Província
(para o colega Amil Lima)
Valença; 31 de dezembro de 2007
Era uma cidade interiorana, mas antenada:
Os pais jogavam paciência no computador;
As mães assistiam “Big Brother Brasil”
E outros reality-shows;
As crianças brincavam de Traficante
E Tropa de Elite nas calçadas;
Os brotos, irados, tunavam os carangos
Para ficarem mais velozes e mais furiosos;
As cocotas eram garotas papo-firmes
Que se vestiam a la Carla Perez e Wanderléia.
Os jovens dançavam freneicamente Arrocha,
Jovem Guarda, Funk carioca e Pagode.
Os intelectuais (muitos sabidos por sinal)
Liam avidamente Paulo Coelho e Dan Brown
(Embora continuassem escandalizados com a pedra no meio do caminho);
Os marmiteiros comiam X–alguma coisa
No comida–a–quilo da praça
E bebiam a nova cerveja da Televisão.
Quando um moço cosmopolita perguntou
Se havia naquela cidade progressista e antenada,
Um pub que tocasse Madredeus e servisse Dry-Martini,
O povo de lá o chamou de tabaréu démondè…
Nenhum comentário:
Postar um comentário