O Lobisomem
(para Professora Rosângela Figueiredo)
Salvador, 18 de maio de 2002
O poeta é um lobisomem solitário
Que vaga pelas sesmarias desertas
Em noite de tempestades e fagulhas.
Tuas garras devoram as entranhas da terra
A procura de um pouso e de uma lua.
Teus versos são tua fome canina,
Tua poesia, a ânsia pela glória.
Tu edificas paulatinamente teus livros
Passo a passo para saciar teu ventre,
Enquanto cada vez mais a glória foge
Tantalicamente de teus lábios.
Tu vagas, então, solitário,
Pelas campinas em flor,
A procura de um pouso.
O corpo, dilacerado, pede descanso.
Morto, o corpo deseja o fim
Mas tua alma ordena: Prossiga, persevere!
Pobre poeta! Pobre lobisomem solitário
Que caminhas pelo ermo
E de existir sem termo.
Tua maldição, contudo, é a redenção da humanidade.
3 comentários:
O lobisomem é um ser fascinante, mexe no imaginário feminino e assim como eu e a Cecília, que "temos fases como a lua, fases de andar escondida, fases de vir para rua", ele também... Se recolhe nas minguantes, novas e crescentes, para fazer sua estréia mensal em grande estilo, na lua cheia... E lua cheia tem aquela áurea de magia e sedução, naquele filme e na vida!
Sei não, mas continuo achando que você não é de verdade!...
Pode ter certeza que eu sou de verdade... Gostei de sua interpretação do lobisomem. Não imaginei isso inicialmente. Pensei como uma metáfora da condição humana do poeta, do ser que está na sombra e que passar ter outro tipo de visão da existência.
Lobisomem e poeta... Instigantes e sedutores... Qual mulher não quer se perder nessa fantasia?
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