Textos, Vinhos & Surpresas
(Esboço de uma teoria de criação literária - ou um mero depoimento)
Salvador, 20 de fevereiro de 2006
Sinceramente, eu sei que estarei falando um chavão, mas aprendi a lidar com meus textos da mesma forma como eu trato os vinhos: deixo decantando-os. Escrevo, e pronto! às vezes sou tomado pela euforia de achar que o texto está uma maravilha, às vezes eu e o texto nos estranhamos. Por isso que deixo os textos descansar algum tempo depois de escritos.
Sei que a minha emoção inicial com os textos é passageira. Quando eu os deixo de lado por um tempo, eu acabo vendo nele, com mais clareza, seus defeitos e qualidades. Emendo, se for o caso ou o abandono nos meus arquivos. Pode ser que tempos mais tarde, eu releia estes textos esquecidos no arquivos e acabe me surpreendendo (como já me aconteceu com um poema, que eu achei mediano e o que foi mais bem aceito em concurso e publicações).
Continuando a comparação, há texto que são um Beaujolois que só interessa quando jovens (depois de um tempo ficam fracos por serem circustanciais), outros são como os Chianti, precisam de poucos anos para amadurecer serenamente e há finalmente os Riesling alsacianos, mais complexos, que precisam de décadas para serem apreciados.
Pois bem, este é o meu depoimento.
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