Escolhas
Salvador, 12 de abril de 2006 (23h51).
Disseram-me que devo contemplar a vida
Como um verme contempla o infinito à beira do abismo.
Ser tomado pelo espanto, dar às costas e voltar
Pelo mesmo visgo que andaram outros vermes.
Mas se a vida é o infinito na sua beleza,
Por que devo seguir a mesma trilha de vermes?
Por que eu devo ainda ser um verme?
Se estou à beira do abismo,
E a vida é cheia de possibilidades,
Deveria eu saltar e assumir meu posto de falcão
Para conquistar as nuvens e as galáxias
(ou ser um tubarão e dominar os oceanos abissais)
Mesmo que eu não tenha a certeza
Do que esteja no fundo do abismo,
Mesma que a trilha dos vermes seja segura
Por ser previsível,
Nada há de melhor
Que reinar no infinito.
Mesmo que o Sol derreta a cera de minhas asas,
E como Ícaro, eu caia no meio das sombras,
È ainda melhor tentar o salto na direção do abismo.
A visão que os falcões têm do mundo
È superior e mais gratificante:
Nela eu descortino os mistérios e evito as armadilhas,
Vejo o futuro por ver mais amplo a realidade.
E o que vêem os vermes se não o logro?
Prefiro naufragar, tentando ser um falcão
E me perder na amarga existência inútil dos vermes…
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