministros/dom_pedroII024.asp>. Acesso em 04 de agosto de 2013, às 22h00
BRASIL. Períodos Legislativos do Império 1861-1863. Ângelo Muniz da Silva Ferraz. Senado Federal. Disponível em <http://www.senado.gov.br/senadores/senadores_biografia.asp?codparl=1406&li=11&lcab=1861-1863&lf=11>. Acesso em 04 de agosto de 2013, às 22h00
"COLÔNIA de Santo Ângelo". Wikipedia. A Enciclopédia Livre. Wikipedia Foundation. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Colonia_de_Santo_Angelo>. Acesso em 04 de agosto de 2013, às 22h00

SISSON, Sébastien Auguste. Galeria dos brasileiros ilustres. Ângelo Moniz da Silva Ferraz. 

Wikipedia Foundation. Disponível em "http://pt.wikisource.org/wiki/Galeria_dos_Brasileiros_Ilustres/Angelo_Moniz_da_Silva_Ferraz". Acesso em 04 de agosto de 2013, às 22h00
VASCONCELOS, José Smith de e VASCONCELOS, Rodolfo Smith de. Archivo Nobiliarchico Brasileiro. A Enciclopédia Livre. Wikipedia Foundation. Disponível em "http://pt.wikisource.org/wiki/Archivo_nobiliarchico_brasileiro/Uruguayana_(Barao_com_grandeza_de)". Acesso em 04 de agosto de 2013, às 22h00.



[1] Araken Vaz Galvão: Valença / Memória de uma cidade (1999).
[2] Edgard Oliveira: Valença: dos primórdios à contemporaneidade(2006). p. 61
[3] Como realmente mudou três anos depois, com a elevação do Brasil a Reino, unido a Portugal e os Algarves.
[4] Edgard Oliveira: Valença: dos primórdios à contemporaneidade(2006). p. 67
[5] Edgard Oliveira: Valença: dos primórdios à contemporaneidade(2006). pp. 66,68
[6] Túlio Vargas: O conselheiro Zacarias(1977). pp. 16-18
[7] S.A. Sisson: Galeria dos Brasileiros Ilustres. Disponível em  <http://pt.wikisource.org/wiki/Galeria_dos_Brasileiros_Ilustres/Angelo_Moniz_da_Silva_Ferraz>
[8] Túlio Vargas: O conselheiro Zacarias(1977). p. 29
[9] Araken Vaz Galvão: Valença / Memória de uma cidade (1999).
[10] S.A. Sisson: Galeria dos Brasileiros Ilustres. Disponível em  <http://pt.wikisource.org/wiki/Galeria_dos_Brasileiros_Ilustres/Angelo_Moniz_da_Silva_Ferraz>
[11] Araken Vaz Galvão: Valença / Memória de uma cidade (1999).
[12] S.A. Sisson: Galeria dos Brasileiros Ilustres. Disponível em  <http://pt.wikisource.org/wiki/Galeria_dos_Brasileiros_Ilustres/Angelo_Moniz_da_Silva_Ferraz>
[13] S.A. Sisson: Galeria dos Brasileiros Ilustres. Disponível em  <http://pt.wikisource.org/wiki/Galeria_dos_Brasileiros_Ilustres/Angelo_Moniz_da_Silva_Ferraz>
[14] Humberto de Campos: O Brasil Anedótico (1945). p. 65. Ver também Ricardo Vidal, "Anedotas do Conselheiro e doBarão".
[15] Zacarias de Góis e Vasconcelos: Zacarias de Góis e Vasconcelos, discursos parlamentares (1977). pp. 320-321.
[16] BRASIL, Ministério da Fazenda: Ângelo Moniz da Silva Ferraz. Barão de Uruguaiana. Disponível em  <http://www.fazenda.gov.br/portugues/institucional/ministros/dom_pedroII024.asp>
[17] Araken Vaz Galvão: Valença / Memória de uma cidade (1999).
[18] Araken Vaz Galvão: Valença / Memória de uma cidade (1999).
[19] Zacarias de Góis e Vasconcelos: Zacarias de Góis e Vasconcelos, discursos parlamentares (1977). pp. 228-229, 240.
No que pese o senso de articulação e negociação do Conselheiro Zacarias, a chamada "Questão Caxias" ainda iria repercutir sobre seu gabinete e, indiretamente, causar sua queda em julho de 1868 numa manobra política no qual imperador D. Pedro II fez uso do Poder Moderador. Com a queda do Terceiro Gabinete Zacarias, os Conservadores voltaram ao poder com o Visconde de Itaboraí, depois de seis anos de hegemonia Progressista/Liberal. Esse fato que levaria Zacarias de Góis a escrever o seu famoso tratado "Da Natureza e Limites do Poder Moderador", em que defende as limitações do Poder Moderador em nome do maior protagonismo do Poder Executivo, encarnado pelo Conselho de Ministros…

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Surreal Delirio

Surreal Delírio

Valença, 23 de julho de 1996

Estive onde a música 
Cai como tempestade de estrelas, 
Mas a beleza de teu esculpido desejo 
Dentre serras e beijos, 
Fadas e coqueiros tragava-me 
.                                  em alegria, 
Quão fecundo era o teu amor! 
Nossos amor, paixão, carne doce 
Se resvalando no altar em que nossas juras 
Fingem-se um Vento burlando 
As faces róseas das gazetas em flor, 
Num triste bailado nas campinas púrpuras. 
Vagas luminosas, Teares acesos pela chama 
Do General Ludd em nova Roma da Modernidade. 
Beijos de patos dentre brigas de gansos , 
Cores de formas de luares do teu 
.                          rosto 
.                         quente 
.                              e 
.                           vago… 
Vestimenta de Arte, 
Armorial neerlandês a explodiam como cerejas 
E Fogos Chineses de um sombra na trevas, 
Amarga e solitária. 

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Uma árvore verde, 
Teu nome esculpido a sangue 
Relembra a mísera dama 
Que do leito do Mondego 
Foi encontrar a eternidade no palácio do Rei. 
Teu rosto pintado à lágrimas 
De uma aquarela invisível e muda. 
Meus versos cheiravam a mel, 
Claro e viscosos. Vivo.  
Mel doce como Visões dardejantes 
E almas alegres a bailar, 
A bailar pelo azul horizonte esmeraldino. 
Dançando uma música insana, 
No qual uma orquestra de cigarras, desafinada – longe 
Muito e longe que só um pulsar quase mudo chega 
–Abraços de anos-luz pelo vazio cósmico do universo– 
Embala violinos de guerra 
Com explosões monótonas… 
São os Sois de um novo Waterloo, 
O Amanhecer nas Costas da Normandia 1944. 

Sobre um Goethe suicida clama Santiago (o pastor–alquimista): 
“Às Pirâmides do Egito!” “Quatro Séculos de trevas e luz”
Vinte mil léguas submarinas de distância 
Separam a América de suaa Felicidade, 
E Cinco Milhões de Dólares: O Homem, de seu espírito. 

E um raio de sol encantado 
Refrata–se em um sorriso louco. Enigmático. 

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Elétron–volts de poesia pós–moderna. 
Força magna de crateras 
Mortas de um vulcão corso. 
E as vozes escarlates de sapos 
Que, nas charnecas, nas penumbras, 
Pergunta por ti, Ó velho Ossian – o precito, 
O Anunciador da Renascença 
Em que os antigos heróis voltam das tumbas 
E digladiam pela ancestral Ilha escondidas nas Brumas, 
  … Avalon! Avalon do Estandarte do Dragão! 
  Avalon dos Druidas e da Senhora do Lago!… 

………………………………………………………………

Uma mão flana na multidão de versos, 
Escritos nos Abismos da Loucura e do Oceano. 
São versos azuis como o Sol, 
Doces como Baudelaire, 
Macios como a frigidez dos nórdicos, 
Gráficos como as invenções da Arcádia
Estranhos como sonetos 
Arquitetados no Bauhaus de Weimar. 

Vogando pelo gelo do Volga, 
A velha Guarda aguarda 
A volta do relógio e da Esfinge.

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E a música, subindo, 
                    subindo,  
Sublimado pelo êxtase da essência humana, 
Carrega aos píncaros do Ipiranga 
O clarão mórbido das batalhas 
 sobre uma negra mortalha, 
   A Fênix renasce 
    … E VOA, 
                    ALTO, 
Alto como a alma humana 
Até sobrepujar a sombra da lua 
e voltar, 
.   descer suave, 
E repousar nas páginas 
.                    de um poema,  
E esquecendo as vertigens da poesia 
Selvática e estridentes, relaxa os olhos
Para dormir o sono sossegado dos justos 
E das criancinhas inocentes e ingênuas..

Biblioteca do Bardo Celta (Leituras recomendadas)

  • Revista Iararana
  • Valenciando (antologia)
  • Valença: dos primódios a contemporaneidade (Edgard Oliveira)
  • A Sombra da Guerra (Augusto César Moutinho)
  • Coração na Boca (Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo)
  • Pelo Amor... Pela Vida! (Mustafá Rosemberg de Souza)
  • Veredas do Amor (Ângelo Paraíso Martins)
  • Tinharé (Oscar Pinheiro)
  • Da Natureza e Limites do Poder Moderador (Conselheiro Zacarias de Gois e Vasconcelos)
  • Outras Moradas (Antologia)
  • Lunaris (Carlos Ribeiro)
  • Códigos do Silêncio (José Inácio V. de Melo)
  • Decifração de Abismos (José Inácio V. de Melo)
  • Microafetos (Wladimir Cazé)
  • Textorama (Patrick Brock)
  • Cantar de Mio Cid (Anônimo)
  • Fausto (Goëthe)
  • Sofrimentos do Jovem Werther (Goëthe)
  • Bhagavad Gita (Anônimo)
  • Mensagem (Fernando Pessoa)
  • Noite na Taverna/Macário (Álvares de Azevedo)
  • A Casa do Incesto (Anaïs Nin)
  • Delta de Vênus (Anaïs Nin)
  • Uma Espiã na Casa do Amor (Anaïs Nin)
  • Henry & June (Anaïs Nin)
  • Fire (Anaïs Nin)
  • Rubáiyát (Omar Khayyam)
  • 20.000 Léguas Submarinas (Jules Verne)
  • A Volta ao Mundo em 80 Dias (Jules Verne)
  • Manifesto Comunista (Marx & Engels)
  • Assim Falou Zaratustra (Nietzsche)
  • O Anticristo (Nietzsche)