Sua Majestade, O Bardo

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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A Sombra da Censura sobre Valenca


A Sombra da Censura sobre Valença

Ricardo Vidal
Escritor e Professor, formado em Letras pela UNEB, ex-estudante de Jornalismo pela UFBA

No sábado passado, dia 25 de agosto, Valença testemunhou um acontecimento lamentável: a rádio comunitária Rio Una FM 87,9 teve a programação suspensa por 24h por ordem judicial, em decorrência de um processo movido por um dos candidatos a prefeito. Não irei comentar as razões da suspensão ou a estratégia (infeliz) do candidato, mas o perigo em si que este precedente abre contra a democracia em Valença.
No artigo 5 da “Constituição Cidadã” de 1988, dentre os direitos fundamentais garantidos pela República Federativa do Brasil, encontra-se as liberdades de expressão do pensamento e “da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença”. Em outras palavras, nossa pátria garante não só o livre acesso à informação como a realização do livre debate de idéias. E isso é essencial para cimentar a democracia: as ideologias e as estéticas devem se confrontar dialeticamente para que a sociedade possa definir seus rumos. E para que isso seja possível, os meios de comunicação precisam ser livres para agir responsavelmente e exercer seu papel de forma digna. Esta liberdade deve ser preservado com unhas e dentes principalmente no período eleitoral, em que toda a população é chamada para opinar sobre os rumos que á sociedade irá seguir nos próximos anos.
Qualquer interferência e/ou ingerência que leve ao cerceamento desta liberdade implica em retrocesso nos direitos mais fundamentais do ser humano. Deixo claro que não irei defender abusos desta liberdade e reconheço que todo cidadão deve procurar a justiça se sentir lesado em seu direito. Contudo, imagino que existam outros mecanismos eficazes que poderiam ter sido utilizados, sem a necessidade de se suspender do serviço de radiodifusão da “Rio Una FM”. Multas, direito de resposta, advertências. Fechar a rádio, só em último caso e em situações gravemente excepcionais – o que não foi o caso! Censurar uma rádio comunitária, retirando-a do ar, lança sobre a sociedade valenciana uma das piores chagas que matam a democracia: a sombra da censura.
Temo que a disputa eleitoral encubra a gravidade da situação em si. Mais do que uma simples disputa entre os candidatos A, B ou C, o que foi colocado em xeque é o próprio direito à livre expressão. Este ato abre um precedente terrível e que deveria ser evitado a qualquer custo: Agora, independente da situação usando de artifício legal certo, pessoas ou instituições estão passíveis de serem censuradas. Se um candidato pode tirar do ar uma rádio pela qual nutre antipatia; quem me garante que um espetáculo artístico não venha ser censurado no futuro, caso alguém não concorde com a estética? Quem me garante que um jornal não venha ser fechado se alguém não antipatizar um colunista? Os reflexos desta ação na sociedade já chegaram ao cúmulo de quer censurar até um estudante só porque ele colou um adesivo político no seu caderno particular. E se, da mesma forma que foi um adesivo político, quem me garante que qualquer referência uma crença ou filosofia ou estética que seja por alguém indesejada também não será censurada? O precedente, infelizmente, foi aberto. Lamento que as pessoas que tenham impetrado tão infeliz ação não perceberam o câncer social que estão brincando. Não perceberam que esta chaga pode se expandir e atingir toda a sociedade, inclusive eles mesmos. Chaga que custou (e ainda custa) tanto sangue para extirpa-lo da vida humana.
Repito: entendo que liberdade deve ser exercida com responsabilidade e que as regras devem ser seguidas. Para tanto, basta seguir o bom-senso. Contudo, atentar contras os direitos mais elementares do ser humano, manipulando as leis, isso nunca! Escrevo este artigo como um escritor, nascido na Bahia de Castro Alves e Jorge Amado (dois baianos que tanto amaram a liberdade e por ela lutaram) e que já estudou jornalismo na UFBA (onde aprendi a importância da comunicação livre), mais do que nunca, como um cidadão que, independente de minhas idéias, discorda veemente da ação. Assim como Voltaire, defenderei sempre o direito da pessoa dizer o que pensa, mesmo não concordando com o que foi dito. Calá-lo, nunca! E tenho dito!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Canção para Minhas Musas


Canção para Minhas Musas

Valença; 18 de julho de 2012 (23h56)

Canção de todas as meretrizes e todas as amadas,
Não sei por que quero cantar este canto ébrio!
Canto porque o vinho existe e nada está completo
Nesta minha vida miseranda de poeta.
Canto porque vocês estão aí, com tuas pernas abertas
E lembram-me um passado inventado nos poemas!
Ah! Vejo-te agora candidatas, casadoiras, professoras,
Vejo-te cantando uma sinfonia em minha flauta vertebral!
Vejo-te alegres, cinzas, taumaturgas, traídas;
Vejo-te sem mim, mas em mim estão teus corpos
E teus perfumes e teus pecados tão bem gozados…
Vejo-te condessas e tristes em meus cantos,
Pois vós sóis amadas, mas não por um poeta!

Mas há uma lembrança boa em minha estrela
Que fulgura anil nos sonhos de Shangri-lá!
São lembranças de beijos escarlates na aurora
Ou de gemidos em um leito na memória.
E nestas lembranças eu fui homem e feliz!
Escala de sol de Nenhures, estrela bariônica
De infinito calor e luxúria, canto às lembranças
Das bem amadas anônimas que rasgaram minha blusa amarela
E com ela costuraram dez quilômetros de amanhecer.
Canto às bem-amadas que rasgaram minha carne
E deitaram-se famélicas na depressão no deserto de Neguev.
Canto às bem-amadas que desaparecem
Numa noite de temporal, noite sem Lua,
Noite em Luanda, por onde andará minha Lua?
Lua de orgasmos obscenos no céu arco-íris,
Diga-me: quantas bem-amadas ainda se lembram de mim?
Castelo de sonhos doloridos, sob nuvens construído,
Nesta sinfonia silenciosa canto a existência delas,
Que já me olvidaram em seus beijos e suas preces.
Mas, mesmo assim, nas trevas da noite, lembro-me
Como um arqueólogo que ama a poeira do passado…

Minhas bem-amadas, beijos de infinito,
De um pulsar azul emito meu grito,
Mayakóvisky perdido nas brumas do espaço…
Beijos, beijos e beijos, musas esquecidas de meu passado!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Hic Sunt Dracones


Hic Sunt Dracones

Valença; 01° de agosto de 2012 (01h54)

Cuidado, além dos nossos olhos há o desconhecido!
O abismo surge ante nossos pés como um horizonte em trevas
E nenhum farol se ouve na terra dos dragões.
Todos os dias minha estrela mira esta muralha
E diante desta verdade medita: “Hic sunt dracones”.

Ir além do Bojador,
Dobrar a esperança,
Vencer o titã Adasmastor,
Eis o que todas as almas almejam e lutam.
Para isso foram feitas tuas mãos e teus olhos,
Tuas garras e tuas asas.
Vencer! Sonhar! Ser!
Não temer quando uma voz mais cautelosa
Sussurra dentre os dentes: “Hic sunt dracones”.

Entretanto há os que preferem ficar na praia:
Vêem as ondinas chamando para a vida.
No entanto, se recolhem ao rebanho
Que se aninha em volta da fogueira.
E o mais ignorante da manada eleva a voz
Para amedontrar: “Hic sunt dracones”.

Prefiro cortar as ondas com minha espada
E cavalgando no cometa de Cervantes
Irei para além do crepúsculo cítrico de Cthulhu,
Fincarei minha bandeira nesta terra estranha.
E mesmo lutando com dragões ou domando centauros,
Dentre fadas e elfos, estabelecerei morada
Nesta terra que todos fogem dizendo: “Hic sunt dracones”.

Templo


Templo

Valença; 01° de agosto de 2012 (02h18)

Luz da aurora e dos amores,
Rosa sanguínea e luminosa
Que nasce nos prados siderais,
Teu coração é o templo carmim
De onde ouço as mais belas sinfonias.

Luz dos horizontes e das paixões,
Em teus beijos eu fiz perene morada.
Neles sugo os carrosséis selvagens
Das supernovas de vinho e de desejo,
Templo violáceo de nosso amor.

Luz, luz insone de meus olhos
Matutinos, teus beijos são serafins
De Rivendell, cometas roubados
Do oceano no qual o cupido esculpiu
Um templo de marfim no orvalho.

Luz marinha, pelas sereias, encantada,
Sonho com teus carinhos trilhando
Minha alma e em teu colo de ametista,
Dormirei as poesias que tu escondes
No templo de fogo e mel de teus braços.

Luz eterna dos anéis de Saturno,
Silêncio azul que fala  e Carícia terna que seduz,
A saudade corta quando distante de ti
Minh’alma vaga triste alhures, esperando
O momento nos encontrar no nosso templo de luz.

Biblioteca do Bardo Celta (Leituras recomendadas)

  • Revista Iararana
  • Valenciando (antologia)
  • Valença: dos primódios a contemporaneidade (Edgard Oliveira)
  • A Sombra da Guerra (Augusto César Moutinho)
  • Coração na Boca (Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo)
  • Pelo Amor... Pela Vida! (Mustafá Rosemberg de Souza)
  • Veredas do Amor (Ângelo Paraíso Martins)
  • Tinharé (Oscar Pinheiro)
  • Da Natureza e Limites do Poder Moderador (Conselheiro Zacarias de Gois e Vasconcelos)
  • Outras Moradas (Antologia)
  • Lunaris (Carlos Ribeiro)
  • Códigos do Silêncio (José Inácio V. de Melo)
  • Decifração de Abismos (José Inácio V. de Melo)
  • Microafetos (Wladimir Cazé)
  • Textorama (Patrick Brock)
  • Cantar de Mio Cid (Anônimo)
  • Fausto (Goëthe)
  • Sofrimentos do Jovem Werther (Goëthe)
  • Bhagavad Gita (Anônimo)
  • Mensagem (Fernando Pessoa)
  • Noite na Taverna/Macário (Álvares de Azevedo)
  • A Casa do Incesto (Anaïs Nin)
  • Delta de Vênus (Anaïs Nin)
  • Uma Espiã na Casa do Amor (Anaïs Nin)
  • Henry & June (Anaïs Nin)
  • Fire (Anaïs Nin)
  • Rubáiyát (Omar Khayyam)
  • 20.000 Léguas Submarinas (Jules Verne)
  • A Volta ao Mundo em 80 Dias (Jules Verne)
  • Manifesto Comunista (Marx & Engels)
  • Assim Falou Zaratustra (Nietzsche)
  • O Anticristo (Nietzsche)