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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

De Deuses e Elegias - Antonio Naud Jr.

ESTRELAS NO LAGO (2004)
de Ricardo Vidal,
(Cia. Valença Editorial, 51 págs.)


De Deuses e Elegias
por Antonio Naud Júnior (*)

Borges tinha uma teoria de que cada conto encerra um conto secreto. Talvez o mesmo aconteça com o poema. E dentro de um mesmo conjunto poético possa ser encontrado soneto, elegia, trova, canção, épico, rondó, ode, idílio, madrigal. O lírico “Estrelas no Lago”, do jovem baiano Ricardo Vidal, parece guardar esse baú de surpresas, num labirinto poético que leva a nomes, cores, rastros, admirações. Romântico, o poeta muitas vezes não disfarça influências, buscando fôlego em sopros de Byron, Vinicius de Moraes, Drummond ou no iluminado “Cântico dos Cânticos”, do poderoso rei Salomão. Poesia que dialoga com o coração, sentimentos lúdicos, emoções sentidas, fascínios mitológicos ou históricos sem nunca cair na pieguice. O trovador de Valença segue essa nau de poetas no mar da vontade de se revelar, pirata de dores e amores, de lamentos e esperanças, espadachins da palavra extraída deste mistério que faz da intuição o estopim capaz de expandir o fogo da vida por dentro do real e provocar a explosão que tudo alumia. Mas quem é mesmo esse poeta? Ele mesmo responde na página 23: “O poeta é um lobisomem solitário / Que vaga pelas sesmarias desertas / Em noite de tempestades e fagulhas / (...) / Suas garras devoram as entranhas da terra / A procura de um pouso e de uma lua / Seus versos são sua fome canina, / Sua poesia, a ânsia pela glória”.

REFÚGIO DAS SOMBRAS

Quando o último esforço, derradeiro
Sonho se esvai pelas mãos do destino;
Quando minhas verdades, no despenhadeiro
São jogadas – para o fundo do abismo;

Quando a última lágrima percorre inteiro
Caminho – na minha face em desalinho;
Quando as desgraças fincam primeiro
Marco – que me levam ao total desatino;

Só um penedo diviso – tênue – no horizonte,
Perdido nas vagas do mar da infelicidade.
É o meu último porto, abrigo, roca onde

Fica meu refúgio das sombras – Cidade
Onde ganho forças novas e cuja fonte
Descanso e consolo-me com serenidade.

(*) Jornalista e Poeta. Autor de “Suave é o Coração Enamorado” (Via Litterarum, 2006).
antonio_junior2@yahoo.com

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