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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

terça-feira, 17 de abril de 2012

Documento-manifesto da juventude valenciana- A GENTE QUER INTEIRO, NÃO PELA METADE!


Documento apresentado e aprovado no I Encontro da Juventude Unida: Uma Valença Possível, realizado no CEMEP, em 14 de abril de 2012

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A GENTE QUER INTEIRO, NÃO PELA METADE!

A gente não quer só dinheiro,
A gente quer inteiro e não pela metade
(…)
A gente não quer só comida
A gente quer comida, diversão e arte.
Comida – Titãs

Durante anos, nossa voz não era ouvida. Fomos considerados imaturos e por isso, nossas opiniões eram descartadas. Nossas demandas ficavam em segundo plano, porque eram vistas como irrelevantes ou que poderiam ser postergadas. Muitas vezes, a preocupação de que “somos o futuro da nação” era apenas um discurso vazio e inócuo, traduzido na prática na velha política do “pão e circo”. Vivenciamos uma cidadania dada pela metade, onde há mais deveres do que direitos.
Mas agora é a hora de mostrarmos nossa cara. Somos a juventude valenciana. Somos do campo e da cidade, da periferia e do centro. Somos 20 mil cidadãos valencianos na faixa de 15 a 29 anos que estamos distribuídos entre estudantes, trabalhadores e desempregados. Somos a faixa da população que mais sofre as consequências do desemprego, da evasão escolar, da falta de formação profissional, das mortes por homicídio, do envolvimento com drogas e com a criminalidade.
Os jovens do campo convivem diariamente com a distância do centro da cidade, que é maior devido ao abandono do poder público. As estradas são ruins e o transporte, precário; dificultando o acesso aos serviços de saúde, à informação e ao lazer. Vive-se no campo com a expectativa do êxodo devido à falta de perspectiva.  A agricultura e a produção de alimentos não são devidamente estimuladas para que haja uma maior geração de renda e qualidade de vida no campo.
No centro da cidade a juventude convive com a falta de emprego e trabalho. Não existem políticas públicas que incentivem o desenvolvimento nem o empreendedorismo. Os bairros periféricos incham, crescem de forma desordenada, desequilibrando o meio ambiente e o convívio social saudável. A educação e a saúde são tratadas no limite das exigências legais e não são vistas como necessárias ao desenvolvimento. Não possuímos políticas públicas de incentivo a prática de esportes, de fomento a cultura e ao lazer. Nossos talentos artísticos, desportivos e culturais são desperdiçados, porque não há projetos que visem o pleno desenvolvimento de suas potencialidades. Espaços de lazer inexistem na cidade, com muitas poucas opções para ocuparmos nossas mentes ¬¬de forma produtiva durante o nosso tempo ocioso – facilitando que as drogas entrem em nossas vidas e prejudiquem nosso amadurecimento.
E agora, quais são os nossos desejos? Onde queremos chegar? Somos interioranos, mas o universo é o nosso limite. Queremos que Valença seja realmente a terra de paz, com mais investimento em educação e segurança pública. Exigimos a intervenção objetiva e clara do poder público. Para tanto, queremos o compromisso efetivo da construção coletiva das políticas públicas, tendo como a garantia do funcionamento da Secretaria Municipal de Juventude e toda a sua estrutura (como Conselho) e a destinação de, no mínimo, 3% do Orçamento Municipal aplicado efetivamente em políticas para a juventude. Enfim, uma secretária municipal de juventude atuante e não apenas decorativa. 
Nós, Jovens Valencianos, precisamos deixar de ser vistos como delinquentes pela sociedade e sim como cidadãos que possuem propostas e demandas próprias, mas que quer colaborar para o progresso de nossa cidade. Nossa contribuição para uma outra Valença possível está sintetizada nos seguintes pontos abaixo:

  1. A qualificação dos equipamentos públicos (como escolas municipais da zona rural e bairros ditos periféricos), dotando-os de uma estrutura com infocentros, quadras poliesportivas, auditórios, entre outros; que supram à carência dos jovens e funcione inclusive nos fins de semana, como Centros Integradores da Juventude.
  2. Melhorias nos acessos entre a zona rural e zona urbana, uma vez que uma depende da outra. 
  3. Requalificação dos nossos pontos de lazer e turismo, como o Guaibim e a nossa Orla Fluvial, e dotar os novos potenciais espaços (como a área das ruínas da antiga fábrica e as cachoeiras locais) de infra-estrutura, organizando e democratizando seu espaço físico, com respeito e cuidado ao meio ambiente, com proteção efetiva da fauna e flora locais. Revitalização das áreas de esportes e criação de espaços para a prática da ginástica rítmica. Criação da Praça do Hip-Hop, aproveitando o espaço no final da Orla Fluvial e que se encontra atualmente abandonado.
  4. Desenvolver mecanismos que permitam que o ensino seja realmente de qualidade, focado na evolução no próprio município e valorizando a nossa região, fazendo com que o jovem não necessite de sair para outras cidades para aprimorar sua formação. Criação de projetos para recuperar o esporte e lazer da nossa cidade, respeitando valorizando nossa cultura. Cursos gratuitos de línguas estrangeiras modernas (inglês, espanhol, etc.) que permite qualificar com mais eficácia o/a jovem valenciano/a.
  5. Lutar para que Valença seja realmente um pólo universitário. Implantação dos campi da Universidade Federal do Recôncavo Baiano e da Universidade Federal do Sul Baiano e fortalecimento do campus XV (Valença) da Universidade do Estado da Bahia. Apoio aos Institutos Federais instalados em nossa cidade.
  6. A garantia da manutenção da Casa do Estudante Valenciano nos diversos centros universitários do Estado, com mecanismos que garantam a sua ocupação e funcionamento de forma democrática e transparente, que atenda a necessidade do/as jovens estudantes os quais não disponham de condições para sua manutenção longe dos seus lares durante seus estudos.
  7. Trazer para a o município de Valença mais pontos de cultura. Criação e Regulamentação do direito da meia-entrada para todos os jovens menores de 30 anos.  
  8. Políticas de incentivo ao desenvolvimento dos talentos locais, tanto no campo esportivo, como no das ciências e das artes. Implantação de cursos livres de artes (música, dança, teatro, circo, etc), que visem à qualificação do jovem artista.
  9. Melhorais no mercado de trabalho para que esses jovens possam ingressar de forma digna no mundo produtivo. 
  10. Políticas públicas de saúde realmente voltadas para a juventude. Um atendimento diferenciado para o jovem na saúde mental, compreendendo que a juventude possui um perfil específico e que precisa ser considerado na hora do atendimento e que permita um tratamento digno e respeitoso para com o paciente.
  11. Pensar a saúde sexual do jovem com seriedade, permitindo que nós possamos vivenciar a nossa sexualidade de forma saudável e responsável.
  12. Que o poder publico reconheça que a dependência química na juventude não é só uma questão de policia, mas também é um problema de saúde publica e que e preciso um tratamento mais humanizado e preventivo.


Acreditamos que, com a união de toda a juventude valenciana, possamos dar a esta cidade uma nova cara, com respeito à identidade do nosso povo e, ao mesmo tempo, contribua para o seu progresso. Durante anos, nossa voz foi sufocada. É a hora de aquecermos nossas gargantas e libertar nosso grito de indignação e as nossas idéias. Desejamos uma cidade mais justa, igual e fraterna, com o direito de ir e vir plenamente assegurado, permitindo que nós possamos ser REALMENTE o futuro e o presente de nossa nação. Mais do que isso, queremos mostrar que, com uma juventude unida, outra Valença é possível!


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