Sua Majestade, O Bardo

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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Fragmentos de um diario - Jabulani

Nunca fui fã de futebol. Mesmo amigos tem isso como uma verdade incontesti, da mesma forma que a Terra gira em torno do Sol e a fórmula química da água é H2O. Tanto não sou fã que aos jogos do Brasil na Copa eu fico infiferente. Na Copa de 1994, fiquei chateado com a invasão da minha mãe ao meu quarto, para assistir a final com a Itália. Em 2002, eu estava tentando dormir o resto da manhã enquanto o país vibrava com a final contra Alemanha. E para chatear meus interlocutores que viesse com clichês de conversa de botequim (como forma de me esquivar de horas de aporrinhação), eu disparava: Torço pela Espanha! Mesmo que ela não tivesse classificada, eu torço pela "Furia Roja". Torcia, sem assistir ao jogo e tratando vitória e derrota com a mesma fleuma.

No fundo (o que muitas pessoas não se davam conta) é que eu não gosto de futebol. E só torço pela Espanha porque tenho a dupla-nacionalidade, minha famália possuem origens galegas. E no mais, eu quero é evitar a conversa chata e repetitiva de muitos "boleiros". Não há situação mais irritante que assistir "discussões" no qual se escuta pérolas como "quem vive de museu é passado" ou "os jogadores brasileiros são mercenários, não tem amor a camisa". Conversas como participei durante o curso de Letras, na copa de 2004, em que se fazia análises ponderadas sobre a evolução do futebol no Brasil, diferenças culturais refletidas nos estilos das seleções ou a estética do jogo, eu até apreciava. Só que este refinamento são raros.O restante é verborragia, clichês, senso comuns ou reprodução hipnótica de comentários ouvidos alhures na TV. Isso para não falar dos fanáticos, que transformam o esporte numa religião - em seu pior sentido: alienação pura surgida de dogmas.

Se uma pessoa como eu já não gosta do esporte, imagine ter que conviver com uma situação dessa? Para mim, o mais sensato é fugir disso, nada contra a corrente, escolher um time médio ou que atualmente esteja longe das vitórias. Se me perguntam "Você é Bahia ou Vitória?", digo que torço pelo Galícia E.C. Nem mis falo que torço pelo Santos F.C., que só tinha minha simpatia devido ao meu primeiro time de futebol de botão... "Pelé ou Maradona"? Só respondo "Pelé" para sacanear os argentinos. Agora, se me perguntar "Edmundo ou Zidane", "Vampeta ou Marcelinho Carioca", "Zico ou Sócrates", para mim, o melhor jogador é Nietzsche e Karl Marx, na zagua da filosofia alemã; Fernando Pessoa(s), Florbela Espanca, Manuel Bandeira e Vinícus de Moares no meio de campo da poesia lusófona e Goethe como atacante da literatura mundial. Kaput!

Só que este ano, esta Copa foi um pouco diferente. Devido a namorada (ah, este eterno mistério feminino....) e a turma do trabalho, pela primeira vez na vida, passei a torcer pelo Brasil e pela Espanha. Torcer de vestir camisas amarela e vermelha e assistir jogo na TV. Assistir, em termos, porque eu dormia durante parte do jogo... Imaginava a final Brasil e Espanha, com a vitória da Espanha (se bem que o que me interessaria seria a festa). Só que a Seleção Canarinho foi espremida pela Laranja Mecânica. Repetiu-se 1974 (ou 1978?). E se a Fúria não passa-se? Juro que não ficaria triste. Só que passou pela Alemanha. Final Holanda X Espanha. Um campeão inédito desde 1978. Quem será? reconheço os neerlandeses como uma grande time que merecia o título. Só que sou neto de galego, cidadão espanhol per juris sanguinis... Domingo é dia de vestir vermelho e gritar: ¡Arriba, España! Vantagens de quem possui dupla-nacionalidade...

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