Sua Majestade, O Bardo

Minha foto
Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Cancao do Dique de Tororo

Canção do Dique de Tororó

Valença; 18 de fevereiro de 2015 (03h50 AM)

I
Axé, querido Dique de Tororó!
Espelho d’água, Ilha de verde
No meio da selva de concreto,
Quantos mistérios e segredos
Eu beberia em suas águas negras?
E lá os orixás residem majestosos,
Como reis e rainhas dessa cidade
De todas as deidades e santos.

Axé, querido Dique de Tororó!
Peço licença para o Senhor Exu, 
Que ele abra todos os caminhos
Dessa difícil estrada da poesia
E me permita esse meu cantar
Colhida nas notas da gaita galega.
Axé, Mestre Exu! Laroiê, Laroiê!


II
Eu fui para o Dique de Tororó,
Beber água, não achei… Achei
Uma Iemanjá morena e tropical
Que me pescou com um doce beijo 
Apimentado e por ela me enfeiticei.

A Lua foi para o Dique de Tororó,
E nas águas morena ela se banhou! 
Saiu morena e vaidosa como Oxum.
Do luar fez uma tiara de prata e encantos
E com as estrelas e pulsares ela enfeitou.

E nas margens do Dique de Tororó,
Ela passeou, entregando, qual musa,
Seus beijos para os boêmios e poetas.
Eu estava entre os eleitos naquela noite,
Elevando-me da massa ignara e obtusa.

Era noite calma no Dique do Tororó
Quando, com chama e volúpia pagãs,
Minha musa eu beijei. Era gostoso ver
Passar enlouquecida a estéril vida civil
Enquanto a musa me crismava seu ogã.

O Tempo passou no Dique de Tororó
E chegou a hora da Lua morena partir.
Subiu num cometa, rumo à imensidão.
E desde então canto pelas noites de Luar
Para ver minha musa eterna, no céu, sorrir.

Eu fui para o Dique de Tororó,
Beber água, não achei… Achei
Uma Iemanjá morena e tropical
Que me pescou com um doce beijo 
Apimentado e por ela me enfeiticei.


III
A cornamusa galega segue chorosa,
É hora de dizer adeus aos Orixás!
A escuridão se confunde com o asfalto,
E as luzes e buzinas furiosas lembram
Que já não mais tempo para poesia.
Mas as águas ancestrais de Tororó 
Continuam pulsando sua força e axé,
Como uma ilha de paz e tranquilidade
Na agitada metrópole ensandecida.

Nenhum comentário:

Biblioteca do Bardo Celta (Leituras recomendadas)

  • Revista Iararana
  • Valenciando (antologia)
  • Valença: dos primódios a contemporaneidade (Edgard Oliveira)
  • A Sombra da Guerra (Augusto César Moutinho)
  • Coração na Boca (Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo)
  • Pelo Amor... Pela Vida! (Mustafá Rosemberg de Souza)
  • Veredas do Amor (Ângelo Paraíso Martins)
  • Tinharé (Oscar Pinheiro)
  • Da Natureza e Limites do Poder Moderador (Conselheiro Zacarias de Gois e Vasconcelos)
  • Outras Moradas (Antologia)
  • Lunaris (Carlos Ribeiro)
  • Códigos do Silêncio (José Inácio V. de Melo)
  • Decifração de Abismos (José Inácio V. de Melo)
  • Microafetos (Wladimir Cazé)
  • Textorama (Patrick Brock)
  • Cantar de Mio Cid (Anônimo)
  • Fausto (Goëthe)
  • Sofrimentos do Jovem Werther (Goëthe)
  • Bhagavad Gita (Anônimo)
  • Mensagem (Fernando Pessoa)
  • Noite na Taverna/Macário (Álvares de Azevedo)
  • A Casa do Incesto (Anaïs Nin)
  • Delta de Vênus (Anaïs Nin)
  • Uma Espiã na Casa do Amor (Anaïs Nin)
  • Henry & June (Anaïs Nin)
  • Fire (Anaïs Nin)
  • Rubáiyát (Omar Khayyam)
  • 20.000 Léguas Submarinas (Jules Verne)
  • A Volta ao Mundo em 80 Dias (Jules Verne)
  • Manifesto Comunista (Marx & Engels)
  • Assim Falou Zaratustra (Nietzsche)
  • O Anticristo (Nietzsche)