Mais um dia na minha crise criativa. Não estou conseguindo me concentrar em escrever, embora minha cabeça esteja pululando de idéias. Isto me mata mais do que alguém pode imaginar.
Das idéias que estouram na minha cabeça há: uma resenha do livro "Microafetos", de Wladimir Cazé; Um resenha do livro "Textorama", de Patrick Brock (ambos foram meus colegas na Faculdade de Comunicação da UFBA e pretendo publicar estas resenhas na revista Iararana); Um artigo sobre as Edições K; outro artigo, comparando o presidente Lula e Getúlio Vargas e a retomada de um projeto de livro (Cozinha Cafajeste dos Universitários) de conto relacionados com gastronomia... Um artigo falando sobre a vaia de Lula na abertura do XV Jogos Panamericanos eu abortei pela perda da atualidade... Também tenho uma vontade de fazer uma pesquisa mais ampla sobre a a relações da cultura contemporãnea e a sexualidade.
Onde residira esta crise? Primeiramente, uma depressão latente que explodiu com uma crise amorosa. Segundo, um desencontro na minha vida em que nos momentos que eu estou mais bem preparado pra escrever (ou seja, à noite, entre 20h00 e 01h00, com tudo calmo) nem sempre é o horário que eu tenho o computador disponível, uma vez que o mesmo fica no quarto do meu irmão e ele costuma hibernar antes das 20h00 - quando não está precisando do mesmo para os seus trabalhos. Terceiro, eu nunca aprendi a datilografar e não gosto muito de fazer manuscritos de prosa - cansa mais, a mão nem sempre acompanha o fluxo das idéias e um erro implica em descartar toda a folha. Manuscritos, só para poemas... Quarto, uma descrença muito forte em relação à vida. Quinto e último, um total divórcio que sinto entre minha alma e o ambiente em que vivo. Sou um tipo de homem talhado para viver em salões literários, vernissage, teatro, lançamento de livros - não em ficar numa casa assistindo o Domingão do Faustão ou discutir futebol numa forma chã. Só que eu não consegui a minha autonomia para tanto, nem meus pais percebem claramente que eu preciso disso com freqüência, não esporadicamente.
Isto faz com eu perca o meu élan vital para literatura e para a própria vida. Achar que todos os meus esforços nos estudos se limitam a uma vida simples/simplória, de convivência com pigmeus intelectuais e com provincianismos conformistas torna, no meu julgam, uma luta inglória e vã. De que adiantou ler o Gilgamesh, As Flores do Mal de Baudelaire ou o Cantar de mió Cid (este, em espanhol medieval), estudar Filosofia e Política se meus interlocutores não me compreenderam? Como ter fé na vida se todas minhas esperança se mostram frustradas? Fica eternamente desplugado das coisas que me interessam - como lançamento de filmes (mesmo os eróticos de Regina Poltergeist e Rita Cadillac), eventos, outras culinárias e dos vinhos? Por que eu devo acreditar que nunca viverei uma grande romance e me conformar com um casamento burocrático e pequeno-burguês? Com um emprego médio e ter um chefe idiota que só irá? Com a eterna preocupação de minha mãe com minha "aparência" ou minha "alimentação" ou a preocupação do meu pai para que eu durma antes das 21h00 para aproveitar melhor a luz solar (como se o dia tivesse coisas interessantes acontecendo)? Acho impossível querer sorrir e ver tudo com um otimismo ingênuo quando a vida se mostra amarga.
Bem, hoje é mais um dia. Com a faculdade em greve (adiando em mais alguns meses minha formatura), só me resta olhar as horas passando e provar mais uma vez o fel da vida enquanto mato o tempo na tela do computador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário