Balada para o Progresso de Valença
Valença, 09 de fevereiro de 2005 (02h33)
Valença, amo-te como mãe e amante
E em teu seio quero fecundar glórias.
E por amá-la desesperadamente,
Insurjo-me contra tuas mazelas.
Como pode uma cidade rainha
Ver teus filhos imersos no mangue
Da miséria e da ignorância?
Como pode uma cidade pioneira
Na industria e no progresso
Estar assim tão pobre, sem futuro?
Como pode uma natureza tão exuberante
Ser depredada e mal gerida,
Ver seus frutos apodrecerem
Por falta de oportunidade?
Como pode um passado tão singular
Ser olvidado e descartado como lixo?
Como pode uma Níobe de pensadores
Visionários ver nascer agora
Uma geração bastarda incapaz de olhar
Para ti, minha mãe, e nada fazerem
Para que brilhes mais uma vez
Na constelação brasileira?
Por isso que pena se faz de flagelo
E açoita tuas mazelas e descaminhos,
Pois não posso –sem lágrimas nascer–
Ver a cidade em que nasci e sempre amei,
Ver tuas glórias e prosperidade
Esvair na cauda do rio Una
E dissiparem-se no Mar do Esquecimento
E no deserto inclemente da Eternidade.
Valença, meu amor violentado,
Reaja de tua inércia e do teu letargo,
Refloresça tuas flores e veja teus frutos
Romperem a aurora e ganhar o Futuro
Com suas garras e sua astúcia.
Pois uma cidade tão doce e bela,
Formosa como uma Deusa Hindu,
Fecunda como a Esperança,
Não pode nem deve ser mal cuidada…