Sua Majestade, O Bardo

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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

domingo, 31 de janeiro de 2010

minha lista de livros indispensaveis


Talvez uma das coisas mais comuns que alguém pode fazer é uma lista de discos, flimes ou livros prediletos. Regularmente uma lista das 10, 50 ou 100 mais ou obras essenciais aparece nos meios de comunicação, quase como uma matéria-coringa. Seja por ocasião de uma data (dia do rock ou final de década), seja por uma decisão editorial (a próxima edição é temática, por exemplo, sobre literatura feminina); a matéria aparece lá.

Há quem vê estas listas como referências sagradas (principalmente se chancelada de um órgão importante, como a revista Carta-Capital ou o suplimento literário do The Times) - se é, então é e não há como negar. Há quem vê com ironia e leveza - principalmente quando a lista não confere com o gosto de quem a lê. Na verdade, listas são subjectivas, por mais que se tente usar critérios duros e objectivos. Quando muito, serve para perceber tendências ou o gosto pessoal de quem a fez.

Deste modo, a lista que eu irei postar agora não pretende ser uma lista definitiva, que procure a ser a verdade do universo ou inquestionável. Apenas uma lista comentada de alguns livros que li e nada mais. Caso alguém resolver ler algum dos livros listados, bem, boa leitura!

01) Códigos do Silêncio e Decifração de Abismos (José Inácio V. de Melo)
A poesia de Zé Inácio traz um jogo interessante: ao mesmo tempo que ela fala da vivência dele, de sertanejo acostumado com a lide do gado no meio do mandacaru; também possui a vocação dos grandes mestres da literatura em falar de sentimentos universais. Na poesia, não é raro ver Homero e Rilke procurando sombra debaixo de uma juazeiro, enquanto Lampião e Corisco derrubam as muralhas de Tróia com suas peixeiras em punhos, lutando contra Gregos e Troianos. Falando assim rapidamente, não sei se expresso corretamente a poesia dele. Mas a poesia de Zé Inácio me é fascinante, por isso eu recomendo a leitura.

2) Fausto (Goëthe)
Fausto é o apelo universal do ser humano que procura superar sua existência, não se importando com os riscos. E se essa superação tiver na sabedoria como foco, o ser humano estará livre para atingir sua plenitude. Essa parece ser a mensagem que esta obra-prima nos passa. Gosto deste livro por Goëthe entendeu (na minha visão) o verdadeiro sentido do mito. Dr. Fausto procura a sabedoria na sua plenitude. E para isso, ele precisava transcender o horizonte fechado do senso-comum e o conhecimento institucionalizado e instrumental (o "quarto gótico" onde ele se encontra no início do livro). Ele quer ir mais além, para tanto, ousar até fazer um pacto com Mefistófeles (o proibido, o heterodoxo, o novo). Só que Fausto não desvia de intenção inicial, a despeito das armadilhas do diabo. Por isso que Fausto alcança o paraíso no final. A verdadeiro problema que Goëthe coloca não o ser humano fazer o pacto com o demônio na procura da sabedoria, mas se o ser humano se deixa ludibriar por falsas promessas. Não é a-tóa que Otto Maria Carpeaux compara "Fausto" a "Divina Comédia", como os poemas da caminho do homem em superar sua existência.Vale a pena sua leitura. Dentre as tradução, indico a de Janin Kablin Segal, lançada pela Ediora Vila Rica.

3) Sofrimentos do Jovem Werther (Goëthe)
"Werther" foi o livro da minha adolescência. Por isso que, juntamente com "Fausto", não resistir e comprei quatro edições diferentes desta obra. Primeiro grande sucesso de Goëthe (baseado em experiências pessoais do autor), "Werther" é o espírito romântico e sensível que não se deixa seduzir pela mediocridade. É um eterno inconformado, que não se contenta com o senso-comum alienante. Sua paixão extrema por Charlotte é a parte mais visível de sua alma, que prefere passear sozinho nas colinas para ler seus poetas (Homero, e depois Ossian) a ficar em conversas vazias sobre amenidades domésticas. Seu final trágico, longe de ser uma derrota, é a reafirmação de alguém que nega veementemente o conformismo e alienação da sociedade burguesa. Ainda hoje é um livro que reverbera em mim e indico como leitura essencial - principalmente para os jovens. Indico as edições da Martin Fontes e da L&PM, por conter informações extra sobre a obra.

4) Mensagem (Fernando Pessoa)
Foi o primeiro livro de poemas que li na minha vida. E tive sorte de ler um dos mais ricos livros da poesia lusófona. "Mensagem" foi o único livro em português que Pessoa publicou em vida, para participar de um concurso. E nele é recontada a história das navegações portuguesas como uma aventura universal do ser humano. E ao confrontar o passado como presente, Pessoa encontra na Tradição a esperança para o futuro. Mesmo que a maioria dos grandes poemas (como "Tabacaria", "Ode Triunfal", "Poema em Linha Recta", "O menino de tua mãe" e "Não digas nada") de Pessoa não estejam neste livro, "Mensagem" possui muitos dos poemas essenciais da língua portuguesa (como "Mar Português", "A Última Nau" e "Dom Sebastião"). Lê-lo e Relê-lo é sempre um prazer.

5) Delta de Vênus & Pequenos Pássaros (Anaïs Nin)
Ao dizer que a minha monografia de graduação aborda um dos contos eróticos de Anaïs Nin já esclareço o quanto eu gosto deles. Anaïs Nin escreveu diários, ensaios e ficção. E é nos diários e na ficção que dosou muito bem o erotismo, mas escrito numa perspectiva feminina. Os dois livros citados são de contos e estão disponíveis pela L&PM Editora. Quem quiser uma boa história sem moralismo, estes livros são indicados.

6) Rubáiyát (Omar Khayyam)
Há quem pense que os poema de Khayyam são sobre sobre vinhos e orgias. E uma leitura desatentas das traduções Fiztgerald e Toussaint podem realmente levar ao equívoco. Mas estes poemas persas medievais não teriam alcançado a imortalidade se falassem apenas de vinho e orgias. Khayyam se tornar um existencialista avant-à-lettre, ao indagar o sentido da vida, quando a mesma se parece efêmera e absurda. O embriaguez provocada pelo vinho é o contraponto de que o homem é efêmero e feito da mesma matéria da poeira, diante da indiferença de Allah. Das edições que eu tenho, a da Ediouro (feita a partir da célebre tradução de Manuel Bandeira) é a com melhor acabamento, praticamente uma obra de arte. A da Martim Claret diz sua tradução foi feita diretamente do persa, destoando em muito da de Manuel Bandeira. Contudo, minha predileta é a edição portuguêsa da Moraes Edições. De leitura mais agradável e leve, procurou se um resumo das traduções canônicas de Fiztgerald, Toussaint, Bandeira e Tarquínio.

7) 20.000 Léguas Submarinas (Jules Verne)
Júlio Verne foi o autor da minha infância. Era o "cara" que soube antecipar as descoberta do futuro ao mesmo que escreveu aventuras perenes. Desta, as "20.000 Léguas Submarinas" são a que mais gostei. E como não se deliciar pela viagem que Prof. Arounax faz em um submarino elétrico no meado do século XIX, com o misterioso Capitão Nemo? Viajar por Vanikoro, Túnel Arábico, Pólo Sul e Atlântida; enfrentar Lulas gigantescas e tentar encontrar a verdadeira liberdade? Das edições em português, eu indico da Martim Claret, por ser a mais completa e próxima do origianl.

8) Manifesto Comunista (Marx & Engels)
Não minto em dizer que este é meu livro de filosofia predileto. Apesar de curto e escrito a mais de 150 anos, ele continua atual no apelo que faz aos seres humanos para lutarem por um mundo melhor. Escrito como peça de propaganda, o "Manifesto", ao esclarecer o mecanismo que rege a história e indicar ao oprimidos uma alternativa de sociedade. Das várias edições, a lançada conjuntamente pela editoras Boitempo e Fundação Perseu Abramo traz vários ensaios, comentando o texto. Quanto a tradução da L&PM, traz também o livro "Crítica ao Programa de Gotha", em que Marx reafirma suas idéias ao critica o novo programa do SDP alemão. Tenho curiosidade de ler a edição da Martim Claret, também com outros textos em apêndices...

9) Estrelas no Lago (Ricardo Vidal)
Ok! Admito que coloco o meu livro aqui como uma espécie de brincadeira e merchandising. Mas, seu não considerar meu livro bom e indicá-lo para leitura, quem mais faria? Quem quiser, escrever para mim: cve_livros@hotmail.com

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Biblioteca do Bardo Celta (Leituras recomendadas)

  • Revista Iararana
  • Valenciando (antologia)
  • Valença: dos primódios a contemporaneidade (Edgard Oliveira)
  • A Sombra da Guerra (Augusto César Moutinho)
  • Coração na Boca (Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo)
  • Pelo Amor... Pela Vida! (Mustafá Rosemberg de Souza)
  • Veredas do Amor (Ângelo Paraíso Martins)
  • Tinharé (Oscar Pinheiro)
  • Da Natureza e Limites do Poder Moderador (Conselheiro Zacarias de Gois e Vasconcelos)
  • Outras Moradas (Antologia)
  • Lunaris (Carlos Ribeiro)
  • Códigos do Silêncio (José Inácio V. de Melo)
  • Decifração de Abismos (José Inácio V. de Melo)
  • Microafetos (Wladimir Cazé)
  • Textorama (Patrick Brock)
  • Cantar de Mio Cid (Anônimo)
  • Fausto (Goëthe)
  • Sofrimentos do Jovem Werther (Goëthe)
  • Bhagavad Gita (Anônimo)
  • Mensagem (Fernando Pessoa)
  • Noite na Taverna/Macário (Álvares de Azevedo)
  • A Casa do Incesto (Anaïs Nin)
  • Delta de Vênus (Anaïs Nin)
  • Uma Espiã na Casa do Amor (Anaïs Nin)
  • Henry & June (Anaïs Nin)
  • Fire (Anaïs Nin)
  • Rubáiyát (Omar Khayyam)
  • 20.000 Léguas Submarinas (Jules Verne)
  • A Volta ao Mundo em 80 Dias (Jules Verne)
  • Manifesto Comunista (Marx & Engels)
  • Assim Falou Zaratustra (Nietzsche)
  • O Anticristo (Nietzsche)