Canção para Gliese 581c
Salvador; 29 de fevereiro de 2008. (03h26)
Quem ouviu na janela das estrelas
Esta canção de uma irmã desconhecida?
Não sei o rosto nem se o perfume de suas planícies.
Mas é ali, numa esquina depois de Antares,
Entre os raios de Aldebaran e das Plêiades,
Escondidas nos pratos de Libra
Que há uma sinfonia que eu ainda não ouvi
Dizem é que é uma irmã perdida,
Irmã ignota igualzinho a ti, planeta Terra.
Um gêmeo distante,
Pequena pérola errante num mar de estrelas.
Com certeza num verei este paraíso,
Mas creio que lá pode ser feliz.
Não sei dos ventos ou se há uma falésia de granito,
Contudo imagino que seus dias passem
Tranqüilos como uma gravura de Hokusai
Pode ser que os céus tenham outras cores
Ou outras plantas feitas de silício ou cobalto
Surjam ali neste jardim estelar, como poemas ao vento.
Pode ser que o caldo da vida ainda esteja cozinhando
E assim veríamos o milagre da criação
Dar seu primeiro passo na estrada de Darwin.
Pode ser que neve traga paz na solidão cósmica
De uma aurora vermelha, aurora fria, aurora desconhecida.
Pode ser uma Shangri-lá sideral a espera de um aceno,
De um afago, de um sonhador que a colonize
Com sonhos e utopias e desejos e fantasias.
E enquanto não aparece um Magalhães espaçonauta que o circunavegue,
Estarei aqui, Gliese 581c, a esperar que sua sonata planetária
Diga-me algo das harmonias pitagóricas das esperas…
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