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Valença, Bahia, Brazil
Escritor, autor do livro "Estrelas no Lago" (Salvador: Cia Valença Editorial, 2004) e coautor de "4 Ases e 1 Coringa" (Valença: Prisma, 2014). Graduado em Letras/Inglês pela UNEB Falando de mim em outra forma: "Aspetti, signorina, le diro con due parole chi son, Chi son, e che faccio, come vivo, vuole? Chi son? chi son? son un poeta. Che cosa faccio? scrivo. e come vivo? vivo."

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

O Retorno Econômico das Faculdades para Valença - Artigo

O Retorno Econômico das Faculdades para Valença

O último decênio se caracterizou no estado da Bahia pela expansão do ensino superior. Isso se refletiu em Valença, que deixou de ser uma mera exportadora de estudantes (cérebros) para ser uma cidade que conta com três instituições: Um “campus” da Universidade de Estado da Bahia (UNEB), a Faculdade de Ciências Educacionais (FACE) e a Faculdade Zacarias de Góis (FAZAG); além de lutar pela instalação do Centro de Pesquisas Costeiras, “campus” da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). Com o aumento da possibilidade de Valença se tornar um pólo universitário, abri-se uma nova alternativa para o crescimento da economia local.

A vinda da UFRB para nossa cidade consolidará a posição de sermos centro de atração de estudantes, professores e pesquisadores. E junto com a fauna acadêmica vem oportunidade de divisas, emprego e renda para a população valenciana, através dos serviços de apoio aos estudantes, do turismo de eventos e na pesquisa e produção de conhecimento.

O campo de serviços de apoio aos estudantes é um dos mais promissores e de retorno econômico imediato. O estudante universitário, já por definição, um jovem que acabou de sair da casa dos pais para começar uma vida mais independente, precisa de teto para se abrigar – lucra o setor imobiliário e a construção civil. Este mesmo estudante também necessita se alimentar, de um lugar onde possa pelo menos fazer algumas das refeições diárias – lucra a agricultura (setor de hortifrutigranjeiros), lanchonetes e restaurantes. Estudantes e professores necessitam comprar material didático (por exemplo, livros, cadernos e disquetes) e serviços de apoio ao estudo (como impressão, acesso à internet e aluguel de equipamentos) – lucram o comércio e loja de serviços, a exemplo dos cybercafés, copiadoras e locadoras de DVD. Finalmente, estudantes, professores e funcionários necessitam de lazer, algo que possa ocupar o tempo ocioso – lucram os bares, os artistas (que poderão se apresentar para um público mais refinando), boates e produtoras de eventos como shows, peças e festivais. Claro que estes são os serviços de consumo diário, pois além desse há os voltados para formatura, como fotógrafos, programação visual para convites, produção de festas, filmagem e roupas. O crescimento na demanda por imóveis e alimentação foi sentido em Feira de Santana, com a vinda da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), em que o bairro que circunda a instituição viu a proliferação de kitchenettes, restaurantes e lanchonetes. Da mesma forma que famosa Livraria Progresso, situada na Praça da Sé, só pode florescer e deixar marcas na cultura baiana (como a edição de livros) por causa da proximidade com a veneranda Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus – semente da UFBA e de todo o ensino superior do Brasil.

Se estas oportunidades já seriam o suficiente para crescer o olho e a ânsia para instalação de mais faculdades em Valença, é porque não foi analisado ainda o impacto no setor de turismo. Este setor lucrará bastante com os eventos acadêmicos. A necessidade que os estabelecimentos de ensino superior têm de intercâmbios com outras instituições e divulgação de suas pesquisas faz com a realização de congressos, encontros temáticos e seminários sejam uma constante na vida acadêmica. Logo, a malha hoteleira e turística da cidade é acionada com a chegada de um público seleto, presente em qualquer estação do ano e que além de participar dos eventos também quer se divertir. Aliás, um exemplo disso nossa cidade de Valença experimentou no início de setembro de 2006, quando a FAZAG promoveu um evento com a participação de estudantes de outras cidades. Além da ocupação de leitos de hotel fora da alta estação, a cidade ganhou com a venda de comida, bebida e oferta de divertimentos para estes professores e estudantes. Ao invés da cidade ficar refém do turismo de veraneio (restrito aos meses de verão e dependentes do bom tempo), o turismo de eventos acadêmicos ocorre todo o ano, não dependente do clima e ainda pode impulsionar outros tipos de turismo, como o histórico-cultural, rico manancial que ainda não foi devidamente descoberto em nossa cidade.

Finalmente, outra oportunidade de lucro para Valença é de se tornar um centro produtor de conhecimento. A sociedade contemporânea elegeu como uma de suas mais caras, importantes e estratégicas mercadorias o saber e a tecnologia. Algo que possa se produzir mais, com qualidade e com menor custo. E as universidades e faculdades são por excelências os centros de produção de conhecimento, de desenvolvimento tecnológico e de descobertas científicas. Além do emprego para os auxiliares na realização das pesquisas, os “royalties” oriundos das patentes revertem para o município na forma de impostos e taxas.

Este retorno a nossa cidade já recebeu, ainda que de forma incipiente, com as três instituições já existentes. Contudo, a vinda de um campus de uma universidade federal, como a UFRB, muito mais que prestígio, consolidará Valença como um forte pólo universitário do interior e poderá incentivar tanto a atração de outras instituições de ensino superior (quer privadas, quer públicas), como a ampliação das já existentes, com a instalação de novos cursos, como Letras, Enfermagem e Engenharias.

O nosso povo, intuindo isso, já se mobilizou para a instalação imediata do campus da UFRB, como mostra as matérias que saíram nos jornais da terra nos últimos meses. A prefeitura, principal beneficiária com a arrecadação de impostos e taxas, deveria não só adiantar suas obrigações para a construção do campus da Universidade Federal do Recôncavo Baiano como criar as condições para que os setores de habitação, comércio, turismo e serviços voltados para o público acadêmico possam se desenvolver na nossa cidade, de forma ordenada.

Não nos enganemos. A vinda da UFRB não significará apenas a vinda de mais estudantes para Valença. Significa também a vinda de futuro, dinheiro, emprego e oportunidades para quem souber aproveitar. Basta o atual governo municipal fazer sua parte que o nosso povo fará a sua.

Bibliografia
FORUM da UFRB. Baixo sul unido para a implantação do campus. Valença Agora. Valença. 14-fev. a 21-fev. 2007.p. 04.
AUDIÊNCIA pró campus da UFRB tem participação maciça da população. Valença Agora. Valença, 28-mar. a 074-abr. 2007. p. 06-07.
UNIVERSIDADE federal do recôncavo – afinal o povo acordou. O Farol. Morro de São Paulo e Valença. Jan. 2007. p. 06
AUDIÊNCIA une a região em torno da UFRB. Costa do Dendê. Valença, Fev/Mar. 2007. p. 03
MARTINIANO continua lutando pela vinda da UFRB. Rolando na Orla. Valença. Jan. 2007. p. 19
CENTRO de pesquisas costeiras é criada na cidade de Valença. Rolando na Orla. Valença, fev.2007. p. 07

Salvador, 15 de novembro de 2007. 05h02 AM

Ricardo Vidal, 29 anos, escritor. Autor do livro “Estrelas no Lago”. Participou de várias antologias e foi menção honrosa nos concursos de poesia da revista Iararana (2002) e da ALER (2005). Fundador e ex-diretor da UMES-Valença (1994-1996). Estuda Letras/Inglês na UNEB-Salvador. Blog: www.bardocelta.blogspot.com. E-mail: cve_livros@hotmail.com

Disponível no site do Valença Agora: http://www.valencaagora.com/x/b/bs.php?bl=1&menu=398

Um comentário:

Angelo Martins disse...

Poeta Ricardo Vidal,

Concordo com o que você escreveu a respeito da vinda de um Campus da Universidade Federal do Recôncavo para Valença. Infelizmente, falta vontade política, mas não devewmos desistir desta prioridade para qualquer setor da vida humana, que é a educação.
Aproveito o ensejo para me solidarizar com tão brilhante esplanação.
Abraços,
Angelo Martins

Biblioteca do Bardo Celta (Leituras recomendadas)

  • Revista Iararana
  • Valenciando (antologia)
  • Valença: dos primódios a contemporaneidade (Edgard Oliveira)
  • A Sombra da Guerra (Augusto César Moutinho)
  • Coração na Boca (Rosângela Góes de Queiroz Figueiredo)
  • Pelo Amor... Pela Vida! (Mustafá Rosemberg de Souza)
  • Veredas do Amor (Ângelo Paraíso Martins)
  • Tinharé (Oscar Pinheiro)
  • Da Natureza e Limites do Poder Moderador (Conselheiro Zacarias de Gois e Vasconcelos)
  • Outras Moradas (Antologia)
  • Lunaris (Carlos Ribeiro)
  • Códigos do Silêncio (José Inácio V. de Melo)
  • Decifração de Abismos (José Inácio V. de Melo)
  • Microafetos (Wladimir Cazé)
  • Textorama (Patrick Brock)
  • Cantar de Mio Cid (Anônimo)
  • Fausto (Goëthe)
  • Sofrimentos do Jovem Werther (Goëthe)
  • Bhagavad Gita (Anônimo)
  • Mensagem (Fernando Pessoa)
  • Noite na Taverna/Macário (Álvares de Azevedo)
  • A Casa do Incesto (Anaïs Nin)
  • Delta de Vênus (Anaïs Nin)
  • Uma Espiã na Casa do Amor (Anaïs Nin)
  • Henry & June (Anaïs Nin)
  • Fire (Anaïs Nin)
  • Rubáiyát (Omar Khayyam)
  • 20.000 Léguas Submarinas (Jules Verne)
  • A Volta ao Mundo em 80 Dias (Jules Verne)
  • Manifesto Comunista (Marx & Engels)
  • Assim Falou Zaratustra (Nietzsche)
  • O Anticristo (Nietzsche)