Sua Majestade, O Bardo

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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

domingo, 10 de março de 2024

Sermões sobre o Século XXI

Sermões sobre o Século XXI

Valença, 15 de novembro de 2023

Aqui tudo parece
Que era ainda construção
E já é ruína
Tudo é menino, menina
No olho da rua
O asfalto, a ponte, o viaduto
Ganindo pra lua
Nada continua (…)
Alguma coisa
Está fora da ordem
Fora da Ordem - Caetano Veloso

I
Século XXI, eis que você se apresentada…
Não estamos viajando pelas estrelas
Nem correndo com carros atômicos.
Ainda não escravizamos os robôs,
Não alcançamos o ócio libertador,
Não respeitamos o seio de Mãe Gaia,
Não alcançamos a harmonia mundial,
Não falamos a língua dos anjos e dos homens,
Não achamos a cura do câncer e da maldade,
E nem alcançamos o fim do flagelo da fome.
A Utopia de Aquário não chegou
E mesmo assim você, Século XXI, se apresenta
Como um pesadelo vampírico de modernidade.
E o que você tira de sua cartola?

II
A palavra é o emoji
E ela perdeu o seu sentido.
O que somente importa é:
A tela piscando!
O corte dos vídeos!
A postagem do twitter!
O espaço instagramável!
A obsolescência programada!

Mas nós perdemos a poesia de uma borboleta
Cruzando o vento como uma bailarina graciosa.
Perdemos a sabedoria de se esperar alguns minutos
E assim não entendemos a lentidão de uma semente.
Não temos resiliência e não conseguimos compreender 
A alternância entre tempestades e calmarias nas marés.

Tudo é jovem e contemporâneo, 
tudo é líquido e instantâneo.
E ainda assim é ruína sem sentido.

E por mais que se traduza os genomas complexos,
Por mais que enlace o planeta com fibras ópticas,
Por mais que todos estejam conectados em rede,
O que existe é a solidão de uma vida inútil,
Guerras sempre florescendo nas periferias
E Cérberos telemáticos dilapidando a esperança.

III
Mas mesmo assim,
No meio desse deserto de bits e bytes,
Uma flor rebelde ousa
Erodir as telas dos celulares:
Ela anunciará minha sonhada aurora,
Despertar escarlate de fraternidade e empatia.

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