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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

sábado, 21 de novembro de 2009

O Outro Aniversario de Valenca

O Outro Aniversário de Valença

Ricardo Vidal

Escritor, formando em Letras pela UNEB e Designer gráfico da ASCOM-Secretaria de Saúde do Estado da Bahia

Todos os anos, no dia 10 de novembro, a cidade de Valença comemora o seu aniversário. A proximidade com a festa de Nossa Senhora do Amparo, padroeira dos operários e co-padroeira da cidade, faz com que a festa fica mais animada, com a junção do sentimento religioso com o cívico. Contudo, seria esta verdadeira data de aniversário do município de Valença?

Existe o costume, no Brasil, de associar o aniversário da cidade com sua emancipação e elevação a condição de cidade. Atualmente, quase toda sede de município possui esta condição. Contudo (principalmente no passado) isso não era regra. Muitos municípios brasileiros surgiram com sua sede na condição de vila, como prova as histórias de Valença e Cairu.

Conforme lembram os professores Edgard Oliveira e Waldir Freitas, o povoamento da região de Valença é um dos mais antigos. Já por volta de 1550 existia um povoado às margens do Rio Una, fundado por Sebastião de Pontes. Dependente da Vila e Município de Nossa Senhora do Rosário de Cairu, o povoado do Rio Una não logrou a se manter por muito tempo, pois a prisão de Sebastião de Pontes fez com estas terras ficassem a mercês dos belicosos índios gueréns e os moradores acabaram povoando as ilhas de Tinharé, Cairu e Boipeba. Só com a pacificação e escravização dos índios que as terras de nossa cidade voltaram a terem residentes. Contudo, permanecia a vinculação política e religiosa à Cairu.

Somente em 1799 que Valença foi desmembradas à Cairu, com a criação em 10 de julho Vila e Município de Nova Valença. A paróquia do Sagrado Coração de Jesus surgiu em 1801, rompendo assim os últimos laços com o nosso vizinho. Nossa Câmara de Vereadores foi fundada nesta época, que votou o “Código de Posturas Municipal”, tataravô de nossa atual Lei Orgânica do Município. Isso tudo OCORREU ANTES de 1849. Ou seja, como ente político-administrativo da Bahia, o município de Valença já existia 50 anos antes! Tanto que nossa cidade participou com delegados à Câmara de Cachoeira no processo que culminou com o 02 de Julho e a consolidação da independência brasileira na Bahia em 1823.

Com a chegada da primeira fábrica de tecido em 1845 (cujo de modelo de gestão era revolucionário para o Brasil da época, já adotando alguns princípios de socialismo utópico de Robert Owens), o prestígio político de Valença aumentou a ponto de ser elevada a cidade em 10 de novembro de 1849. Devido a isso é que ficou esta data como o dia de nossa cidade, em lugar do dia 10 de julho.

Prof Edgard Oliveira já havia alertado para este fato em artigo publicado no jornal Infolha nº 24 de novembro de 2007. Como a tradição já foi estabelecida e a proximidade com a festa do amparo e de nascimentos do Barão de Uruguaiana e Conselheiro Zacarias, não seria conveniente abandonar o 10 de novembro como grande data cívica de Valença. Contudo, seria uma justiça histórica que os nossos vereadores não deixassem a outra data importante para Valença, o 10 de julho, no esquecimento, elaborando e promulgando uma lei que a declarasse como umas das datas festivas de Valença. Afinal, um lugar lindo e altivo como a nossa Valença, que neste de 2009 comemora 160 anos de cidade e 210 anos de municípios merece e precisa resgatar sua memória…

Bibliografia

OLIVEIRA, Waldir Freitas. “A industrial cidade de valença”. Um surto de industrialização na Bahia do século XIX. Salvador; Centro de Estudos Baianos da Universidade Federal da Bahia, 1985

OLIVEIRA, Edgard Otacílio da Silva. “Valença: dos primórdios a contemporaneidade”. Salvador: Secretaria de Cultura e Turismo, 2006

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  • Valença: dos primódios a contemporaneidade (Edgard Oliveira)
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  • Sofrimentos do Jovem Werther (Goëthe)
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