Meu Menino de Valença
Salvador, 17 de fevereiro de 2005 (22h46)
Meu menino de ValençaNão subiu em árvore,
Porque no cume de seus livros
Tornou-se senhor do Himalaia.
Não fez ginástica,
Não andou de bicicleta,
Não montou em burro bravo,
Não jogou bola pelas ruas
Nem tomou banho de mar.
Contudo conquistou o mundo
(primeiro pela voz de sua Tia Vera,
Depois nos seus olhos pueris de alfabetizado).
Meu menino de Valença,
Quando inocente infante,
Foi companheiro do Capitão Nemo
Em suas viagens no Nautilus;
Conheceu os irmãos Franchi da Córsega;
Conheceu os vulcões da Islândia
Onde residia o palácio encantado
Da valquíria Brunhilda.
Conheceu a Roma da Loba,
Roma das Sete Colinas
E das colunas de Trajano e César.
Conheceu a Tróia de Aquiles e Heitor
E do cavalo maravilha de Odisseu.
Ah, meu querido menino de Valença!
Quão felizes foram seus dias de infância
Que o sol, dentre acerolas e graviolas,
Vinha avistar sobre os ombros
Seus sonhos e fantasias impressos no papel.
Não desejava uma senhora Robinson
Nem conhecia os reality–shows da moda,
Muito menos as cifras e os cifrões vinham-lhe
Roubar o sono e o sossego.
Mas meu menino de Valença
Cresce o corpo e envelheceu
A voz, a barba e a malícia.
Ficou mais triste e carrancudo,
Não viaja mais com Nemo
Nem passeia a cavalo pela Córsega.
Porém continua amando os livros
E em meus versos ele ri,
Escondido como matreiro saci,
A brincar com meus sonhos
E trazer-me uma alegria antiga
E esquecida…
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