A jangada partiu
Praia do Guaibim, 24 de outubro de 1994 (21h09)
Evocação
Oh! Reino de Tétis e Netuno!
Quantas vezes serviste
De último e líqüido leito?
A jangada partiu!
Valentes nautas do Ceará
Singram o negro-verde mar
Enquanto a Luã beija
As cálidas ondas na praia.
A jangada partiu!
Mais uma vez foram
Colher os frutos das ondas,
Debaixo das imperiosas vagas
Em uma constante faina.
A jangada partiu!
O azul cristalino voga inclemente
nas areias da praia. As ardentias
Iluminam a doce senda, para
A célere jangada passar...
A jangada partiu!
Deixando Marias esperando,
Famílias a rezar aos santos e Iemanjá
Para que o pescador
Possa, vivo com Deus, voltar.
A jangada partiu!
"Amanhã, com certeza, vão chegar"
Desta vez, não voltaram.
Sem pescado, os valentes nautas
Ficaram para sempre no mar.
A Jangada partiu!
Mas ninguém voltou.
Sem o pescado de sustento,
Sem José, sem pai, sem marido,
Só a jangada cearense
Sozinha, do verde mar, regressou.
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