Sua Majestade, O Bardo

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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Introspecção (poema em prosa)

(Poema em Prosa)

Salvador, 19 de agosto de 2007

Hoje eu estou introspectivo. Não quero ver o Sol lá fora. Não quero ouvir a Nona Sinfonia de Beethoven. Não quero assistir Paula Picarelli apresentando “Entrelinhas” ou Giulla Gam em “Contos da Meia-noite” na TV Educativa da Bahia. Hoje eu não tenho sorriso nem poemas para bem-amada. Nem quero ver os beijos de Ingrid Bergman no cinema. Ando tão a flor da pele que só penso em ouvir Zeca Baleiro ou dormir pra nunca mais acordar. Ou nunca dormir, para não ter que sonhar com as quimeras e esfinges que me apavoram. Uma cena de beijo faz com que uma lágrima surja na minha face e deixe-me pensando nas fantasias romanescas que nunca tive. Um grito na noite faz com que meus nervos tremam e veja nas sombras a imagem de um vampiro. As frustrações e os fantasmas rodam no meu quarto e por isso que não quero dormir mais nele. Quero fugir, contudo não existe porta. O Labirinto de Creta se fecha e não sei quando o Minotauro irá me atacar. Não recebo mais as cartas de minha Vênus Catarinense. O ambiente em meu derredor exala pútridos bafejos de mediocridade e minh’alma sufoca. Quero a Lua, mas ela não aparece. Nenhuma estrela do crepúsculo me guia pela charneca e fico sem saber qual caminho devo seguir. O galo todo dia canta. Mas não ouço. Remédio. Sertralina. Clonazepan. Amitriplina. Coquetel amargo para que não estoure como Eduard Northon em “Clube da Luta” e dê vazão para minha autodestruição. O Mundo como Distopia eterna. O Amor como uma Sereia do Mal. A Vida como uma Esfinge famélica. Nada de sucesso. Nada de Paixões e patologias. Assistamos todo o Big Brother Brasil e vejamos como ele é pior que o Grande Irmão de George Orwell. 1984 e Metrópolis, já chegamos. E um furacão dentro de mim derruba cada uma de minhas esperanças. Divorcio entre mim e o mundo capitalista. Dúvidas. Não consigo mais ouvir uma música alegre que logo me irrita. Minha alma é cinza demais para que possa ouvir o "Trenzinho Caipira" de Villa-Lobos. Poemas? Só "Ahasverus e o Gênio" de Castro Alves, Sylvia Plath ou Lorde Byron – nada de Manuel Bandeira ou Homero. Filosofia? Nietzsche ou Schopenhauer – nada de Doutor Pangloss, Epicuro e conformismos teológicos. Minha viagem é sem vinho e não passa além do buraco-negro do meu umbigo. Como posso pensar no mundo se ele me oferece o amor como Dobrada à Moda do Porto – e fria?! E não querem que eu tenha razão… Querem-me que seja da companhia (que maçada), que seja tributado, protocolado, carimbado, registrado e com as devidas taxas pagas. Querem eu escreva uma carta laudatória ao senhor doutor advogado de minha província natal pelo lançamento de seu soneto medíocre num jornal local, dizendo como eu me enalteço-me gabando-lhe suas galimatias. Querem que eu tenha paciência e espere o mundo, quando este não o tem comigo e passa rápido para não ouvir minhas mazelas… Por isso que me fechei em mim mesmo. Depois decidirei se serei pessimista e cínico para suportar o mundo, ou se faço igual a Maiakósky e Stefan Zweig

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