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Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

terça-feira, 27 de setembro de 2016

E POSSÍVEL SER HOJE UM INTELECTUAL SEM CONHECER A LITERATURA AFRICANA CONTEMPORANEA?

É POSSÍVEL SER HOJE UM INTELECTUAL SEM
CONHECER A LITERATURA AFRICANA CONTEMPORÂNEA?




Salvador, 26 de setembro de 2016 (23h49)

Ricardo Vidal
Escritor, mestrando em Crítica Cultural 
(UNEB campus II). Membro da AVELA

Conversando com uma de minhas professoras no Mestrado em Crítica Cultural, perguntei-la se seria possível passar incólume por autores como Mia Couto, Agualusa ou Pepetela. Ela me respondeu que, se quiser ser levado a sério no meio intelectual, mais cedo ou mais tarde teria que ler algo deles. Mas, na verdade, fiz isso como um comentário maroto, ao observar o nosso zeitgeist, o espírito de nossa época. Da mesma forma que a leitura de Michel Foucault, Giles Deleuze e Giorgio Agámben são indispensáveis para quem quer participar do debate universitário contemporâneo; torna-se importante a leitura da obra dos autores africanos contemporâneos. Mas o que se significa esse novo olhar atlântico?

Por um lado, essa produção literária que vem do continente negro mostra a força das letras cujos povos passaram recentemente por um processo de descolonização. Nomes como o de Leopold Sèdar Sénghor do Senegal (que foi membro da Academia Francesa e correspondente da Academia Brasileira de Letras), Paulina Chiziane de Moçambique e Ondjaki de Angola mostram que a literatura desses países já está dando os primeiros frutos, apresentando beleza e engenho que não fica a de dever às literaturas de outros países. Por isso que estão sendo traduzidos e analisados nas universidades. São textos que possuem musculatura literária e agarram o leitor, trazendo a África real dos povos africanos, com seus mistérios, cruezas e maravilhas.

Por outro lado, mostra que o polo literário mudou sua relação. Já não é mais a relação consumidora Norte-Sul, com os países europeus e da América Anglo-Saxônica vendendo seus produtos culturais para os mercados consumidores da América Latina. No caso do Brasil, a relação Sul-Sul, entre nós brasileiros e os PALOPs (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), é o início de uma relação de interação e troca cultural entre ex-colônias de Portugal. Se para os africanos, o contacto com o Brasil é uma forma de aprender com o irmão-que-deu-certo no processo de descolonização, para o Brasil é uma forma de redescobrir sua própria História e abrir o caminho para o futuro, com novos parceiros, tanto econômicos como culturais.

Esse interesse já se reflete na docência de ensino médio, em que os autores africanos contemporâneos já começam a frequentar as salas de aulas , inclusive como conditio sine qua non para entrar nos cursos superiores, através dos vestibulares e do ENEM, como “Mayombe”, de Pepetela, que recentemente foi selecionado para compor um dos maiores vestibulares do país, o da FUVEST. Da mesma forma que citações de Mia Couto aparecem nas redes sociais; ainda que de forma oblíqua, nossos alunos já estão se familiarizando com esses autores.

Assim, voltando à pergunta que deu origem ao texto, é impossível que alguém que queira se passar por um intelectual no Brasil sem que conheça esse outro literário que é a África Contemporânea. Axé!

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